8 am

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Harry e Louis estavam lado a lado, sentados no chão do elevador. O silêncio entre eles era constante e agradável, ambos perdidos em seus próprios pensamentos naquele momento.

Depois da "aula de dança", eles tinham passado mais alguns minutos abraçados até Harry decidir que sentar novamente era uma boa ideia - não era como se tivessem muita coisa para fazer dentro daquele cubículo - e então o silêncio tinha se instalado. Louis não conseguia desviar a mente do que Harry tinha dito sobre ele procurar a sua família depois de todos aqueles anos sem contato e Harry meditava sobre como seriam as coisas com Louis depois que saíssem do elevador.

Porém, de uma forma impressionante, eles ainda mantiam a conexão entre si. Em determinado momento, a mão de Harry tinha escorregado quase que por conta própria sobre a coxa farta de Louis, que entrelaçou os seus dedos nos de Harry. O polegar de Louis massageva as costas da mão de Harry delicamente, como se, de alguma forma, aquele carinho o fizesse pensar melhor.

- Louis. - Harry quebrou o muro de silêncio com um sussurro alto o suficiente para atrair a atenção do outro para si.

- Oi.

- Oi. - Harry repetiu com um sorriso nervoso e então baixou o rosto, abrindo e fechando a boca como se não tivesse certeza do que diria em seguida.

- Você me chamou. - Louis falou, os dedos sem parar o carinho na mão de Harry.

- É, eu chamei. - Harry hesitou novamente, passou a mão pelo cabelo, e então tomou coragem e virou o corpo para Louis, os grandes olhos verdes concentrados nele. - Louis... Como vai ser quando saírmos daqui?

Aquela pergunta foi como uma grande flecha atravessando o coração de Louis, destroçando-o. A verdade era: ele não sabia. Não fazia a menor ideia de como sua relação com Harry se daria depois daquilo, mesmo que algo no fundo de sua alma implorasse para que não fizesse como todas as outras coisas que tinha desistido na vida. Os grandes e questionadores olhos de Harry estavam presos em Louis da mesma forma que Louis estava completamente preso, acorrentado, a eles. Era inevitável, intenso e único.

Louis abriu a boca para responder Harry no exato momento em que as luzes começaram a piscar. De repente, todas elas se acenderam ao mesmo tempo, cegando Louis momentaneamente, e então seus ouvidos foram invadidos pelo som forte dos aquecedores jorrando ar dentro do elevador e da música leve que tocava na rádio.

Na tela digital, até segundos antes desligada, os números em vermelho iam diminuindo.

8...7...6...5...

- Oh, meu Deus! - Harry gritou e então se colocou de pé com um salto, o sorriso surgindo em seu rosto. - O elevador voltou a funcionar! Finalmente!

- Depois de mais de doze horas! - Louis berrou de volta depois de alguns segundos de choque. Ele finalmente poderia sair daquele cubículo apertado, trocar aquela roupa estúpida de Papai Noel e tomar um longo banho.

E... havia Harry.

Harry pegava as suas coisas do chão; as tigelas vazias, o terno floral, os buquês de flores destroçados. Louis fez o mesmo com o seu velho e quebrado celular, que estava desde cedo esquecido em um dos cantos do elevador, e mais algumas de suas coisas jogadas por ali.

Louis olhou para Harry no momento em que o elevador passava do primeiro andar em direção ao térreo. Seu vizinho tinha os olhos vidrados nos números vermelhos, as covinhas profundas em suas bochechas e o gorro vermelho de Papai Noel ainda prendendo parte de seus cachos.

E então a porta do elevador se abriu.

- Hazzy! - Gritou uma voz feminina do lado de fora e Harry soltou um "mamãe" baixinho antes de correr em direção à mulher.

Louis saiu do elevador e observou tudo ao seu redor. Uma equipe de bombeiros estava ali, assim como muitos dos moradores do prédio, que fofocavam entre si, e o porteiro. Cones laranjas estavam pousados ao redor da porta dos dois elevadores do prédio, o que fez Louis perceber que ambos tinham quebrado.

