capítulo quinze

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Por um momento específico, eu me senti presa dentro de uma cena que alguma vez já aconteceu, como se o tempo insistisse em voltar toda vez que penso que a loucura de uma pessoa não pode ser superada por nada ou ninguém, mas depois de todas as experiências momentâneas que passei com rapaz de olhos verdes, percebi que a loucura de uma pessoa só pode ser superada por sua própria loucura. Eu o encarei por alguns segundos mais uma vez sem ter ideia alguma do que dizer, abrindo a boca algumas vezes à medida que procurava as palavras certas para expressar o quanto aquilo era errado por um lado, mas ao mesmo tempo a ideia parecia totalmente tentadora. Deixar de morar nesse lado tão distante de tudo o que é mais importante no meu dia a dia, diminuindo meus gastos e ainda me livrando da horrível colega de apartamentos que eu tenho; pensando por esse lado parece fazer sentindo e ser a melhor opção no momento, se a proposta não tivesse vindo da parte de Harry.




Só de imaginar a minha pessoa convivendo dia após dia até me formar na universidade me assusta completamente, por pensar na perda por parte da minha privacidade e também nas minhas manias estranhas e incuráveis que talvez jamais se encaixariam com as manias incuráveis dele. E, mesmo que eu tente negar para mim mesma de todas as formas, eu não tenho total certeza de que resistiria em viver com o rapaz sem que nos envolvamos em algo além de uma relação de chefe e sua empregada, que conta histórias sensuais que ele mesmo escreve todas as noites. Apesar de tudo, é impossível que eu negue para qualquer pessoa que não me sinta atraída por Harry. Ele é como a mistura mais caótica das minhas fraquezas, os olhos claros, o sorriso e principalmente o jeito irônico e confiante, que o deixa ainda mais atraente no meu ponto de vista.



Eu tentava não encará-lo naquele momento, ainda sem ter ideia alguma do que dizer caso nossos olhares se encontrassem, com medo do que poderia vir acontecer a seguir dependendo da minha respostas, e principalmente com medo de surtar novamente e xingar o rapaz de olhos verdes de qualquer nome pobre que apareça à minha mente. Mesmo que já soubesse exatamente o que iria responder, eu ainda não sabia como dizer, não havia encontrado as palavras certas para descrever com total clareza que aquilo jamais aconteceria; e depois de pensar muito em busca das palavras perfeitas, eu finalmente encontrei o que achei que seria ideal para ser dito naquela situação. O silêncio ainda predominava no carro e quando me dei conta já estávamos estacionados na frente da pequena construção onde eu morava. A rua estava praticamente deserta e eu mesmo tinha consciência de que poderíamos facilmente ser assaltados a essa hora da noite, porém, apesar de tudo, aquela era a minha menor preocupação.


"Harry, eu não quero discutir com você sobre a sua loucura, de novo. Mas como você tem a coragem de fazer tantas propostas estranhas desse jeito? Costuma praticar as perguntas estranhas que vai fazer para quem você mal conhece ou é apenas algo espontâneo?" Perguntei com uma certa ironia no meu tom de voz, me segurando para não dizer nada além do que havia planejado, me controlando para não perder o controle. "Sinceramente, não faz o menor sentindo essa pergunta, você sabe que eu não vou aceitar. Morar com você? Acha mesmo que isso daria certo? Você mal me conhece!" Resmunguei, voltando a respirar profundamente enquanto me calava para tentar extrair alguma resposta dele.


"Rosie, não pense que eu estou pensando na parte sexual de tudo isso. Estou pensando na parte profissional. Pense em como vai ser mais fácil e prático se você viver no mesmo lugar que trabalha, além de ficar perto dos melhores e mais práticos lugares de Nova York, ainda fica perto de grandes livrarias e da sua universidade. E você pode se livrar do seu aluguel e da sua colega de apartamento que claramente não você não suporta." Ele tentou justificar seu convite, mas suas palavras sinceras pareceram só piorar a situação.


"Parte sexual? Eu não falei absolutamente nada sobre isso, Harry. Nem mesmo sobre a parte profissional." Disse eu já começando a me irritar com o jeito do de olhos verdes, motivando a mim mesma para continuar calma e não alterar ainda mais o meu tom de voz. "Há quanto tempo nos conhecemos? Uma semana? Até menos do que isso? Mal nos conhecemos Harry, você pode não saber ao certo quem eu sou da mesma forma que eu não sei quem você é. Parece tão obcecado por mim que posso pensar que você é alguma tipo de serial killer tentando fisgar sua próxima vítima." Desabafei o máximo que consegui, sentindo um grande alívio ao dizer parte das coisas que se passavam pela minha mente sem gritar ou xingar o rapaz ao meu lado. Por alguns certos minutos, o silêncio voltou a predominar dentro do carro, e quando eu finalmente olhei para o lado, me deparei com uma pessoa calada e pensativa que encarava a rua deserta, com as mãos apertando o banco de couro do carro enquanto sua língua umedecia seus lábios ressecados. "Se não for dizer nada, eu acho que eu já posso ir embora." Ameacei sair do carro, mas fui impedida por Harry mesmo antes de concluir minha frase.


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