Capítulo 23

291 21 4
                                    

Nova Iorque e Pensilvânia não eram tão distantes assim, mas Hanna e Caleb se sentiam distantes por inúmeras razões, talvez, uma delas, para não dizer a maior delas, fosse o seu casamento que estava separando-os, deixando-os em mundos diferentes quando tudo o que queriam era ficar juntos.

De inicio, o que Hanna estava fazendo, era mais do que certo, ao menos, custou-lhe entender que era certo, afinal, estava tentando buscar formas de livrar-se de Jordan a todo custo e para isso, precisava abrir mão de algumas coisas como, por exemplo, de estar ao lado do homem que verdadeiramente amava. Mas o que mais lhe doía, naquele instante, não era estar distante dele nem tampouco estar abrindo mão de estar com ele naquele mesmo segundo. O que lhe doía, era seu silêncio do outro lado da linha. Doía-lhe tanto que tudo o que desejava fazer era quebrar a distância entre eles, segurar seu rosto entre suas mãos e beijá-lo até fazê-lo entender que o que fizera não era necessariamente o que desejava fazer, porém, não havia formas melhores para por em prática o que era preciso para se fazer se desejassem mesmo ficar juntos.

A história deles não era o tipo de história que merecia ser vivida atrás de paredes de prédios como se fossem dois adolescentes fugidos da lei. Não; Eles não eram mais adolescentes, eles eram adultos e adultos tem seus problemas e precisam correr atrás para solucioná-los mesmo que as soluções atingissem limites que eles não sabiam como lidar. O limite, porém, que estava sendo colocado entre eles agora, não era quatro paredes nem tampouco o que usavam para mascarar o que sentiam. O limite agora era uma distância que Hanna precisara colocar para aprender a lidar com seus obstáculos, os próprios obstáculos que criara por simplesmente ser fraca demais para assumir que não superara Caleb quando tivera a chance.

Agora? Agora não consegue deixar-se de culpar a si mesma por tudo a que estão passando e mais uma vez, sentada em sua cadeira, em seu escritório, por volta das nove da noite, tenta, novamente, chama-lo quando sabe que provavelmente ele lançara o aparelho telefônico na parede mais próxima por sentir raiva por deixa-lo para trás quando ouvira dele próprio, as seguintes palavras: onde quiser que eu esteja eu estarei, com você.

Como poderia ela, dizer a ele que o desejaria ao seu lado quando sabia no mais profundo de seu interior que, por maiores que fossem seus medos e suas necessidades, Caleb houvera criado uma vida depois do término deles e seria bastante injusto para com ele, trazê-lo para Nova Iorque quando sabe que, bom, ele tem seus próprios problemas. Ou melhor, dizendo, ele tem seus próprios trabalhos a serem feitos.

- Droga! – Xingou logo após praguejar mentalmente, ao ter sua terceira ligação negada. – Por que simplesmente não torna isso mais fácil para mim? Por que sempre precisa ser assim? Porcaria!

Levantar da cadeira que se localiza na frente de uma janela que vai do chão ao teto, ir até o sofá, sentar-se no mesmo e em seguida voltar para frente da janela... Tudo isso e muito mais fora feito por Hanna desde que o rapaz ligara para ela e ela em piloto automático o pedira perdão por ter deixado Rosewood sem avisá-lo. Era mesmo de se esperar, então, que ele se recusaria a conversar com ela, porém...

- Eu sou insistente e você precisa... – Falava enquanto chamava por ele mais uma vez até que do outro lado da linha uma voz um tanto irritada a atendeu. – Por que diabos você me faz tentar tanto por uma ligação quando estava todo esse tempo com o celular em mãos?

- Porque não estou em um bom humor para te ouvir.

- Como é que é? – Ela meio que riu e levantou-se, caminhando para o meio da sala, tentando não surtar. – Caleb, você precisa me ouvir. Não pense que fazer isso foi algo fácil para mim.

AmnesiaWhere stories live. Discover now