Ele ouviu a gargalhada sonora de Harry e então se virou para observar a cena. Uma jovem, as feições quase idênticas as de Harry, lhe apertava as bochechas e falava em um tom baixo enquanto a mulher com mais idade e um longo cabelo negro falava quase gritando:

- Nós ficamos desesperados quando você não chegou em casa! Quando viemos aqui e então o porteiro nos disse que as câmeras de segurança tinham gravado você entrando no elevador que travou, eu fiquei tão preocupada.

- Ela ficou desesperada. - Reforçou o homem de idade que abraçava Harry pelos ombros, provavelmente o seu pai.

E ali estava Louis, sozinho com sua barriga falsa de Papai Noel sob o braço e as lembranças do que tinha acontecido dentro daquele elevador durante as doze horas que tinha ficado lá. O perfume de Harry parecia estar completamente preso em seu corpo, assim como a imagem de Harry estava presa em sua mente.

Harry tinha lhe feito aquela pergunta, porém Louis sabia muito bem que não precisava dar nenhuma resposta. A resposta era mais do que clara. Harry era a criatura mais doce e especial que ele tinha conhecido em toda a sua vida e ele sabia que seria esquecido rapidamente por Harry.

Talvez fosse melhor daquela forma, afinal não havia nada que Louis pudesse lhe dar. O que quer que fosse, Harry já tinha roubado de si.

Louis virou-se e começou a arrastar as pernas em direção à escada de emergência. Depois de todas aquelas horas em elevador, subir sete andares a pé parecia quase o paraíso para Louis.

- Louis! - Parou ao ouvir seu nome ser chamado pela voz rouca que tinha se tornado familiar e se virou.

Harry parou diante de Louis com um sorriso gigantesco nos lábios, as adoráveis covinhas aparecendo em suas bochechas avermelhadas. Ele estendeu a mão até a de Louis e a pegou, depositando um pequeno pedaço de papel dobrado ali.

- Você me deve uma resposta, Tomlinson. - E então tão leve quanto a pétala de uma rosa e tão rápido quanto uma bala, os lábios de Harry deixaram um beijo contra a bochecha de Louis antes dele se virar e voltar para onde sua família estava.

Pouco depois, Louis abriu o papel enquanto subia as escadas em direção ao seu apartamento. Ali havia uma sequêcias de números e Louis não conseguiu evitar o gigantesco sorriso quando viu o pequeno "H" assinado no canto do papel.

Quando finalmente chegou diante de seu apartamento, as pernas de Louis tremiam e ele estava completamente exausto. O trabalho de abrir a porta já parecia grande demais a se cumprir e quando a mesma finalmente se abriu, Louis soltou um suspiro de alívio.

Se jogou no sofá e pousou o papel com o número de telefone de Harry ao lado do telefone fixo. Sua mente voou em todas as palavras que o seu vizinho tinha lhe dito e, em uma injeção de coragem, Louis levou a mão até o aparelho e o tirou do gancho.

Louis tinha que fazer uma ligação naquele momento, e não era para Harry, não ainda. Havia algo pesado em seu passado, difícil demais de se carregar, e a solução poderia estar no fim daquela sequência de números que Louis digitava. Ele respirou fundo e quase pôde sentir Harry ali, encorajando-o a finalmente apertar o botão de chamada.

O telefone tocou três vezes e Louis ouvia o próprio coração bater sonoramente a cada segundo que se passava. Ele apertava o aparelho na mão e sua respiração perdeu completamente o rumo quando ouviu a voz feminina do outro lado:

- Alô?

Louis nem ao menos percebeu que chorava até sentir as lágrimas caírem sobre suas coxas. Não havia mais volta; depois de cinco anos, não havia mais como Louis simplesmente desligar aquele telefone.

Em um sussurro rouco, falou:

- Mamãe?

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Esse capítulo é dedicado a larryloud. Você é um amorzinho que eu tenho vontade de guardar em um potinho. Nunca fique triste, porque isso é um pecado.

All the love

Kyv

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