Capítulo 13 (Parte II)

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No pequeno bilhete que se encontrava agora sob o domínio de Jordan, podiam-se encontrar as seguintes palavras em letras um tanto quanto garranchadas, como quem que as tenha escrito, estivesse com pressa demais até mesmo para se dar ao trabalho de disfarçar o nervoso que sentia ao pegar a caneta e usá-la para escrever:

"Talvez todos os beijos que você me deu na noite passada tenha me feito recordar o que eu tanto estava lutando para esquecer. Obrigado por isso. Mas, me desculpa por precisar ir."

Jordan relia as palavras que se pareciam romântica demais e intercalava seu olhar sonolento e cansado por conta da viagem, de Hanna para o papel e do papel para Hanna. Era como se ela quisesse pegar o papel de volta, mas, por alguma razão, não conseguia nem mesmo se mover a não ser, falar o seu nome que soou tão baixo que o homem precisou fazer um esforço para escutá-la e saber que não era só uma gozação que seu consciente traído estava lhe fazendo ouvir.

- Jordan. Eu posso explicar.

- Eu, Hanna, eu...

- Jordan, por favor.

- O que significa isso?

- Eu posso explicar.

- Você vai me explicar. Agora!

O homem entrou porta adentro e a mulher ficou para trás, observando-o, com medo.

- Entre, ou, vai querer que tenhamos essa conversa com você parada a porta?

- Você está nervoso e...

- Eu não estou nervoso! – Exclamou num grito. – Entre agora, Hanna. Agora!

Hanna calmamente fechou a porta e a passos lentos caminhou até o meio da sala onde um homem de roupas sociais caminhava de um lado para o outro, nervoso demais e vermelho demais, tão vermelho que ela não se surpreenderia se ele chegasse a explodir bem ali, na sua frente.

- Eu posso explicar tudo isso que você está vendo.

- O que estou vendo, Hanna? O que estou vendo a não ser uma mulher que me fez de idiota por todos os anos quando mantinha um relacionamento secreto com outro homem, em outra cidade? Foi pra isso que você me largou em Nova Iorque? Pra vir se encontrar com seu amante?

- Ele não é meu amante.

- Não? Meu Deus. Você é uma péssima mentirosa.

- Estou falando a verdade. Você não sabe o que está dizendo, não tem provas que...

- Você vai mesmo dizer que isso aqui não foi deixado por ele após uma noite as mil maravilhas às costas de um idiota que acreditava cegamente que aquela briga de noites atrás foi só uma tensão causada pela droga de um momento terrível em nosso casamento? Você quer que eu acredite nisso?

Hanna estava segurando-se em suas próprias mãos para não chorar, embora, sua vontade não fosse chorar e nem fazer nada relacionado àquilo porque até aquele segundo ela estava, digamos, consciente, embora o choque estivesse instalado por toda sua corrente sanguínea que pareceu entrar em êxtase quando Jordan ficou frente a frente com ela, estendendo em mãos o bilhete que ela desejava ler com seus próprios olhos e não com a voz de um marido irritado, transtornado e completamente traído em todos os sentidos possíveis.

- "Talvez todos os beijos que você me deu na noite passada tenha me feito recordar o que eu tanto estava lutando para esquecer. Obrigado por isso. Mas, me desculpa por precisar ir." – Riu debochado, grunhindo como um animal. – Isso não me parece com nada a não ser uma maldita carta de amor de dois amantes!

AmnesiaWhere stories live. Discover now