Conselhos de André

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Olá amores, mas um pedacinho como combinamos :D     

Ele seguiu quieto ao meu lado, ainda segurando minha mão, eu não queria manter o silêncio e nem podia. — Agora chegará vinte e nove mulheres Nicolae.

— Sim pequena, é um número expressivo.

Ele respondeu automático, tentando voltar ao seu jeito de sempre, voltava a falar tranquilo, esquecendo sua entrega a pouco, levantando seu muro de calma, que agora eu sabia que não era tão forte assim, Nicolae tinha suas batalhas internas para travar, assim como eu começava a ter minhas, e temia perder a batalha, agora que tudo isso aflorava em mim com tanta intensidade, inclusive aquela maldita curiosidade que eu sabia que era ciúmes, não sabia porque, mas senti receio de sua atenção ir para outra mulher, talvez eu ainda fosse infantil o suficiente para não querer perder meu lugar de protegida dele, para ser egoísta e não querer dividi-lo.

— Elas são casadas já?

Ele olhou para mim. — As sombrias? Não, nem todas, acho que umas três ainda não se uniram.

Não respondi, mas a matemática me parecia amarga, Nicolae teria dezessete mulheres para cortejar.

— Nicolae?

— Esta ansiosa de novo, já te disse pequena não tenha receio de me perguntar nada.

Torci a boca sem ele ver, fácil ele falar, difícil era eu conseguir fazer, ainda mais porque eu sentia que ele ainda estava bravo, apenas tentava a todo custo me esconder isso. — Você irá cortejar algumas delas?

— Não.

— Não?

— Não

Revirei os olhos, ele podia dizer mais que isso, era importante isso para mim, ele falou olhando fixo no horizonte, enquanto caminhávamos quase chegando a estradinha de terra da vila.

— Não posso cortejar nenhuma mulher Diana.

— Mas você disse que não tinha companheira, é viúvo? Ela morreu na guerra da supremacia?

— Não, nunca tive companheira e não tenho interesse em nenhuma.

Fiquei em silencio, um pouco sentida com o que ele disse, o que eu queria afinal? Ele merecia ser feliz, era direito dele encontrar sua amada, assim como Rael encontrou, ele não poderia ficar para sempre me protegendo, mas ainda assim pensar nisso parecia doloroso.

Depois que chegamos fui ver Eva, ela me segurou as duas mãos, tinha chorado minha querida Eva, Nicolae aproveitou isso para sumir, não o vi mais quando olhei para o lado que ele estava, Eva começou a falar.

— É isso mesmo que quer querida? Acha que evitará uma guerra? Não querida não evitará, apenas adiará uma, mas entendo você e só rezo para que não encontre tantos espinhos por esse caminho que irá seguir.

Senti uma grande vontade de chorar, mas me segurei, a abracei em silêncio grata por pelo menos alguém me entender, logo subi arrumar minhas coisas e não demorou nada bateram a porta, era André e eu sorri lhe incentivando a entrar.

Ele estava preocupado. — Quando eu disse que os problemas eram seus seguidores fiéis você não acreditou.

Não pude deixar de rir, mesmo em meio aquela merda toda que eu estava fazendo, ainda se podia rir da própria desgraça.

André sentou na cama e olhou as mãos. — Não quero que vá, mas se vai quero que leve em conta uma conversa que ouvi menina, lembra quando disse que Samuel era pior do que você imaginava?

Assenti e sentei ao seu lado e ele continuou. — Não sei o que significa, mas ouvi Samuel dando ordens para que colocassem guardas de sua escolha no território dos leviatãs, e só podiam mudar os guardas por outros que estava em um lista escrita por ele.

Franzi o cenho, que interesse Samuel poderia ter naquele lugar? Quase uma prisão de tamanhos dantescos, mas recheado de leviatãs quase irracionais?

— André, mas isso poderia fazer parte do oficio dele não? Talvez não seja nada demais.

— Penso nisso direto, mas ele não se intrometeria em uma troca de guarda, uma coisa tão banal, se fez isso tem algo ai.

Era verdade, ele não me parecia o tipo de homem que se preocuparia com isso, destinaria alguns soldados de patentes menores para essa função, ainda assim me pareceu algo rotineiro.

— Tem outra coisa Diana, o rei tem mais amor por Samuel do que por Tiago seu filho, prova disso são esses excessos de cargos que conseguiu rapidamente, sei disso por outra parcela de conversa que ouvi dele com um guarda que parece ser fiel a ele, eles estavam falando sobre o alto cargo e então o guarda disse que Samuel era um homem de sorte pelo carinho tão grande do rei por ele, chegando a amá-lo mais do que amava o próprio filho.

Isso era estanho e não me pareceu tão sem importância assim, afinal Samuel com essa influencia poderia fazer muitas coisas ruins sem ser punido, mas então me lembrei do baile.

— Mas então porque ele vetou o noivado de Samuel e deu a seu filho o direito de me cortejar?

— Esse é o problema, eu vi uma cena um tanto interessante quando surgiu os comentários de seu noivado, dois dias antes do baile eu subi entregar as contas que Tiago prepara para o rei, é Tiago que faz o inventário mensal dos cofres do rei e nesse dia eu precisava entregar nos aposentos dele, porta estava aberta e eu entrei como costume para deixar o envelope na mesa para que ele olhasse depois, entrei na saleta e percebi que havia movimento no quarto e me virei.

Samuel estava ali discutindo baixo com o rei e só pude ouvir duas frases antes de me notarem.

O rei dizia que não o queria com você, que não era esse o combinado e então Samuel respondeu que era apenas negócios e que não iria decepcionar ele, pareciam muito próximos realmente, por isso acho que é verdade de ele ter o Samuel em mais alta conta que o próprio filho. — Ele olhou para mim. — Tome cuidado, Samuel tem mais poder do que pensa.

— Falou isso com Tiago?

— Não, os dois já se odeiam porque Tiago sente a animosidade entre eles, mas não sabe o motivo de Samuel o odiar, eu sei, Tiago não se deixa influenciar por Samuel, e Samuel por conta disso o trata como inimigo porque se sente superior a Tiago.

Isso explicava aquela troca de olhares de cima um do outro.

— Guarde para você, Tiago não tem porque saber isso, ele já tem os problemas dele para pensar, só não subestime Samuel.

— Não direi nada, obrigada por me contar.

Ele assentiu se levantando e depois de me cumprimentar com um aceno de cabeça saiu fechando a porta e eu fiquei sozinha novamente.

Depois de me trocar, acabei por decidir que não iria levar nada dali, ia deixar tudo para que minhas lembranças do reino sombrio fossem menores possíveis, ter o cheiro deles comigo de alguma forma seria me torturar.

Deitei de costas na cama olhando o teto, mente vazia, não conseguia prever nada do que aconteceria comigo, nem imaginar como o rei iria beber meu sangue, torci o nariz em asco ao imaginar ele mordendo meu pescoço, mas ele não tinha presas então como é que ele faria?

Eram tantas perguntas, olhei pela janela e o sol já estava baixo, estava chegando a hora.

Sei que ficou pequeno e não aconteceu tanta coisa, mas como eu disse iria cortar onde desse para manter o capítulo coerente e a continuação fosse outro assunto, beijos amores até amanhã e o de amanhã será mais extenso.




Tratado dos Párias- Príncipe CaçadorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora