Capitulo 02

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Ele me deixou chorar até parar, quando enfim terminei com o meu momento de fraqueza extrema, me desvencilhei dos seus braços e dei alguns passos para trás, ainda fugando. Eu nunca tinha chorado na frente de ninguém, nem no dia do enterro, eu fiquei ali, com os olhos vidrados, ardendo, mas não chorei. Mas foi só Li falar algumas coisas sobre os meus irmãos eu me acabei em choro.

- Desculpa - Disse em um fiapo de voz, depois desse choro parecia que eu estava mais cansado, meus braços estavam pesando uma tonelada cada um, minhas pálpebras pareciam feitas de chumbo, tinha que usar toda a minha força de vontade para me manter acordado. Estava cansado elevado ao cansaço.

- Não precisa se desculpar - Ele disse, sua voz gentil e doce. Olhei para a sua camisa através dos meus olhos semicerrados devido ao cansaço e vi o estrago que tinha feito. Seu terno que, supus eu, deveria custar uma fortuna estava todo abarrotado e manchado onde eu apoiei minha cabeça e chorado. Me senti mais culpado e envergonhado. - Você devia estar me dando uma bronca.

- Por que? - Eu perguntei, incredulidade tingindo o meu tom de voz. Como eu poderia ficar bravo com Li? Alias, como eu poderia ficar bravo com alguém? As pessoas podiam ficar bravas comigo, não o contrario - Você que deveria brigar comigo por eu ter arruinado o seu terno.

- Essa coisa velha? - Ele pegou no tecido e acariciou a parte onde apoie a cabeça, outra onda de cansaço passou por mim e isso exigiu um esforço hercúleo para eu não cair desmaiado no chão - Você que deveria me bater, afinal eu chamei você de deplorável e tudo mais.

Ele riu e eu também, olhei para os meus braços. Eu não era precisamente um desnutrido, eu tinha uma estrutura muscular boa. Nada exagerado, apenas normal, até tinha uns mínimos músculos. Mas nem se comparavam com os de Li, mesmo usando todas aquelas camadas de tecidos seu peitoral poderoso subia e descia inexoravelmente, ameaçando rasgar o tecido. Ele estava tentando aliviar o clima triste que tinha se estalado ali.

- Eu não ligo - Disse e vi quando o seu sorriso de divertimento desapareceu assim que eu continuei - Eu mesmo me considero deplorável.

Ele estava a centímetros de mim em segundos. Seu belo rosto asiático transformado em uma mascara de fúria. Ele segurou nos meus ombros e quando falou novamente sua voz estava mortalmente calma, mas nessa calma toda estava a raiva, fria e dura raiva.

- Nunca mais fale isso na minha frente - Ele disse - Não se menospreze, você é lindo. Em todos os sentidos, diga-se de passagem, então se você gosta realmente de mim, nunca mais repita isso.

- Claro - Disse, eu nunca tinha visto Li agir daquele jeito, ele estava tão preocupado comigo de uns tempos para cá, sempre querendo saber onde eu estava, o que eu estava fazendo e quando ia terminar. Uma semana para cá ele vinha falando apenas barbaridades sobre os meus irmãos. Passei meus braços pela cintura dele e enterrei meu rosto no seu peito largo e me senti compelido a dizer: - Desculpa.

Ele continuou a me abraçar, acho que adormeci por um momento, por que quando voltei a consciência eu estava nos braços de Li, aninhado contra o seu pescoço como uma criança pequena, queria ficar ali, nos braços quentes de meu amigo, mas não poderia. Tinha que voltar ao trabalho.

- Li, eu tenho trabalho - Já estava desperto, olhei para o meu relógio de pulso que eu tinha desde os meus 16 anos e vi que ainda faltavam 3 horas para o meu horário de trabalho acabar. - Você pode me colocar no chão.

- Não - Ele respondeu, me segurou mais forte contra o seu corpo e por um breve segundo me perguntei por que era tão bom ficar nos seus braços. Mas tão rápido quanto veio, se foi. - Você esta quase desmaiando de cansaço, vou levar você para casa e sair de lá só depois que você já estiver dormindo.

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