11pm

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Louis e Harry estavam sentados lado a lado, a garrafa de vinho pela metade pousada entre os dois. Nenhum dos dois estava bêbado, mas a quantidade de álcool circulando em suas correntes sanguineas era suficiente para ambos estarem mais soltos um com o outro, rindo por qualquer bobagem.

Louis estava se sentindo uma criança, sem preocupações e sem medos. Havia longos anos desde a última vez que ele tinha rido tão verdadeiramente como fazia naquele momento, e era uma sensação gostosa que ele gostaria que durasse para sempre.

- Minha vez. - Disse Harry, pegando a garrafa e tomando um gole antes de retomar sua fala. - Qual a sua cor favorita?

- Com certeza vermelho, mas não qualquer vermelho. Aquele vermelho intenso, como o do nosso sangue. Isso me lembra o quão intensa a vida pode ser.

Harry assentiu para confirmar que tinha entendido e então sua mente viajou na coloração avermelhada. Vermelho era a cor da paixão, da intensidade, mas também uma cor que guardava segredos, talvez quase tantos quanto o azul dos olhos de Louis guardava.

- E você? Qual é a sua cor favorita?

- Hum... Eu diria que laranja. Mas não qualquer laranja, mas aquele do fim do dia, quando o sol se põe. O céu fica com uma cor alaranjada, como se estivesse pegando fogo. - Soltou um suspiro sonoro. - É impressionante como essa cor parece ser todas e nenhuma ao mesmo tempo, em um segundo ela está de uma forma e, no segundo seguinte, já mudou para algo diferente. Eu acho esse laranja o mais vivo de todos porque ele forma desenhos diferentes, se mescla com o azul do céu e torna tudo mais verdadeiro.

- Você é do tipo que fica mais filosófico quando bebe, Harry. - Louis disse, remexendo os pés de um lado para o outro.

- Culpe a profissão de escritor. - Harry falou e então pegou mais uma rabanada. Quando se reencostou contra a parede do elevador, soltou um suspiro doloroso. - Ficar todas essas horas sentado está me deixando com dor nas costas.

Louis observou o seu vizinho, a forma como tinha franzido as sobrancelhas e feito um biquinho mínimo nos lábios ao falar aquilo. Harry, na consepção de Louis, parecia uma criança meiga e com um coração gigantesco presa em um corpo de adulto. Bem, Louis não poderia servir como nenhum exemplo, afinal antes de ser enxotado de casa ele era chamado de Peter Pan por ser crianção 99% do tempo.

Louis sentia falta dessa parte criança que estava fechada por sete chaves dentro de si, e o mais hilário daquilo era que parecia que Harry tinha as chaves e estava abrindo pouco a pouco os cofres dentro de Louis. Ou talvez fosse o álcool. Ou talvez fosse a mistura de Harry e álcool.

Seria muito clichê se Louis dissesse que estava bêbado em Harry?

- Eu posso resolver isso. - Falou depois de longos segundos vendo Harry se remexer para encontrar uma posição mais confortável.

Louis se levantou com preguiça e pegou a barriga de Papai Noel feita de espuma e tecido que estava jogada por ali, perto dos buquês de flores de Harry. Ele nunca achou que aquela coisa poderia ter utilidade para algo, mas ele estava preso em um elevador na noite de Natal, então não iria mais duvidar de nada.

Estendeu a para Harry aquela massa arredondada de espuma:

- Sente nisso, vai se sentir melhor.

Harry abriu um sorriso largo, daqueles que faziam duas covinhas surgirem e Louis se perguntou se algum ser humano era capaz de resistir a Harry Styles com aquele sorriso.

- Obrigado, Louis.

No momento em que Harry pegou a espuma, um pequeno cartão caiu do tecido que rodeava e protegia a barriga falsa de Papai Noel. Ele pegou o cartão enquanto Louis estava muito ocupado pegando para si mais um dos deliciosos panettones.

- Louis, tem algo seu aqui.

Louis franziu o cenho ao pegar o cartão, que tinha as palavras "Happy Birthday" escritas com glitter na frente, e então o abriu. Havia algumas palavras escritas no cartão com uma letra ruim que Louis só foi capaz de entender porque tinha uma letra ainda pior que aquela.

