The End

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Depois disso, tentei dormir. Sinto que as palavras não foram o suficiente e, apesar do beijo falar tudo que eu queria dizer naquele momento, abriu três vezes mais questões. E foi aí que eu tive a ideia de sonhar. O que me surpreenderia foi eu não conseguir. Não era como da outra vez, que eu estava realmente proibida de sonhar, cancelada por um feitiço. Era mais como... uma garota normal, cheia de coisas anormais na cabeça e que só consegue ficar pensando nisso. Eu estava pensando no que qualquer adolescente pensa quando não consegue dormir. Eu estava pensando em um garoto. O mais bonito que eu já vi em toda a minha vida. Um garoto que me encantou, sem em perceber, no primeiro minuto, com um sorriso de lado. Que me encantou só com sua sombra, literalmente. Obviamente, eu estava pensando em Peter. Ele tinha virado o que sempre quis ser. O que está escrito nos livros clássicos que se encontra em qualquer livraria de Londres. Um deus da Terra do Nunca. Um rei. Um menino que só,não queria crescer. Inteligente, estratégico, mas completamente de lua. Ele sabe ser agora o que, se eu perguntasse para aquela menina que esta passando na rua diria que ele é. Um menino desengonçado que se faz de sério mas só quer brincar.
Os pensamentos me corroiam tanto que sem perceber em comecei a chorar . Não era tristeza, muito mesmo alegria. Eu não fazia a mínima ideia do porquê eu estar chorando. Acho que eu só queria colocar as emoções pra fora. E foi assim, com o travesseiro molhado e as lágrimas secando no meu rosto, que eu adormeci. Mas, ao contrário do que você está pensando, eu não fui pra Terra do Nunca. Eu não fui pra qualquer outro lugar. Eu fiquei ali, dormindo como uma pessoa normal que não sonhou, ou não se lembra o que sonhou essa noite. Eu não vi Peter essa noite. Nem na próxima, nem na próxima. Na verdade, na outra, alguma coisa aconteceu, mas nada mágica nesse sentido. Um pessoal saiu de Storybrooke e veio pra Londres me procurar. Óbvio Wendy, você sumiu, não deu noticias, não se lembrou. Ficou o dia e a noite inteira tentando dormir, sentanda na janela destrancada, com a esperança de ver alguém voando ali. Aquele pessoal é minha família. Eles queriam saber se eu estava bem. Contei toda a história pra eles. Pedi desculpas. É óbvio que me perdoaram. São minha família. Eu fiquei feliz por isso, e talvez esse tenha sido o primeiro sorriso que eu dei em semanas e se tem uma coisa que não se pode negar, é amor pela família. Eles estão ali pra te apoiar em tudo. E apesar de eu achar que eu deveria fazer isso sozinha, eu segui em frente.
Cada dia era mais fácil fechar a tranca da janela. Cada dia eu percebia que não era mais criança. Cada dia eu percebia que tinham pessoas ao meu redor me ajudando sem perceber. Cada dia eu percebia que nem eu me lembrva mais direito do porquê eu deveria ser ajudada.Cada dia a lembrança de um deus, do reino dos sonhos, ia ficando cada vez mais pra trás...
Eu segui em frente e nem percebi. Eu estou casada. Colocando minha filha pra dormir. Ela pede pra mim deixar a janela destrancada, mas ela nem sabe porque. O que se pode passar pela imaginação de uma menina de 6 anos?
-Jane! - eu falei tentando pegar a meia que ela tinha me roubado- Posso saber por que você faz essas coisas?! - me sentei cansada na cama que um dia foi minha. Incrível como uma pessoa de 26 anos pode cansar rápido...
-Eu acredito em fadas!- ela falou. Revirei os olhos. Jane sempre falou isso, pra qualquer coisa que ela não sabe a resposta. Mas essa menina era mesmo incrível. Ela acreditava em magia. Ela acreditava fortemente em fadas... tinha casinhas espalhadas pela casa. Sininhos em todo lugar. Ela deitou a cabeça no meu colo e jogou a meia, se rendendo. Comecei a acareciar a cabeça dela, olhando pro céu estrelado. Não pude deixar de reparar em uma estrela que brilhava mais. Eu reconhecia ela de algum lugar... eu deveria saber que as memórias foram guardadas em uma caixinha especial, mas nunca esquecidas verdadeiramente. Agora eu sei, que nunca se esquece um amor verdadeiro. Mas nesse dia, eu não sabia. Eu ficava olhando pra aquela estrela, só acompanhando o sentimento bom que ela me passava. Acho que foi por estar assim tão hipnotizada que levei um susto quando minha filha gritou:
-Olha mamãe! Uma sombra! - ela falou correndo até a janela. E instantaneamente, sem eu saber a razão, corri atrás dela e como num impulso fechei a janela. Aquilo parecia errado... talvez fosse só imaginação da Jane e talvez minha, mas eu jurei ver um vulto se escondendo no telhado.
Abri a janela devagar. Coloquei a cabeça pra fora. Fui virando ela lentamente e...
Nada. Suspirei aliviada, porque por mais que eu procurasse, não havia nada ali.
-Deve ser coisa da sua cabeça, Jane. Não tem nada aqui.- eu disse fechando, e trancando, a janela.
-Vamos pra cama, está na hora de dormir!- ela se deitou com uma carinha triste enquanto eu a cobria com o cobertor.
-Boa noite, mamãe.- ela disse e eu sorri.
-Boa noite, bebê. Sonhe com coisas maravilhosas!
-Eu sonho todos os dias- ela falou sorrindo.
Saí do quarto dela e fui para o meu.
Pisei em um dos sininhos de Jane sem querer.
Deitei minha cabeça no travesseiro.
E do nada, me veio a memória daquela estrela. Mas não era a que eu vi hoje. Estava mais perto. Cada vez mais. E, como em um flash, ou como se, tão fácil como trancar a janela do antigo quarto de Wendy, fosse destrancar as memórias da cabeça,vieram as memórias. De cada detalhe. De cada aventura. Da Wendy boa. Da Wendy má. Da Wendy boa de volta. Do amor que nssceu e cresceu aos poucos. Do beijo. De tudo. Fechei os ohos pensando "Meu Deus! Como me esqueci disso tudo!?", e percebendo o quanto eu amei, e agora percebo ainda amo, Peter Pan.
Mas ao cair no sono, pela primeira vez em décadas eu sonhei. Sonhei com a Terra do Nunca. E lá estava ele. Igualzinho da última vez, com o mesmo sorriso do lado.
-Eu voltei, Wendy. Ainda se lembra de mim?- ele sorriu
Eu balancei a cabeça afirmando, sem perceber que estava dando um sorriso enorme, e percebendo que eu estava mais feliz do que nunca. Ele sorriu também e disse:
- Let 's play.

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THE END
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OUAT In Never, Neverland♡Where stories live. Discover now