Capítulo 2 - Lar das pessoas inconvenientes

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Já estava sentada na quadra quando Suan chegou cheia de sorrisos.
Ela sentou do meu lado e me abraçou. Me pegando completamente de surpresa. Suan tinha um jeito único de ser carinhosa. Ou era extremamente exagerada ou totalmente desastrada quando queria demonstrar alguma coisa.

-Finalmente.- dizia ela aos gritos histéricos.

Mal conseguia falar devido a força que ela usava para demonstrar seu afeto. Do tipo de abraço que quase se parte o nariz em dois de tanto pressioná-lo contra o peito de alguém.

-Finalmente o que?- disse com a voz abafada pela blusa sua.

Ela me soltou e olhou seriamente para mim. Pelo seu olhar eu sabia que não estava sendo uma boa amiga. Que boas amigas já imaginam de longe o que aconteceu, assim como ela devia ter feito naquela manhã. Mas não conseguia focar no motivo daquela felicidade toda quando minha cabeça estava formando mil ideias sobre garotos bonitos e seus lindos olhos.

-Não acredito que não tenha percebido.

-Sinto muito Suan.- eu a olhava com aquela cara que só eu sabia fazer.

O melhor olhar da rainha do drama.

-Eu e seu irmão finalmente estamos juntos e você nem percebe. Como isso?- ela cruzou os braços no peito.

Apesar de ter ficado perdida no assunto quando ela chegou eu sabia exatamente o que ela queria dizer. Meu irmão tinha pensando muito no assunto enquanto jantávamos na noite anterior. Por estar perdida em outros pensamentos acabei por não ligar as coisas.

-Isso é mesmo verdade?- fingi que estava espantada.

Fingir espanto era uma das minhas habilidades mais desenvolvidas. Era praticamente impossível me pegar de surpresa em alguma coisa, os únicos que conseguiam isso eram os bancos sempre que chegava as faturas do cartão de credito da minha mãe.

-Sim.- seus olhos transbordavam felicidade e só aquilo já me bastou para querer abraçá-la outra vez.

Apesar de saber que ela gostava do meu irmão há muitos anos e estar bastante ciente das intenções deles naquela manhã, ver Suan daquele jeito me surpreendeu. Mais do que nunca eu tinha medo que ele magoasse os sentimentos dela, porem tinha certeza que nunca encontraria uma cunhada melhor que a minha melhor amiga. Parecia egoísta pensar assim, mas ela estava feliz, ele estava feliz e eu também estava. Todos ganhavam no fim das histórias.

Depois que nos soltamos, uma dos braços da outra, deixei que ela me contasse cada detalhe de como tudo tinha acontecido e de como ela se sentia. Era uma forma de dizer desculpas por não estar ligada no que acontecia a minha volta.

Ela não parava de sorrir enquanto falava do saboroso beijo dele. Tudo pareceu muito estranho uma vez que se ouvia sobre meu próprio irmão. Mas por ela eu engolia tudo, nem fazia cara de nojo quando ela falava das coisas que faziam com a língua, apesar de sentir vontade.

Quando o Sr. Felix entrou na quadra segurando um saco cheio de bolas de basquete ela já havia me contado no mínimo três vezes toda a história do primeiro beijo. Mas é claro, todas com ângulos diferentes.

Quando o professor largou o saco no chão com estrondo e a fez ficar quieta fiquei feliz em não ter mais que ouvir sobre a língua que tocava no céu da boca de quem.

-Suan?- gritou o professor assim que nos reunimos em um pequeno circulo.

-Sim professor?- disse ela.

-Você fica na direita.- disse ele apontando para ela. -E você Lexi fique na esquerda.

As duas obedeceram ao Sr.Felix sem dizer uma palavra. Não se discutia com o Sr. Felix nunca, ele costumava ser o pior professor quando se sentia desafiado. Então quase que em um pulo as duas seguiram para os lugares indicados.

1- A Telepata_ PersuadidosWhere stories live. Discover now