"Hey, Lou Lou!

Segundo meus informantes, hoje é seu aniversário e eu fiquei sinceramente impressionado por você ter nascido na noite de Natal e não ter dito isso para NINGUÉM! Você é bem idiota, Tomlinson, porque deve ser um máximo ganhar dois presentes em um dia só.

Enfim, feliz aniversário, Tommo.

O duende mais gato do shopping,
Niall Horan."

Louis não conseguiu conter a risada alta ao terminar de ler a pequena carta e perceber as vinte Libras presas na contracapa do cartão com fita adesiva.

Niall Horan era o mais próximo que Louis tinha do que chamavam de amigo e saber que o garoto tinha descoberto quando era o seu aniversário e ainda se dado o trabalho de fazer um cartão o deixou sorrindo bobamente. Não era como se ele conhecesse Niall havia muito tempo - pouco mais de seis meses trabalhando juntos, isso incluindo Niall ser um dos duendes que passava o dia auxiliando o Papai Louis Noel - mas mesmo assim aquilo era importante demais.

Era exatamente por seu aniversário ser no dia 24 de dezembro que Louis tinha motivos em dobro para odiar aquela data. Ele se lembrava muito bem de todos os anos em que sua família tinha simplesmente esquecido que era seu aniversário porque estavam muito ocupados com os preparativos para o Natal.

- Hoje é seu aniversário? - Harry quase gritou, o que atraiu a atenção de Louis para o seu vizinho. Ele estava com os olhos verdes arregalados e os lábios ligeiramente abertos em descrença. - Eu não acredito!

- O dia já passou, Harold, não precisa ficar tão surpreso. - Louis deu de ombros.

Harry se precipitou sobre Louis, puxando o braço dele para perto de si e então subindo a manga da roupa de Papai Noel até ter visão do relógio que o Tomlinson usava.

- Na verdade, ainda faltam 32 minutos para esse dia deixar de ser seu aniversário, então vamos cantar parabéns. - Harry exclamou.

- Oh, não. Você não vai fazer isso, Styles. - Louis riu, puxando a garrafa de vinho para si e bebendo um longo gole.

Ele observou Harry se levantar e ir até as velas que estavam acessas perto da porta do elevador, pegando a mais fina de todas. Logo depois ele escolheu o maior panettone que ainda tinha sobrado e tirou a vela da sua proteção, cravando-a no bolinho até estar totalmente presa nele.

Ergueu sua obra e sorriu para ela, a vela fazendo o seu rosto ganhar uma coloração dourada e brilhante que o deixava ainda mais bonito.

- Vamos lá, Tomlinson. - Louis ergueu uma sobrancelha quando Harry estendeu o "bolo de aniversário" e então virou o rosto, soltando um risinho. - Não seja chato, Louis. Estamos presos em um elevador e ainda estamos no dia do seu aniversário, então o que custa me deixar cantar parabéns?

E foi nesse momento que Louis cometeu o erro de olhar para Harry novamente. Ele olhava o com expectativa, os olhos brilhando sob a luz alaranjada da vela e Louis pensou em como os olhos de Harry, naquele momento, se aproximava à cor que ele tinha descrito como sua favorita minutos antes.

- Tudo bem, mas eu não canto. - Pegou o panettone.

- Sem problemas, aniversariante. - Harry piscou um dos olhos e Louis revirou os seus.

E então Harry cantou Parabéns para você sozinho e, no fim, ordenou que Louis soprasse a vela e fizesse um desejo.

A chama tremulou sob o sopro de ar que Louis fez sobre ela até apagar e, enquanto a linha de fumaça perfumada subia, ele não fez um desejo, e sim agradeceu.

Por mais maluco que fosse, aquele tinha sido o seu melhor aniversário nos últimos anos.

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Dedicado a larryqueer. Lou, nem sei como te explicar aqui. Acho que posso resumir com: você é um anjo! Incrível em tudo que faz e, com certeza, uma das pessoas mais doces que eu já conheci. Amo você, Lou Lou Louise!

All the love

Kyv




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