Capitulo 29

4K 458 65
                                    

Nem tudo que reluz é ouro. Nunca pensei que uma analogia tão simples e tosca como essa pudesse ser um resumo de vida. Não da minha, é claro! Mas a vida de Li. O cara que eu me enganou de todas as maneiras possíveis. Eu já não sabia mais o que fazer para não ficar com cara de tapado quando eu via Li e Chin passarem no corredor de mão dadas, rindo juntos ou compartilhando segredo. E sempre ficava me perguntado se era assim que eu me comportava do lado dele, eu via a maneira como os olhos de Chin brilhavam quando ele via um minúsculo vestígio de sorriso de Li, via como ele fazia quase tudo para ele quase como um pagão adorando seu deus. Deveria ser assim que eu me comportava perto dele, tão embasbacado por todo aquele esplendor exterior que ficava quase impossível ver toda a podridão e a rede de mentiras que ele era por dentro. E por alguns instantes quando eu via Chin correndo atrás do deus asiático como um cachorrinho eu desejava que ele não fosse igual a mim, que não fosse tão fraco, tão facilmente manipulado como um boneco de cordas. Mas o que eu queria disser mesmo quando eu pensava nisso era que ele não fosse como eu. Nunca.

E isso não era tudo, se já não bastasse ver aquele espetáculo Li e Chin todo santo dia nos corredores da faculdade e me senti apiedado de Chin, toda a faculdade agora caiu em cima de mim da pior maneira possível. Agora a maioria da faculdade me xingava de babacão e coisa pior, no dia seguinte a revelação que Li era um tremendo mentiroso eu não fui poupado, tive que me segurar muito para não cair no choro ou não sair correndo daquela maldita faculdade. Quando o ultimo sinal da ultima aula tocou eu praticamente corri porta afora, mas antes eu consegui ver o sorriso de puro escarnio de Li e isso foi o máximo que eu consegui aguentar. Chorei ali mesmo, na porta da sala, com todos vendo.

Depois disso eu quase não dormia, fritava na cama a noite toda tentando achar uma conclusão do por que eu fui tão burro e tão cego por não ter visto que Li era de verdade, por mais que eu tentasse achar esse resposta eu não conseguia. Não conseguia mesmo. E em uma dessas noites mal dormidas eu vi o anel que ele me deu no dia do meu aniversario, no dia que nós transamos pela primeira vez, no dia que eu achei que finalmente poderia ser feliz. Lentamente deslizei o fino metal anelado pelo meu dedo e colocando em uma posição favorável a minha vista. Mais senti do que consegui ver a escrição que tinha na parte de dentro do anel, meus olhos imediatamente se encheram de lagrimas quando imagens daquela noite passavam pela minha mente. Já tinha prometido que não iria mais chorar por ele, mas não conseguia parar. Li estava mais presente na minha vida agora do que quando nós estávamos namorando.

Quem não estava muito presente era o Heitor. O meu amigo da academia, o cara que foi um segundo Li quando o primeiro não quis saber de mim. Estava com tanto medo que Heitor se mostrasse como Li, um cara tão duas caras que isso era um empecilho para eu não procurar ele. Em minhas noites de insônia eu cheguei a conclusão que se Li fez parte de um complô na faculdade só para me ver sofrer não seria nada difícil Heitor esta tramando com o pessoal da academia. Foi nessa mesma noite que eu fiz duas coisas da qual eu não me arrependi no momento, mas depois eu fiquei me perguntando se eu tivesse feito diferente eu estaria mais feliz.

A primeira foi a quebra do ultimo laço que Li tinha comigo. Me levantei da cama lentamente, o anel estava na palma de minha mão. inofensivo aparentemente para outra pessoa, mas super perigoso para mim. Meus passos nem faziam barulho quando tocavam no chão, a noite estava fria assim como a minha pele, mas mesmo assim não foi o suficiente para impedir que um arrepiou nojento descesse por minha espinha. A rua estava deserta, os únicos barulhos eram os zunidos de eletricidade dos fios elétricos e o barulho do vento. Antes de fazer o que eu estava mais do que disposto a fazer eu disse as palavras que estavam presas em minha garganta quando Li me contou que era um perfeito hipócrita.

- Por que? - Mesmo sussurrando a minha voz ecoou longamente por toda a rua vazia, transformando a minha voz rouca em um eco distorcido de mim mesmo - Por que fez isso? Eu te amava, amava como nunca amei ninguém. Por que?

AbrigoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum