Capitulo 6

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Os dias passaram devagar. Embora fosse visitada por Frypan três vezes por dia e uma vez ou outra por Minho sentia-se sozinha. Não havia nada para fazer naquela prisão sendo o seu único divertimento balançar a cadeira velha e meio partida que se encontrava lá.
Ás vezes planeava fugas e vinganças mas fazia-o mais para seu divertimento e distração do que para realmente os vir concretizar.
Tinham passado 2 dias desde a assembleia desastrosa e desde o seu sonho.
As breves imagens regressaram há sua mente mostrando novamente a rapariga. Continuava sem saber o seu nome e a imagem ia ficando cada vez mais desfocada ao longo do tempo como se estivesse a ser puxada para trás do tal muro.
Haveria alguém para lá deste inferno que sentisse a sua falta? Não sabia, mas tinha uma esperança dentro de si que se recusava a esmorecer.
Tudo isto era confuso e por muito aborrecida e curiosa que se sentisse decidiu afastar esses pensamentos por agora.
Passados alguns minutos começou a ouvir barulhos. Uma respiração ofegante e ganidos. Um animal. Esta levantou-se do seu canto e aproximou-se da pequena janela com grades tentando observar-lo. Em bicos de pés esta observou um cão. A coisa mais fofa e querida que já tinha visto de acordo com a sua memória.
- Olá!
Disse ela chamando à atenção do animal. Este começou a abanar a cauda e correu para a janela, saltando e apoiando as patas da frente na mesma.
- O que é que fazes aqui amigo? - perguntou-lhe ela recebendo uma lambidela como resposta.
- É bom ter companhia civilizada de vez eu quando sabes... - desabafou enquanto este descansava a cabeça entre as grades e ela lhe acariciava a cabeça.
- Obrigadinha pela parte que me toca! - ouviu uma voz atrás dela. Newt.
- Não tens de quê.
- Latido sai daí! - e com isso o cão afastou-se.
- Latido?
- Sim é o nome dele.
- Latido, fica. - Latido abondou ainda mais a cauda recostou-se novamente nas grades.
Este engraçou com ela. Era realmente um cão muito querido.
- Então já sabem se me matam ou não? - perguntou
Newt suspirou e olhou em volta.
- Não sei o Alby ainda não disse nada...
-AHH Quanto tempo é que me vão manter aqui fechada?!?
- Por mim ficavas aí o raio da vida toda! Considera-te surtuda por não ser eu a tomar a decisão.
Ela revirou os olhos não conseguindo acreditar no quão mau ele podia ser.
- És um amor já alguém to tinha dito?
- Não
- Pois, percebe-se bem porquê.
Seguiu-se uma pequena pausa
- Afinal estás aqui a fazer o quê? - perguntou ela por fim.
Newt limitou-se a ficar ali especado a olhá-la. A sua expressão dura como pedra direcionada a ela com frieza como se ela tivesse matado a avó dele.
- Eu vim cá libertar-te mas se queres tanto que me vá embora vou. - disse atirando as mãos ao ar e virando-se para se ir embora.
- Libertar-me?? Como assim? VOLTA AQUI!
Newt deu meia volta e foi abrir-lhe a porta.
- Não te podemos prender para sempre mas tem cuidadinho ainda acabas na traca da choça outra vez.
Começaram a afastar-se do pequeno edifício dirigindo-se para o centro da clareira em direção a uma das portas.
- Sabe bem estar cá fora, mais um bocadinho lá dentro e dava em doida.
-Pois, infelizmente eu ei de dar em doido pois a condição para tu saíres é nunca estares sozinha e calhou-me a sorte grande. - Joana conseguia detectar, ainda que tênue, o sarcasmo incutido naquelas palavras.
- O Tommy e o Minho devem estar a chegar vamos ficar aqui há espera deles.
Disse Newt à sua voz desprovida de qualquer tipo de emoção.
Sentaram-se encostados ao muro em silêncio à espera.
O ar quente que os rodeava quase que parecia derreter o tempo fazendo-o passar a uma velocidade dolorosamente lenta.
Joana aproveitou a deixa para observar melhor a clareira visto que ainda não tinha tido uma oportunidade para o fazer como deve ser.
Via rapazes a andar de um lado para o outro envoltos nas suas tarefas, todos com um ar cansado e, desculpem o termo, miserável.
Entre eles encontrava-se Chuck. Apetecia-lhe chamar por ele para pôr fim àquele tédio monumental mas não sabia se Newt o aprovaria. Por outro lado, não lhe interessava muito o que Newt queria.
-CHUCK! - gritou chamando à atenção do rapaz mais novo.
Este sorriu e correu na direção deles.
- Olá Chuckie. - cumprimentou Newt
- oi Chuck
- olá! Estão aqui a fazer o quê?
- há espera do Tommy e do Minho - respondeu ela
Newt olhou para ela zangado.
- Para ti é Thomas. Tommy chamo-lhe eu entendido?
- Já não cá está quem falou
-Bem vocês ou casam ou se matam um ao outro- proferiu Chuck com um revirar de olhos.
Ambos olharam Chuck meio confusos meio desagradados com o seu comentário. Mas decidiram ignorá-lo.
Por fim para pôr fim àquela situação Thomas e Minho entram na clareira.
