09 // preparem o caixão

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Mariana

"Michael..." - chamei-o mas este estava a dormir todo esperneado. Levantei-me cuidadosamente e tirei a sua cabeça do meu colo com o maior cuidado possível para não o acordar. Fui até à mesa e sorri ao ver os papéis lá. Acabei de ler o que tinha começádo há umas horas atrás e percebi que aquelas letras não eram uma carta, nem nada do género, mas sim, uma composição. Abri o seu caderno acabando por encontrar mais letras. Tirei foto e guardei rapidamente o telemóvel.

"Hm... tou vivo, tou vivo. O que perdi do filme?" - perguntou enquanto se sentava e coçava os olhos. Sorri pela sua cena adorável e caminhei até ele.

"Nada de mais. Bem, adorei passar a tarde contigo mas vou ter de ir para fazer companhia no jantar à Mags. Até amanhã, Mikey." - debrucei-me para lhe dar um beijo mas acabei por cair no seu colo pois este puxou-me para um abraço.

"Hey? Mariana, estás bem?" - Margarida abanou-me enquanto eu fixava o ecrã do meu telemóvel, pensativa. - "Anda lá, fala comigo."

"Não se passa nada, Margarida. Vai dormir, já é tarde." - disse indo até à minha cama, sentando-me na mesma, ainda com as frases na minha cabeça.

Afinal ele estava-se a referir ao quê?

"Eu sei que se passa alguma coisa, não é normal estares assim tao séria." - suspirei e ela sentou-se à minha frente. - "O que te está a preocupar?"

"Fui a casa do Michael e li umas coisas, que bem... deixaram-me confusa." - suspirei olhando somente para as minhas mãos. - "Eu não devia ter lido porque não são coisas minhas. Mas eu sinto que ele anda triste."

"Como assim? Ele é um brincalhão de primeira!" - exclamou surpresa.

"Eu acho que ele campõe, tipo músicas, estás a ver? Só que... eram todas ao contorno da mesma ideia e isso está-me a deixar preocupada."

"Que ideia?"

"Um amor, Margarida. Um amor impossível ou nao correspondido." - tentei explicar. - "Era como se as músicas falassem de uma história e se completassem umas às outras. E eu estive a ver com mais atenção e faz todo o sentido. Ele gosta de alguém e está em sofrimento silencioso por isso mesmo." - sussurrei juntando todas as peças na minha cabeça. - "Lê." - dei-lhe o telemóvel.

"Can't look at you in the same light, Know what you did to my heart doesn't feel right, Yeah, my head's been tripping all night I need another point of view." - ela diz lendo baixo. - "Meu deus..."

"Agora nem sei se hei-de estar com consciência pesada por ter lido coisas que não me dizem respeito ou tentar saber mais para o ajuda." - grito frustrada.

"Hey! Olhem lá o barulho que já é tarde!" - revirei os olhos e ignorei a vizinha de cima.

"Vejam lá se não fazem mais daqui a pouco!" - resmunguei e Margarida deu-me uma chapada.

"Olha lá! Nem os conhecemos!" - ela disse chateada e eu encolhi os ombros.

"Estou-me a borrifar." - respondi. - "Em fim, continuando." - quando Margarida ia para responder ouve-se a campainha. - "A estas horas?" - caminhámos ambas até à porta e abrimos vendo uma Senhora por volta dos seus 60 anos.

"Precisa de algo?" - Guida perguntou amigavelmente.

"Oh, sim." - reconheci aquela voz. - "Sou a Senhora com quem uma de vocês falou desrespeituosamente. A do apartamento de cima."

"Oh, ela não queria dizer aquilo sabe..." - Margarida tentou-se desculpar com um pequeno sorriso nervoso.

"Sim, eu queria." - contra-argumentei.

"A partir do momento em que souberes que eu sou a Senhoria... oh, não, tu nao querias." - engoli em seco.

Eu só faço porcaria.

"Tu e a tua boca grande!" - Guida sussurrou para mim com um olhar mortífero.

É hoje, preparem-me o caixão.

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Opha, a Mariana sou eu na vida (sofia, yey, olá malta!)

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Com amor,
Sofia e Matts

Fresh kids • {lrh; afi}Where stories live. Discover now