Doce lar, doce Wendy

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Chegar a Londres foi fácil. Eu já sabia o caminho, e muito bem. Por mais que Stoybrooke fosse uma cidade maravilhosa e mágica (literalmente), Londres também tinha lá sua magia-e não há uma pessoa no mundo que possa negar isso. Eu parei em frente a minha casa. Ah, já estava com saudades, apesar de tudo.
Olhei pra janela lá em cima me lembrando quantas vezes fiquei ali, conversando com a sombra e pensando "Me leve pra Terra do Nunca, Peter". Tudo foi a tanto tempo e parecia tão pouco. Bati na porta. Eu sabia que não ia ter ninguém em casa (nenhuma pessoa, pelo menos), mas conhecia um bichinho que poderia facilmente abrir a porta pra mim.Ouvi o barulho e logo os brilhos nos olhos, ela pulou em cima de mim e quase me derrubou no chão.
-Também estava com saudades Naná!- tentei falar me esquivando das lambidas.
Percebi que ela ficou olhando, provavelmente procurando meus pais e os meninos, mas quando percebeu que era só eu mesmo, correu lá pra cima, como se me guiasse pra onde era meu lugar.
Cheguei no quarto. Tudo estava igual. Sentei na cama sentindo um ar de proteção. De casa.De lar. Como se eu ainda fosse a criancinha que uma noite maravilhosa resolveu se deixar guiar para a terra dos sonhos. Senti Naná subindo na cama, e comecei a acareciar a cabecinha dela. Não sei ao certo quanto tempo se passou e eu assim, mas só depois de dormir e acordar é que me veio o estalo e me lembrei porque estava ali. Eu precisava achar a chave do baú e descobrir como libertar Peter, sendo que se eu libertasse Peter libertaria a minha magia e não precisaria mais me preocupar em ser sugada prum submundo. Fácil.
Mas a se sensação foi rápida. Pode ser coisa da minha cabeça mas eu achava que algo da minha casa me fazia diferente, me fazia pensar de um jeito menos estratégico. Eu comecei a procurar a chave em lugares óbvios, mas não como uma sensação de "vou manter minha total atenção nisso", como eu fazia antes, era de um jeito mais leve. Comecei a procurar nos lugares mais óbvios, como gavetas e armários, mas se o baú tinha alguma fechadura, nenhuma chave encaixava ali.
Depois de muito tempo vi que não tinha mais jeito, e deitei na cama. Comecei a analisar o baú. Era como um cubo, liso e parecia espelho, mas era mesmo um prateado bem límpido. Cada lado tinha alguns círculos aleatórios, de tamanhos diferemtes em lugares diferentes. Aquilo estava enchendo, eu já estava com dor de cabeça, tudo que fiz foi desistir.
Deitei de lado e olhei minha janela. As estrelas brilhavam forte na noite escura. A luz da lua iluminava uma parte do meu quarto. Admirando o céu, comecei a lembrar dos meus 10 anos e pensar o quanto tinha mudado. Comecei, sem perceber, a pensar o que a magia de Peter tinha feito comigo. Eu xingava, gritava, planejava coisas horríveis e nem ligava para o sentimento das pessoas. Cogitei usar uma criança como cobaia, sabendo que ela podia morrer. Imagina o que o coitado do Henry deve ter sentido? Sem contar a aflição que as mães devem ter passado. Até a coitada da Branca, uma mulher super forte, mas que já sofreu tanto...Ela sofreu muito mais do que merecia e eu a fiz sofrer mais. Olha o que você fez, Wendy! Como você não pode perceber isso antes? Junto com a magia de Peter veio a ambição, a esperteza, a maldade. E, finalmente, me caiu a ficha do que isso era algo ruim.
É claro, eu ainda precisava salvar Peter. Mas com a certeza de que eu estaria salvando alguém de quem eu gosto muito, e não pura ambição. O que eu mais quero agora é me livrar dessa magia. Somente alguém forte como Peter pode conseguir suportar algo pesado assim. Isso já não é mais pra mim. E se eu não conseguir salvar Peter rápido, eu vou me destruir.

OUAT In Never, Neverland♡Where stories live. Discover now