10 pm

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Harry tinha tirado o seu terno e jogado-o sobre os seus ombros de qualquer jeito para se sentir mais confortável. Quase duas horas tinham se passado e o elevador continuava travado exatamente no mesmo lugar e não havia nenhum sinal de que ele sairia dali tão cedo.

De tantas coisas que ele esperava para a sua noite de Natal, ficar preso em um elevador com o seu vizinho vestido de Papai Noel era a última delas.

Harry ergueu os olhos e observou Louis. Eles tinham conversado por um tempo e então o muro de silêncio tinha crescido novamente entre eles, talvez pelo fato de que ambos queriam estar fora daquele cubículo o mais rápido possível e estavam, no mínimo, chateados com a situação.

Ele nunca quis admitir que Louis Tomlinson era o homem mais bonito que morava naquele prédio, mas trancado apenas com ele, não havia como Harry evitar o pensamento. Uma das coisas que ele sempre tinha reparado era na cor dos olhos de seu vizinho e em como ela parecia mudar dependendo da roupa que ele estava vestindo.

Na penumbra do elevador, os olhos de Louis lembravam o mar revolto, um azul profundo e escuro, que prometia coisas e guardava segredos. Alguns fios de cabelo caíam por sua testa e deixava Louis ainda mais charmoso. Ele tinha um jeito durão e resmungão de ser - Harry já tinha visto muitas confusões envolvendo o Tomlinson nas reuniões de condomínio - mas ainda assim, Harry tinha a impressão que Louis era o tipo de pessoa que passaria a noite acordado caso tivesse alguém dormindo abraçado a ele, apenas para ter certeza que essa pessoa estivesse bem.

Ah, Harry realmente tinha que parar de ser tão sonhador. Talvez a profissão de escritor de livros infantis o tivesse deixado bobão demais. Ou talvez o seu fascínio por flores, quem sabe?

- Quais eram os seus planos para hoje, Louis? - Harry se atreveu a usar o primeiro nome pela primeira vez.

Louis abriu um pequeno e triste sorriso.

- Hibernar em uma banheira de água fervente e assistir algum programa idiota na televisão.

O queixo de Harry caiu. Ele simplesmente não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Era tão natural para ele pensar no Natal como uma data para se passar em família, todos reunidos ao redor da mesa, conversando e felizes, que parecia estranho demais imaginar que aquela cena não valia para todas as pessoas.

Louis não disse mais nada sobre aquilo, não explicou o porquê de passar o Natal sozinho, muito menos porque parecia odiar tanto essa data e Harry não teve coragem de perguntar. Ao invés disso, Harry abriu um pequeno sorriso:

- Sem ceia de Natal, então?

- Sem ceia de Natal. - Louis confirmou. - Mas eu não me importaria nem um pouco se tivesse uma na minha frente agora, porque estou louco de fome.

Harry riu. Ele também parecia estar com um monstro dentro do estômago; um monstro enorme e esfameado que estava deixando Harry desesperado.

- E se nós fizessemos nossa própria ceia? - Perguntou para Louis, sentindo imediatamente suas bochechas esquentarem. Ele não sabia como o seu vizinho poderia reagir àquilo, mas fosse da forma que fosse, Harry iria montar a sua própria ceia improvisada. - Quer dizer, não parece que nós vamos sair daqui, no mínimo, pelas próximas horas e tenho algumas coisas aqui que eu ia levar para a minha mãe.

Louis abriu um sorriso, o rosto cansado e as olheiras quase desaparecendo em uma expressão infantil. Ele ergueu uma sobrancelha antes de falar:

- Depende. A garrafa de vinho está incluída na sua proposta?

- Claro.

Harry ainda estava sorrindo quando trouxe a sacola de papelão mais para perto de si e vasculhou ali dentro até encontrar o abridor de garrafas. Ele olhou para o abridor e para o vinho e então para Louis, com um pedido silencioso para que ele abrisse.

Enquanto Louis abria o vinho, Harry tirou da sacola alguns biscoitos enfeitados com o formato de um pinheiro de Natal, cuidadosamente arrumados dentro de um pote de vidro, depois ainda uma vasilha com rabanadas e a última com pequenos panettones.

- Estamos sem taças, então espero que não tenha problemas em beber da garrafa. - Louis falou, entregando o vinho para Harry.