Newt levantou-se de um salto sendo imitado por Joana e ambos seguiram até eles acompanhados por Chuck.
Minho ao vê-la sorriu.
- Estás cá fora?
- Não, sou só uma miragem correste demasiado.
Minho e Thomas soltaram umas quantas gargalhadas até Newt deixou escapar uma.
- Tens piada! - disse Chuck
Ocorreu-lhe por instantes que estes momentos não fossem coisas habituais naquele lugar. Que se calhar aquela piada sem muita graça fizera a diferença no humor e consequentemente no dia de todos.
Sorriu para si.
Começaram então a dirigir-se para a herdade, um edifício com aspeto degradado e ligeiramente inclinado para a frente.
Entraram lá dentro e Gally, a pessoa que Joana menos queria ver, encontrava-se lá dentro.
Ela olhou de relance para ele, tinha o olho negro o que a deixou por momentos satisfeita.
Assim que este reparou na presença dela aproximou-se a passos largos.
- O que é que ela faz aqui??
Agora estava assustadoramente perto.
- Calma aí! - exclamou Newt pondo-se em frente à ela cortando o caminho a Gally.
- Há! Agora são namorados é?
Esse pensamento não suou tão nojento como Joana esperava o que lhe provocou um pequeno ataque de coração.
- Cala o raio da boca e ouve-me! Se lhe tocas quem é banido és tu isso garanto-te!
Gally recuou sem mais uma palavra.
Newt voltou-se para ela e olhou-a nos olhos:
- Isto não muda nada entre nós.
Depois afastou-se.
Thomas, que se encontrava logo a seu lado suspirou o que chamou á sua atenção.
- Estou bem não te preocupes. - disse ele calmamente com um leve sorriso
- De certeza?
- Sim estou só cansado e aquele chanco irrita-me.
- Mesmo, aquele cara de fu não faz nada de jeito. - respondeu ela.
Minho olhou para eles a rir.
- o que foi?
- Continuam a parecer ridículos quando usam essas palavras.
Minho seguiu então atrás de Newt, deixando Thomas e Joana sozinhos em silêncio.
Nenhum deles tinha vontade de falar. E o silêncio não era estranho mas sim reconfortante, até ser interrompido por gritos.
Gritos de puro terror vindos do topo das escadas.
Ela ia a correr escada acima quando Thomas lhe agarrou o pulso.
- É melhor não.
- O tal rapaz está a sofrer sabe-se lá o que lhe aconteceu??
Thomas parou para pensar antes de responder.
- Ele está a passar pela transformação. É o que acontece quando és picado pelos magoadores. - ele parou e concentrou o seu olhar no chão - é um processo doloroso em que se recuperam algumas memórias e não é bonito de ver... Ele chama-se Ben.
Ela parou para pensar. A curiosidade era demasiada.
-Não estás curioso?
- Estou admito.
- Vamos só dar uma espreitadela!
Ele ponderou e acabou por ceder largando-lhe finalmente o pulso.
- Ok pronto vamos mas só uma espreitadela.
- Assim está bem, vamos!
Subiram os dois às escadas velhas seguindo o barulho. Percorreram um corredor até encontrarem a porta certa onde os gritos suavam bastante mais altos. O rapaz gritava em plenos pulmões, os seus gritos penetrando nas cabeças de ambos criando uma dor que de certo duraria.
- Pronto? -perguntou-lhe ela assustada. Thomas acenou com a cabeça em jeito de resposta também ele parecendo assustado.
De repente os gritos cessaram. Não se ouvia um único som a não ser o da madeira a ranger sob os seus pés. Ela olhou novamente para Thomas como que a pedir autorização este acenou novamente com a cabeça.
A maçaneta de ferro velha e ferrugenta arranhava a mão de Joana e só aí se apercebeu da força que estava a aplicar. Sentia-se nervosa e por momentos considerou voltar atrás,
mas felizmente a curiosidade superou o medo e rodou a maçaneta.
Estava um rapaz deitado numa cama com péssimo aspeto. Parecia realmente doente, e pelo que ela sabia, estava.
Parecia estar a dormir, então Joana decidiu aproximar-se para ver melhor.
- Não - sussurrou-lhe Thomas mas ela ignorou-o
Chegou-se mais perto dele silenciosamente. O rapaz, Ben como Thomas lhe havia chamado, parecia dormir profundamente. Este tinha uma espécie de colar que lhe despertou ainda mais curiosidade. Aproximou-se e esticou a mão para o agarrar.
- Não acho boa ideia! - sussurrou Thomas agora mesmo atrás dela.
- Só uma vista de olhos...
Aproximou a mão e quando menos esperava os olhos de Ben abriram-se repentinamente fazendo-a dar um pequeno grito. Ben agarrou na mão dela e quase lhe torceu o pulso se não fosse Thomas a travá-lo.
Thomas recuou mas Joana não foi a tempo acabando por levar um murro. Uma vaga de dor surgiu-lhe no local fazendo com que perdesse o equilíbrio acabando por cair para o lado batendo com a cabeça.
Depois a escuridão invadiu-a e ela perdeu os sentidos.

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Capa nova provisória criada por uma amiga minha!
Espero que estejam a gostar da história!!

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