Capítulo dois: Mortos

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Já que havíamos pulado e reclamado do cheiro ruim antes, o odor só aumentou cada vez mais que descíamos pelo buraco. E finalmente aterrissamos em algo.

— Eu achei que iríamos cair em algo mais sólido. — disse Justin.

E realmente ele tem razão. Nós dois caímos em cima de algo mole, mas ao mesmo tempo era duro. Eu não sei explicar e estava escuro.

— É impossível respirar aqui! — disse Justin.

— É impossível enxergar também. — digo.

— Espere um pouco. — disse Justin.

O Justin lembrou que neste lugar havia uns insetos voadores, semelhantes aos vaga-lumes e que com vários deles por perto, haveria luz suficiente para enxergarmos no que estávamos pisando.

— Parabéns, você pensou em algo! — digo.

— Você é uma palhaça. — resmungou Justin.

Dito e feito. O Justin conseguiu atrair os insetos e nós conseguimos enxergar um pouco aonde estávamos pisando e não era coisa boa.

— Meu Deus, Spencer, são cadáveres! — disse Justin.

— Droga! — digo. — Vamos embora daqui!

Nós saímos correndo, mas com um pouco de dificuldade por conta da quantidade de pessoas mortas que haviam aqui. Enfim, conseguimos.

— Eu quero sair daqui! — gritei.

— Spencer, calma. Nós precisamos encontrar os outros. — disse Justin.

— Nós dois vamos morrer aqui que nem eles. — digo.

— Nós vamos encontrar nossos amigos. — disse Justin.

Eu sei que o Justin estava tentando ser positivo para me deixar calma, mas não estava funcionando. Nós dois decidimos andar mais um pouco e encontramos um muro.

— É um muro? — perguntei, confusa.

— É o que parece. — respondeu Justin.

O tal muro parecia estar revestido com uma lama gosmenta. 

Eu coloquei a minha mão para ver se havia um outro lado e eu estava certa, aquilo era uma passagem.

— Nós podemos atravessar. — digo.

— Você tem certeza? — perguntou Justin.

— Sim, eu tenho. — digo. — Vamos.

E assim atravessamos a passagem. Era um outro lugar, onde havia um riacho e uma ponte para atravessarmos.

— Aqui pelo menos está mais iluminado. — digo. 

— Sim, os vaga-lumes estão mais concentrados por aqui. — disse Justin.

— Vamos passar pela ponte, deve ter algo mais a frente. — digo.

Quando nós dois subimos a ponte, demos conta de que havia um cheiro ruim pairando no ar.

— É aquele cheiro de novo, Spencer. — disse Justin.

— Deve ser porque há algum corpo ali em baixo. — digo. — Nós precisamos ver.

— Está bem. — disse Justin.

E nós voltamos o caminho e seguimos o cheiro, até encontrarmos a fonte.

— Aquele cabelo enrolado... É a Clarice! — gritei.

Sem heistar, eu corri até onde ela estava, mas pelo estado, já era tarde. A Clarice estava magra e aparentemente desidratada.

— Nós chegamos tarde. — digo, com lágrimas nos olhos. 

— Eu sinto muito, Spencer. — disse Justin.

— Ele deve ter a trazido para cá para ela beber água ou sei lá. — digo. — Não quero acreditar que um monstro qualquer trás as crianças para uma realidade paralela para simplesmente deixá-las morrer.

— Eu não sei nem mais o que pensar. — disse Justin. — Nós ainda podemos ter as chances de encontrar o Willian vivo.

— Sim, mas onde ele deve estar? — perguntei.

— Não sei. Nós vamos ter que andar até o acharmos. — respondeu Justin.

— Eu estou cansada, esse lugar é frio e eu não aguento mais. — digo.

— Força, Spencer, nós iremos conseguir! — disse Justin.

— Será que teremos chances de achar a Amberlly viva também? — perguntei.

— Eu acredito que não. Se nós formos pela lógica, ela já não deve mais estar viva. — respondeu Justin.

— É, se a Clarice não está... — digo. — Eu tenho tantas perguntas, sabe? Eu nem acreditava nisso tudo e olha só no que deu. E que lugar é esse afinal de contas?

— Eu acho que aqui é a casa dele. — disse Justin.

— Bom, se esse lugar é a casa, tem que ter um lugar para ele se esconder. — digo.

— Pode ser. — disse Justin. — Mas esse lugar é muito grande, deve demorar para acharmos.

— Mas nós vamos encontrar antes que o nosso tempo acabe. — digo.

Então, o Justin e eu fomos andando. Me doeu profundamente ter que deixar a Clarice ali, sozinha, mas dessa vez eu não poderia fazer nada.

— Já parou para pensar que o Slender pode ser uma pessoa boa? — perguntei.

— Não, isso é loucura. — disse Justin.

— E se ele é alguém muito solitário e sequestra as crianças para não ficar sozinho. — digo.

— E por que só as crianças? — perguntou Justin.

— Porque as crianças são seres cheios de energia e transmitem alegria. — respondi.

— E de onde você tirou isso? — perguntou Justin.

— Eu não sei. Eu pensei nisso agora. — respondi. — Nós temos que nos basear em alguma teoria.

— Spencer, eu não quero cortar o seu barato, mas isso não faz sentido. — disse Justin.

— Você é um idiota. — resmunguei. — O Willian concordaria.

— Eu duvido. — disse Justin. — Olha, iremos deixar essa sua nova teoria de lado e pensar em algo melhor.

— Está bem. — bufei.

A minha vontade naquele momento era de dar um soco no rosto do Justin, mas eu tive que me conter. Eu só acho que não custava nada ele dar um pouco de credibilidade para a minha teoria. 

Enquanto andávamos pelo meio do nada, cheio de insetos voando e água por todo o lado, o Justin avistou um corpo no chão.

Slender Man - O Conto [Livro 2]Where stories live. Discover now