O Holocausto

Capítulo 6

Naquele dia eu não tive ânimo para mais nada. Aquela comida horrível e em pouco quantidade que eles davam eu não comi, só ficava vendo aquela cena de minha mãe sendo assassinada na minha frente.
Na hora de dormir eu senti falta da minha mãe acariciando meu cabelo e dizendo que tudo ficaria bem. Então eu me lembrei de Kevin, da forma como ele me protegeu me segurando, porque ele sabia que se eu tentasse impedir eu acabaria morta. Então eu tive um cochilo e acordei com alguém me chamando, era Kevin.
- Shhhhh, não faça barulho, venha comigo. - Ele me ajudou a descer, pegou minha mão e me me conduziu para um lugar perto parede de uma sala totalmente fechada.
- Julia eu sinto muito por tudo que aconteceu hoje, ou melhor, ontem. - Ele me encarava
- Tudo bem, uma hora ou outra isso iria acontecer comigo ou com ela.
- Eu queria poder acabar com tudo isso, essa coisa horrível que eles fazem.
- Kevin, você é um soldado - eu respirei fundo - Você já matou algum deles que estão aqui ? - tentei ser o menos grossa possível.
- Não, e nunca farei isso, por falta de coragem e porque não sou igual eles - O jeito como ele me olhava me intimidava
- Que bom ouvir isso de você. - Dei um sorriso.
- É bom te ver sorrir sabia ? - Ele riu também.

Ficamos sentados no chão frio daquele lugar em silêncio até que ele perguntou.
- Está com frio ?
- Muito, respondi meio sem jeito.
Ele pegou uma coberta dentro de uma mala próximo a ele e jogou em cima de minhas pernas e me cobriu.
- Obrigada
- Não precisa agradecer, é o mínimo que eu posso fazer já que eu não posso te tirar daqui.
- Posso te perguntar uma coisa ? - Perguntei meio sem jeito
- Claro, pode perguntar qualquer coisa.
- Por que você está fazendo isso por mim. Me protegendo, me alimentando de falsas esperanças.
- Julia, quando você esbarrou em mim aquele dia, eu percebi que você era diferente de todas as outras meninas que já esbarraram em mim. Você pode pensar que é falsas esperanças por que eu sou o filho do comandante e você a judia, mas eu não ligo pra isso. Hoje meu pai me perguntou se eu queria " sair de vida " mas eu disse que não, porque eu quero ficar aqui para estar perto de você, proteger você, e eu te prometo que enquanto eu estiver aqui eu vou te proteger de tudo que eles quiserem fazer com você.
Quando ele terminou de falar eu não pude conter as lágrimas, ele segurou uma de minhas mãos e enxugou uma lágrima que caia e passou seu braço em volta de minhas costas, e aquilo me fez sentir uma sensação esquisita de proteção e afeto.
- Kevin, obrigada por tudo. Você é o meu anjo.
- Podemos ser mais que isso se você quiser.
Eu ri e ele também, e lá ficamos até ele me falar que já era hora de eu voltar. De baixo de uma asa de anjo, para o verdadeiro inferno.