Capítulo 38- Era estupido prolongar aquela situação.

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Uma chuva pesada começou a cair quando eu estava quase chegando em casa. Parecia que alguém lá em cima estava decidido a tornar o meu dia ainda pior.

Me sentia arrasada e tão assustado que até mesmo os carros na rua me causavam medo ao passarem por mim.

Nem mesmo quando avistei a minha casa me senti segura.

As luzes estavam apagadas e aquilo me deixou inquieta. Só de imaginar o silencio que havia lá dentro já arrepiava os pelos da minha nuca. Mas assim que passei pela última rua, e cheguei mais perto, uma onda de alivio me percorreu ao ver que o carro do meu irmão estava estacionado na entrada da garagem.

Então corri ainda mais rápido, rezando para que ele estivesse sozinho e eu não tivesse que dar satisfações pela minha aparência.

Entrei pela porta e vi a luz da televisão iluminando a sala. Vozes vinham da cozinha, o único lugar clareado por uma lâmpada na casa.

Uma das vozes, identifiquei ser do meu irmão, a outra era feminina e eu mal podia ouvir.

-Quer parar?- sussurrou a voz desconhecida.

Meu irmão sorriu e eu ouvi alguns estalos. Parecia que ele beijava alguém.

Não queria ser indelicada, mas eu tinha mais urgência do que meu irmão tinha de trocar saliva com quem quer que fosse.

Entrei na cozinha às pressas, molhando todo o chão por onde eu passava. Meus cabelos estavam grudados na minha cara, minha roupa completamente encharcada e meus lábios gelados e arroxeados do frio. Me sentia morta por dentro.

-Bruce?- chamei por ele.

Então meu irmão virou e pude ver que Louise estava agarrada a seu corpo. Os dois arregalaram os olhos quando me viram, visivelmente preocupados com o meu estado.

-Onde você estava?- meu irmão foi o primeiro a dizer.

Então ele se afastou de Louise e veio na minha direção.

-Eu preciso sair daqui.- meus lábios tremiam.- Agora!

Louise também tentou se aproximar, mas eu recuei.

-Está tudo bem com você?- perguntou ela.

-Você está nos assustando.- eu quase podia ouvir o coração do meu irmão bater descompassadamente, mesmo na distância em que estava.

Olhei para os dois completamente devastada.

-Eles me encontraram! Eu preciso ir embora.

Não conseguia parar de pensar que aquela mensagem em meu celular era das pessoas perigosas que meu pai me alertou. Só podia ser aquilo, quem mais faria uma coisa daquelas? Quem mais seria tão desenvolvido daquela forma? Eu tinha medo de só descobrir, então não me permiti pensar.

Mesmo que não tivesse conseguindo enxergar naquela escuridão eu podia sentir que alguma coisa estava terrivelmente errada.

Tinha corrido por quase quinze quilômetros tentando ignorar o medo crescente dentro de mim, de que tudo estivesse perdido. Mas quanto mais próxima eu ficava de casa, mais eu sabia que não tinha muito tempo.

Meu irmão se aproximou de mim e colocou a mão sobre o meu ombro. E foi quase impossível não me encolher.

-O que aconteceu?- disse ele inspecionando minha testa. Ela tinha ficado com um hematoma enorme devido a pancada no escuro.

Eu não estava sendo clara, mas era difícil de parar depois da adrenalina que tinha corrido pelas minhas veias. A verdade é que durante todo o caminho eu tentava pensar em soluções para resolver aquilo, mas quanto mais eu pensava mais eu sabia que não tinha para onde ir. Precisava me acalmar, meu estado de pânico não estava me ajudando em nada. Então respirei fundo e olhei para o meu irmão.

1- A Telepata_ PersuadidosWhere stories live. Discover now