Capítulo 19

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Primeiro de tudo, quero agradecer pelos 3k e pouco.
Estou extremamente feliz,  obrigado a todos, vocês são fodas

Boa leitura!







Alexa
Hoje faz uma semana e meia que estamos em Amsterdã. Oque me lembra que falta exatamente 10 dias para a volta as aulas.

Sinceramente eu não sinto falta de casa, dos meus "amigos" que não tenho, da escola e infelizmente, do meu pai.

O pensamento me deixa doente, será que eu sou uma má filha por não sentir sua falta?
Eu deveria insistir mais com as ligações sem retorno?
Eu deveria voltar para casa imediatamente?

Eu não me pergunto se estou preocupada.
Porque estou.
É um fato.
Algo concreto que faço desde que me entendo por gente.
Me preocupar com meu pai ja está até no dicionário.

Se eu procurasse nele aposta que estaria la.

Preocupação: Estar constantemente preocupada com Dave; ato ou efeito de se sentir impotente; se sentir encurralada em um maremoto atrás de outro.

Sim, eu posso até visualizar.

O único problema não são as preocupações que me atacam.
É o medo também.
O medo de ele ter voltado a beber.
O medo de não ter alguém com quem possa conversar.

Mas então me lembro, ele tem esse alguém, ele tem Débora, ele tem o grupo de apoio os AA.

Mesmo antes ele tinha seu apoio.
A bebida.
Seus amigos do trabalho.
Eu.

Mas quando paro para pensar, me vem, eu servia de apoio para que?

Para o lembrar constantemente da perda de minha mãe.
Eu não penso mais que sou responsável por sua morte.

Luke me ajudou muito neste posto.

Mas ainda penso, eu sou tão parecida com ela.
Deve doer de verdade para ele me ver todos os dias, se lembrar de como a amava, e realmente pensar que sou culpada pela morte de sua amada.
Única mulher que ele pensou que amaria.

Será que mamãe estaria decepcionada com ele?

Sim, eu penso.
Estaria com nós dois.

Ele por ter sido um pai que não aguentou o fardo suficiente, precisou extravasar na filha, na sua única filha.
Eu me lembro quando tudo começou, como se fosse ontem.

Não foi da noite pro dia.

Minha mãe morre em um dia, no outro, ele bebe e me bate.

Não, nada disso.

Pode parecer idiota eu ter tido tantas esperanças sobre ele.
Mas eu sei que não era bobo.
Papai começou a beber gradualmente, um pouco mais a cada noite depois do jantar. Antes mesmo de me colocar na cama, ele ja tinha um copo de whisky, uma cerveja ou um conhaque em sua mão.

Eu era pequena, em meus 6 anos quando as surras de verdade começaram. Antes eram um tapa aqui, um pequeno soco ali.
Beliscões, nada tão grave como hoje.
Eu poderia aguentar as surras, a dor já havia a muito tempo se infiltrado em meu corpo e não me fazia mais tanto mal.
O que eu não poderia mais aguentar eram as violências verbais, elas sim doíam de verdade.

Mamãe!

Ela era tão doce, nunca, em nenhum dia se quer eu deixei de saber se ela me amava.
Todos os dias em meus 3 anos de idade ela me dizia que eu não devia temer sua morte, sim, eu era muito pequena, mas que apesar de tudo, ela nunca iria se arrepender de me ter, eu era amada.










PERIGOSO Where stories live. Discover now