Capítulo 18

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Seis anos atrás...

A onda de calor em Nova Iorque pode vir a ser algo assustador para aqueles novos moradores que acham que terão facilidade para se adaptar com tais situações. É evidente: ninguém que viveu ondas de calor como as que acontecem em Nova Iorque, acha que pode passar pelas mesmas com facilidade, sem problema algum para se adaptar.

Uma mentira: não há tanta facilidade assim.

Então, como isso parece ser algo impossível para àqueles novos moradores que vem de cidades pequenas no interior da Pensilvânia, como Rosewood, parece mais do que impossível se adequar aquele calor sem parecer um louco e desequilibrado que prefere passar vinte e quatro horas debaixo de uma boa ducha fria ao invés de se refrescar com um ar-condicionado ou um daqueles ventiladores de teto, embora, em Nova Iorque, seja mais do que raro se encontrar um desses porque, convenhamos: quem diabos ainda possui algo desse tipo?

Provavelmente, um daqueles antiquados que curtem objetos desse estilo, mas... Hanna Marin e Caleb Rivers não se incluem nessa lista. Definitivamente não se incluem.

Também, não se incluem, nem um pouco naqueles moradores que passam sem problemas pelas ondas de calor que chegam a temperaturas inacreditáveis. Hanna, por exemplo, nunca pensou que um ser humano pudesse aguentar tamanha temperatura sem ser a temperatura costumeira de, por exemplo, uma sauna. É. Ela não imaginava que alguém poderia lidar com algo maior do que a temperatura de uma sauna, mas, sentiu isso em sua pele quando tudo começou a deixa-la mal humorada, mas, tudo mesmo.

Pobre Caleb. Aparentemente, de todos os moradores – sendo bem egoísta, vale ressaltar - ele era quem mais se sentia prejudicado por toda aquela situação, afinal, sua namorada não queria sob hipótese alguma, por exemplo, um abraço quando ele queria abraça-la. Ou queria beijá-la e permanecer, por exemplo, outra vez, abraçados num sofá à meia noite, rindo de talk-shows e se esbanjando com diversas guloseimas que era o que não podia faltar em sua dispensa.

É. Hanna não queria mesmo estar grudada à alguém porque a deixava nervosa e mau humorada e mais uma vez, nervosa. Quando, então, Caleb chegava sorrateiramente e a abraçava forte, ela logo sentia uma agitação tomar conta de sua pele e relutava para não se desmanchar nos braços dele porque, por Deus, era impossível não se deliciar naqueles braços e ela queria, queria sim, mas o calor, bom, o calor fazia com que isso parecesse irritante, logo...

Chegou o momento em que o rapaz não soube lidar com isso. Havia, ou melhor, precisava haver uma forma de deixar Hanna mais calma e livre de toda aquela agitação e estresse, então, sem pensar duas vezes, usando sua roupa mais fresca – e Caleb não se sente tão confiante assim com seu estilo de, bom, veraneio se é que é assim que se pode chamar – ousou preparar alguns lanches na cozinha do apartamento que dividia com a namorada e tão logo assim rumou para esperar por ela na saída de seu estágio, parado próximo à uma mureta, de óculos escuros e uma cesta que poderia fazê-lo ser comparado com um vendedor de rua de tão chamativa que era aquilo que segurava em mãos. Vez ou outra chegava a sorrir para algumas senhoras que o encarava e vez ou outra também, precisava ignorar olhares furtivos de garotas que passavam e o achavam, digamos, bonito.

Até que o principal olhar, o principal olhar, também se sentisse meio perdida e balançada diante daquela cena: Hanna ficou meio que paralisada quando, saindo do prédio de arquitetura um tanto quanto antiga, se deparou com o namorado e seu belo sorriso de lado.

Àquele ângulo, Caleb parecia ter saído de um dos típicos filmes de Hollywood que ela passara a adolescência vendo na companhia das amigas. Mas, aquilo, aquela visão, não era vinda de um filme típico de Hollywood. Aquela era a visão que ela tinha todos os dias, desde a hora de acordar até a hora de dormir. Era com aquele sorriso que começava o dia e era naqueles braços que adormecia quando o dia lhe exigia mais do que podia dar. Então, foi exatamente para tais braços que Hanna caminhou após se despedir rapidamente de seus mais novos colegas de estagio; Pouco se importava se estavam prestes a assistir a cena que veio a seguir:

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