Dois

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Por Juliana

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Eu me chamo Juliana, tenho dezesseis anos, sou de São Paulo, mas moro com meus país no Rio a aproximadamente uns cinco anos. Moro em um condomínio de classe média alta, não que isso interesse muito. Tenho uma gata chamada Lore e uma melhor amiga que conheço desde que me mudei, chamada Camila.

Eu sou nerd. Gosto desse termo pois quando alguém quer saber algo sobre mim, isso já diz basicamente tudo. Então não preciso me enrolar toda para me explicar.

Tenho pais exigentes. Eles vivem me enchendo o saco por causa dos estudos, como se eu não gostasse de exercer as minhas responsabilidades na escola.

Meu pai é o mais carrasco. Ele é policial e tem uma idéia formada na cabeça de que eu preciso seguir seus passos. Ele vive me enchendo o saco com esse assunto. Como se eu quisesse.

- Bom dia. - eu puxei uma cadeira para me juntar a eles no café da manhã.

- Bom dia - disseram em uníssono. - Ansiosa para a volta as aulas? - mamãe perguntou.

Me servi com algumas coisas que estavam na minha frente.

- Não, exatamente. - responde ao mesmo tempo em que mordia uma torrada.

- Quero ver notas boas esse ano viu mocinha. - papai se pronunciou.

- Minha média é 8.9. O senhor sabe que ela nunca baixa.

- Mas pode subir. - ele falou. Suspirei.

- Sim, senhor. - os meus olhos reviraram-se discretamente sem que nenhum dos adultos pudesse ver.

- Juliana, você sabe que quando terminar os estudos, vai se preparar para fazer uma prova pra polícia, não é?

- O senhor me deixa esquecer essa droga por algum minuto no dia? - bebi o meu suco de laranja. - Eu já disse que não quero entrar pra polícia... Não quero andar com a sensação de que vou ter sempre uma arma apontada pra minha cabeça.

- Ser policial é muito mais do que isso...

- Pro senhor, talvez seja. - o encarei seria. Sempre discutíamos quando ele ia para esse caminho.

- Querida, esculte seu pai. - mamãe se inclinou sobre a mesa de mogno.

- Estou do lado dele ouvindo tudo. Mas parece que vocês estão fazendo ouvidos de loucos. - minha voz saiu em um tom de irritação.

- Baixa a bola, mocinha...

- Só queremos o melhor pra você. E se você fosse polícial seria um orgulho pra mim e me faria muito feliz. - ele conituava a insistir naquela droga.

- Então quer dizer que eu não sou orgulho agora? - olhei de um para o outro. Balancei a cabeça em negação, nem tomar meu café em paz podia - Certo. E a minha felicidade? Alguém além de mim se preocupa com ela? Os meus desejos? Eu tenho que proporcionar a vocês a felicidade que desejam, deixando a minha de lado, pai! Pareci justo pra vocês?

- Juliana, escuta seu pai. - mamãe repetiu.

- Estou escultando, só não vou fingir que concordo. - levantei as mãos como forma de rendimento para aquela conversa encerrar.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, terminei meu café super rápido e voltei para o meu quarto novamente. Não sai do quarto por nada, nem para almoçar.

Eu ficava mais revoltada quando eles não ligavam para o que eu queria ser. Simplesmente me jogariam em uma profissão que não seria minha escolha por nada neste muito. Tenho orgulho da profissão do meu pai, mas não me vejo exercendo. Meu pai parecia uma matraca com aquele assunto. Só falava desses tais concursos da polícia e isso já estava me deixando com tanto ódio.

Quando mamãe bateu pela terceira vez na minha porta, já se passavam das vinte horas. Passei o dia e a tarde toda ali e meu estômago estava doendo só pela falta de comida. Resolvi deixar meus livros de lado, tomei um banho e sai do quarto para ir jantar. Papai já tinha ido dormir. Mamãe estava na cozinha fazendo uma limpeza, trocamos algumas palavras, mas continuei com a minha cara de emburrada para ela saber que a minha opinião tinha importância. Comi a comida que ela separou no prato pra mim, lavei o que sujei e voltei para o meu quarto novamente. Me joguei na cama, coloquei Kell Smith pra tocar e me perdi em pensamentos.

Na manhã seguinte acordei por volta das por oito e meia da manhã. E só acordei esse horário por que minha amiga invadiu o meu quarto fazendo barulho e se jogou por cima de mim me fazendo gritar de susto e de dor.

- Acorda, Juliana. - ela disse puxando o meu edredom.

- Tá, louca? - gritei quando ela puxou meus cabelos e pulou na minha costa - Me deixa dormir, Cams.

- Já passou da hora de você acordar. - ela se jogou ao meu lado.

- Me deixa dormir. - resmunguei.

- Não!

- Já disseram que você é chata? - bate as mãos no colchão e levantei o troco.

- Você sempre diz isso. - ela sorriu com os olhos fechados.

Aquiesci, sorrindo.
Joguei-me por cima dela pra lhe dar um abraço nela apertado. Estava morrendo de saudades da sujeita. Ela havia passado grande parte das ferias dela na casa de sia avó. E por mais que nos falássemos todos os dias, não era suficiente.
Fui para o banheiro, tomei um banho demorado e voltei para o quarto. Cams estava me esperando deitada na minha cama mexendo nas minhas coisas.

- Que liberdade é essa em?! - bate com a toalha em sua bunda.

Ela riu, rolou para fora da cama e veio até onde eu estava. Closet.

- Então, vamos? - deu uns pulos empolgados na minha frente.

- Pra onde fofa?

- Praia amiga. Ou a gente pode curtir aqui mesmo na sua piscina. O que me diz?

- Praia, com certeza.

- Foi o que eu pensei. - ela afastou a alça da blusa deixando um pedaço do seu biquíni amostra - Arrume-se logo.

Fui bem objetiva. Coloquei biquíni cor de rosa, peguei o que precisava e logo nós duas saimos do meu quarto. Meus pais provavelmente estaria uma hora dessa no trabalho. Sim, as vezes eles trabalham no domingo, já estou acostumada a ficar sozinha. Mas hoje não. Hoje era meu dia de curtir com a minha amiga. Aproveitar o máximo.

Até por que amanha começaria as aulas.

- Então, pretende ficar até que horas? - pergunto.

Cams e eu não moramos no mesmo condomínio. Nós nos conhecemos na escola e desde então viramos carne e unha uma da outra.

- Amiga vou dormir na sua casa hoje, fiquei com saudades de você e resolve que amanhã iremos juntas para a escola. - passei um braço por seus ombros e lhe abracei forte.

- Que ótimo.

O sol estava maravilhoso. Estendemos toalhas na área e nos deitamos para pegar bronze, tomamos água de côco e fofocamos sobre futilidades. Cams me contou que a suas férias na fazenda de seus avós, não foram lá tão prazerosos assim. Exceto quando ela presença de Caio - um rapaz um pouco mais velho do que ela, que ajudava a cuidar dos cavalos.

As vezes parecia que a Cams sabia exatamente quando não estava bem. Ela simplesmente aparecia e alegrava o meu dia. Acho que ninguém mais poderia assumir esse cargo de melhor amiga em minha vida. Eu a amo demais e sei que posso contar com ela pro que der e vier, exatamente como ela pode contar comigo sempre.

Chegamos em casa super cansadas, tomamos banho e pedimos uma pizza. Eramos loucas pelos filmes da Marvel, então decidimos maratonar até que o sono viesse. Fizemos pipoca, fritamos nuggets e armamos os lençóis e travesseiros na sala mesmo.

O último dia de férias não poderia ter sido melhor.

Eu Escolhi Te Amar | Girls Love ✅Where stories live. Discover now