Capítulo 36 (p.2/2) - Virando o jogo

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[Em revisão]

Enquanto o detetive William fazia seu trabalho interrogando Douglas e ganhando tempo para que desse certo o plano dele, os dois policiais instruídos por Tony haviam se postado ao lado de um automóvel no estacionamento provisório portando um kit para moldes, muito usado em investigações em busca de marcas tridimensionais, e neste caso, estavam atrás de pegadas. O kit continha borracha de silicone como material principal, uma tigela, uma espátula e uma caixa de papelão.

Precisavam de no mínimo meia hora para que o molde secasse e ficasse pronto. William havia garantido que eles teriam tempo suficiente para executar a tarefa.

A pesar de raramente um molde ser uma amostra perfeita da pegada, serviria para uma comparação, por isso o molde era considerado uma prova de estudo.

Primeiro um dos dois policiais tirou fotos rápidas, mas detalhadas, das pegadas na lama. Depois, o outro misturou o material com água, utilizando-se de um saco plástico, do tipo ziploc, e mexeu rapidamente por dois minutos, até que atingiu a consistência de uma massa que lembrava a de panqueca. Logo após, despejou a maçaroca nas bordas da pegada mais bem impressa na lama, para que a massa escorresse para o centro a fim de impedir que o ar formasse bolhas. Depois de coberta a pegada, tinham que esperar até que endurecesse.

Bem que o detetive havia falado, tiveram tempo suficiente para que executassem a atividade de última hora. Quando o relógio marcou 35 minutos de secagem, eles retiraram cuidadosamente o molde. Não limparam e nem escovaram, pois isso poderia destruir ou danificar alguma particularidade ou detalhe do calçado. Então, puseram o molde no interior de uma caixa de papelão, cautelosamente, e transportaram a evidência até o laboratório para ser analisado.

**********

Tony, o perito mais especializado do DP da Cidade Esperança, estava neste exato momento com o rosto quase colado no chão da sala onde Juliet fora assassinada, na FHCE, para colher uma amostra bidimensional das pegadas deixadas naquele local.

Por sorte, ou simplesmente por um pequeno brinde do destino, poucas horas antes de os jovens invadirem a faculdade, faxineiros apressados haviam encerado o chão, e a pressa de acabar o serviço logo, no início do recesso escolar, fez com que uma quantidade considerável de cera - ao menos para a investigação minuciosa de Tony, e invisível a olhos nus - ajudasse na perícia.

Tony havia encontrado várias pegadas, claro. Mas um par delas chamou muito sua atenção.

Lembrou-se da posição em que o corpo de Juliet fora encontrado, por causa das marcas de sangue que haviam secado e grudado no chão. A equipe de limpeza ainda não havia limpado o local, justamente para manter algumas pistas a pedido da polícia, e num toque de lógica, percebeu que um par de pegadas embaixo do corpo fora preservado. Ou seja, o criminoso pegou a garota pelas costas e foi arrastando até o fundo da sala, quando a deitou no chão, o corpo de Juliet cobriu e preservou a impressão quase invisível no chão. Como o pessoal da perícia retirou o corpo segurando-o pelos membros superiores e inferiores até pô-lo na maca, as pegadas permaneceram intactas e não foram sobrepostas. Juliet, mesmo depois de morta, estaria preservando uma pista importante embaixo de si, dando uma dica para o destino solucionar o seu assassinato.

Com a testa suando e com uma concentração meticulosa, Tony levou o maior susto quando seu rádio emitiu um chiado que pareceu ensurdecedor naquele espaço vazio.

Era do laboratório, e o legista tinha mais um brinde naquele dia. Um fio de cabelo fora encontrado na capa utilizada no jogo, estava na parte interna da vestimenta. O cabelo fora analisado, mas basicamente era um fio loiro com a raiz preta. Sem dúvidas, um cabelo tingido quimicamente.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora