Capítulo 16

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Havia tempos que Caleb Rivers não sabia como era dormir bem. Havia tempos que Caleb Rivers não sabia o que era sentir-se aliviado, relaxado e calmo. E havia tempos que Caleb Rivers não sabia o que era ter Hanna Marin ao seu lado, repousando com a serenidade de um anjo, repousando como se nada mais a incomodasse porque estava ali, deitada junto a ele, com sua respiração calma fazendo com que seu peito subisse e descesse num ritmo perfeito.

Poderia vir a ser loucura observar até mesmo isso? Prestar atenção aos mínimos detalhes que ela nem mesmo se dava conta, que, bom, estava sendo assistida? Se sim, o rapaz não se importava nem um pouco em se parecer com um louco porque estava ali, ao lado da mulher que amava depois de acordar do que parecia ter sido uma madrugada turbulenta demais.

Para não dizer, extremamente turbulenta.

Mas para seu terrível azar a campainha de seu apartamento soou forte indo em direção a seus ouvidos. Praguejou. Não queria de forma alguma acordar Hanna, pois, era fato, ela estava confortável naquela cama. E ela estava linda. Era como se fosse uma pintura de um artista famoso por mais que ele não fosse tão fã de arte, assim. Porém, se Hanna pudesse ser algo naquele momento, se parecia muito com uma pintura que ele provavelmente teria ciúmes de dividir com o mundo. Então, por um momento, se deu conta de que aquela imagem já tivera visto por outro alguém, logo, numa plena e perfeita confusão, Caleb também se deu conta de que não era Jordan quem havia a colocado para dormir em seus braços na madrugada que fora embora. Houvera sido ele próprio e para seu coração, tudo estava bem.

Não tão bem assim porque a contragosto precisou criar coragem para levantar da cama cuidadosamente a fim de ir atender quem quer que esteja perturbando àquela hora da manhã – o que já não era tão cedo assim, afinal, era quase onze horas, em pleno Domingo: as pessoas de Rosewood não sabiam mesmo o que era ter um sono tranquilo.

- Droga. Já vai. Espera!

Reclamava baixo com receio de que aquela altura a mulher já pudesse estar desperta, porém, suas reclamações, as de Caleb, foram silenciadas quando abrira a porta e se deparara com um Lucas parado com um olhar um tanto quanto sério.

Se Lucas estivesse à sua porta, para brigar, não daria ouvidos com tanto sono.

- Bom dia.

Ao menos, o amigo lhe cumprimentou, mesmo que sério como um robô.

- Bom dia. O que está fazendo aqui tão cedo?

- Cedo? São quase doze horas, Caleb. Posso, hum, entrar?

- Você não veio até aqui para ficar na porta, eu suponho.

- Que bom que ainda consegue ser um pouco inteligente.

- O que quer dizer com isso, babaca?

Lucas finalmente lhe deu um riso fraco e adentrou, olhando com olhos um tanto quando decepcionados ao ver a bagunça que se fazia aquela sala. E havia a jaqueta que Hanna usara na noite passada, para não dizer madrugada, jogada sobre um dos sofás.

Não queria mesmo chegar a pensar no que eles puderam ter feito ali.

Caleb, então, não sendo nem um pouco burro, riu do olhar meio traumatizado que se formava no rosto do amigo e dando-lhe um tapa de leve em seu ombro, debochou, dizendo:

- Não se preocupe. Vá em frente, sente. Não fiz o que acha que fiz, com ela, aí.

- Com ela, não, mas com outras...

- Não seja idiota, Lucas. Vamos, sente.

Como quem realmente estava cheio de receio, Lucas olhou novamente para o sofá e meio que ouviu um muxoxo de um Caleb que estava desacreditado por ele estar reagindo assim. Ou, por estar reagindo assim por, hum, estar com ciúmes de Hanna, afinal, pegou a jaqueta da mulher e apertou entre seus dedos, fazendo então, de um segundo para o outro, seu pensamento mudar ao ouvi-lo dizer:

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