Harry colocou a garrafa nos lábios e tomou um longo gole. Vinho tinto seco, produzido no sul da França e envelhecido de oito anos. Ele não queria ser convencido nem nada, mas o seu gosto de vinhos era bom.

Entregou a garrafa para Louis, que tomou um gole também, e então pegou um dos biscoitos e o ergueu no ar:

- Feliz Natal, Louis.

- Você sabe que, oficialmente, o Natal é só no dia 25 de dezembro, ou seja, amanhã? - Louis provocou, um sorrisinho despontando de seus lábios, e pegou uma das rabanadas.

- Não seja estraga prazeres! - Styles resmungou, mesmo que estivesse rindo. - Além do mais, sempre comemoramos hoje.

Louis gargalhou sonoramente, jogando a cabeça contra a parede do elevador e depois permitindo-se olhar para um sorridente Harry. Ergueu a rabanada no ar e falou:

- Feliz Natal, Harry.

Harry sorriu ao ser chamado pelo primeiro nome e se inclinou para pegar um dos panettones ao mesmo tempo de Louis, fazendo as mãos deles colidirem no meio do caminho e eles trocarem olhares antes de Louis afastar a mão e permitir que Harry se servisse primeiro.

- Será que se eu acender algumas velas aqui vai ser muito ruim? - Harry perguntou, logo depois de engolir a primeira bocada do panettone.

- Bem, tem o risco de nós derrubarmos as velas e queimarmos vivos aqui dentro, mas tirando isso, pode ser muito bom. - Deu de ombros, as bolinhas brancas de sua fantasia de Papai Noel se movendo junto. - Hum, falando em muito bom, esses panettones estão divinos!

- Obrigado. Eles levaram horas para ficarem prontos.

Os olhos azuis de Louis se arregalaram e ele mastigou mais rápido que o normal e depois falou em descrença:

- Você fez eles?

- Eu gosto de cozinhar. - Harry deu de ombros, como se não fosse nada de mais, mas por dentro ele estava a ponto de explodir de felicidade pelo elogio de Louis, o que se refletia na forma em que suas bochechas esquentaram.

Louis observou Harry de cabeça baixa, brincando com a caixa de fósforos nas mãos. Ele parecia o tipo de pessoa que gostava sempre de pensar muito antes de fazer alguma coisa. O cabelo longo e cacheado cobria o seu rosto parcialmente e ele estava sentado na posição de índio, as pernas cruzadas e cobertas pela calça floral sendo apertadas pelo tecido.

Pelo menos Louis teve sorte em uma coisa quando ficou preso naquele maldito elevador: tinha como companheiro um homem muito bonito e que, ainda mais, tinha comida.

- Sabe, eu estava exagerando quando você me perguntou sobre as velas. - Louis falou de repente, atraindo os olhos verdes de Harry para si. - Se quiser acender as velas, faça. Está escuro aqui dentro e ficaria mais bonito com a luz delas, além disso, a tubulação de ar está aberta e não vamos precisar nos preocupar em suforcármos aqui dentro.

Harry abriu um sorriso gigantesco e sincero, as covinhas se formando em suas bochechas, e então tirou da sacola algumas velas natalinas em formatos variados da sacola de papelão. Papai Noel, árvore de natal, bonecos de neve, um anjinho, todos foram posicionados perto da porta do elevador.

- Elas são perfumadas. - Harry avisou.

- Isso não me surpreende. - Louis falou e recebeu uma sobrancelha erguida em resposta. - O quê? Você me parece o tipo de pessoa que compraria velas perfumadas para o Natal.

Harry gargalhou, o som se tornando ainda mais alto devido ao espaço confinado em que estavam.

Talvez passar o Natal preso em um elevador com Harry Styles não fosse a pior coisa que já tivesse acontecido com Louis.

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Capítulo dedicado a hestops94. Shuli, tudo que eu mais queria na minha vida era que, quando você olhasse para si mesma, visse o mesmo que eu vejo. Você é incrível, maravilhosa e uma das melhores amigas virtuais que alguém chata como eu poderia pedir. Você caiu de paraquedas na minha vida para ficar nela para sempre. Amo você, Filhote.

All the love

Kyv

Santa Claus Where stories live. Discover now