Obrigada, pelo dedal

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      Wendy:
Eu ainda não estava engolindo direito o que tinha acontecido, por isso fiquei com um pouco de raiva quando Peter apareceu um tempinho depois, e eu ainda estava com as lágrimas secando no rosto sem ter mechido um dedo do lugar. Mas aos poucos fui entendendo que talvez Peter não estivesse mentindo e, na verdade, ele não tinha mesmo culpa por eu não saber que estava lhe transformando em um deus. Quando ele falou calmamente e se desculpando, eu comecei a sentir uma coisa...estranha
    Talvez eu tenha percebido que não era culpa dele. Talvez minha ingenuidade de criança,  escondida por algum lugar,  perdoou ele rápido. Ou talvez fosse uma coisa qje as pessoas chamavam de saudade. De despedida. De...amor.
    Eu tinha muito medo que fosse isso, mas agora eu podia ver claramente. Peter ía pra Terra do Nunca pra sempre.Eu, nunca mais. Peter não ia mais crescer. Eu ia ser adulta, velhinha, morrer.Peter vai e eu vou ficar. Isso medeu um nó no estômago tão grande! Que eu percebi: Não era uma simples ligação de amizade. Não era só felicidade por ele, tristeza por mim. Eu fui me aproximando devagar dele, tentando dizer que eu tinha percebido isso, mas ele já estava indo. Então a única coisa que eu podia fazer que demonstraria os meus sentimentos,  era dar-lhe um beijo. E eu fiz isso.
------------------- À muito tempo atrás, no quarto da Wendy, do Miguel e do João... Narrador:
      "  Você acha mesmo, Peter?"- ela falou se referindo asombra que sempre ia ao seu quarto
      -Acho
      -Pois eu acho você um amor - declarou Wendy - Vou me levantar de novo.
    E ela se sentou ao lado dele na pontinha da cama . Também disse que lhe daria um beijo se quisesse, mas Peter não sabia o que isso queria dizer e estendeu a mão, ancioso.
     -Não é possível que você não saiba o que é um beijo!- disse Wendy escandalizada.
     -Vou saber quando você me der um!-respondeu Peter irritado.
    Sem querer magoá-lo, Wendy lhe deu um dedal.
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Wendy riu da memória.  Aquela sombra tão esperta se fez de ingênua,  e ela caiu direitinho. Ela achava que Peter realmente acreditava que um beijo era um dedal e um dedal era um beijo. Mas logo depois da risada que ela tinha dado, enquanto o sorriso ainda estava meio aberto, uma lágrima fina e rápida correu pelo seu rosto.  O beijo da vida dela.Ela não tinha certeza se o gosto doce ia acabar, porque o beijo não tinha acabado. A impressão é que aquele "dedal" ia ficar pra sempre na boca dela, mesmo que Wendy estivesse em um pequeno apartamento de um prédio antigo na cidade de Londres e Peter estivesse  numa ilha só pra ele, gigante e mágica. Mas ela tinha que aceitar que, querando ou não, cada um tinha sua realidade. Peter gostava de magia, de aventura e de encantos. Wendy gostava de sossego, de amor e de família. Claro que Wendy sabia que bem no fundo, Peter queria uma família também. Era disso que o conto original se tratava, não?  Peter á procura de uma mãe,  de família... Mas todos temos que aceitar, que o lugar de Peter Pan é na Terra do Nunca.
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Aviso: gente, gostaria de pedir desculpas pela demora. Estive ocupada, mas principalmente, com pena de postar. Receio informar que nossa história, que construí com a ajuda e apoio de vocês,  esteja chegando ao fim.Eu acho que o próximo capítulo seja o último,  mas não o fim. Ouvi uma vez uma pessoa especial dizer que, nada acaba de verdade. Vamos nos preparar pra dizer, não adeus, mas um até logo...

    

OUAT In Never, Neverland♡Where stories live. Discover now