Capítulo oito: Nós vamos embora

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E depois de muito tempo eu finalmente tive uma boa noite de descanso.  Assim que eu acordei fui ao banheiro fazer a minha higiene pessoal e depois eu segui para a cozinha.

— Bom dia, mãe! — digo.

— Bom dia, filha! — respondeu. — Eu preciso te dizer algo.

— Está tudo bem? — perguntei, confusa.

— Não. Nós iremos sair de Hallstatt. — respondeu minha mãe.

— O quê? — perguntei, surpresa com a notícia. — E para onde iremos?

— Nós vamos para Innsbruck. E eu tomei essa decisão porque estou com medo de algo acontecer novamente. — respondeu minha mãe.

— Mas mãe, esta cidade para qual você quer ir é um pouco longe daqui. É a capital. — digo. 

— Olha, filha, eu sei que você não quer ir embora daqui, mas é necessário. Eu não posso arriscar te perder novamente. — disse minha mãe.

— Mas eu estou bem! Acabou tudo! — digo.

— O Willian também irá embora, Spencer. Ninguém quer passar por isso de novo. — disse a minha mãe.

— Eu não vou! — gritei.

— Você vai porque eu sou a sua mãe e quem manda sou eu. Vá arrumar as suas coisas agora! — disse minha mãe.

Saí emburrada e voltei para o meu quarto.  

Eu não quero sair daqui, apesar de tudo o que aconteceu. Eu posso até ir embora, mas eu voltarei.

Eu havia terminado de arrumar as minhas coisas e desci com as bagagens.

— As minhas coisas estão aqui. — digo.

— Que ótimo! — disse a minha mãe. — Bom, eu acabei de falar com a moça responsável pela casa que ficaremos e a mesma disse que nós podemos ir agora para lá.

— Como assim? E as nossas coisas? — perguntei.

— Nós voltaremos para buscar depois, a casa lá já está com mobília. — respondeu minha mãe.

— Está bem. Eu posso falar como Willian pelo menos? — perguntei. 

— Eu falei com a mãe dele mais cedo, eles já saíram da cidade. Vocês podem se falar depois pelas redes sociais. — respondeu minha mãe.

Eu não disse mais nada, só fui entrar na carro para irmos embora. 

Quando a minha mãe ligou o carro e nós seguimos viagem, eu percebi que havia deixado tudo para trás.

— Eu não acredito que isso está acontecendo. — digo. — Me fez largar tudo.

— Foi para o seu bem, Spencer. Eu não queria que você sofresse mais. — disse minha mãe.

— Mãe, acabou. Não existe mais portal, nem Slender Man. — digo.

— Pode até ser, mas não existe garantia nenhuma de que isso possa voltar a acontecer. — disse minha mãe. Eu só quero te proteger. 

— Ah, que ótimo! — digo, ironicamente.

— Filha, vai ficar tudo bem! — disse minha mãe.

— Não, não vai ficar! Eu quero voltar para Hallstatt. Lá é meu lugar. — digo.

— Calada! Você não tem que querer nada! — minha mãe gritou.

— Se eu soubesse que iria ser assim, eu teria ficado com o Slender mesmo. — digo.

— Que droga, Spencer! Eu estou tentando proteger você. Não quero que você suma. Eu sofri por meses sem você! — minha mãe gritou.

— Eu apenas estou falando a verdade. Você poderia ter pelo menos pedido a minha opinião sobre isso. — digo.

— Você precisa me entender. — disse minha mãe.

— Não, eu não preciso. — digo.

Nós ficamos quietas a viagem toda, então eu acabei adormecendo.


[...]


— Spencer? — ouço.

— O quê? — perguntei, abrindo os olhos.

— Nós chegamos. — respondeu minha mãe.

Eu saí do carro e olhei para a casa. Era antiga, mas era bonita, isso eu tenho que admitir.

— Eu posso entrar? — perguntei.

— Sim, pode. A moça disse que você pode encontrar uma cópia da chave da porta da frente embaixo do tapete. — respondeu minha mãe.

Eu fiz o que a minha mãe havia dito e encontrei a chave, assim que eu entrei pude perceber que a casa era bem mais bonita por dentro.

Nós duas começamos a guardar as coisas que estavam no carro dentro da casa.

— Eu já terminei. — digo.

— Você pode ir brincar, se quiser. — disse minha mãe.

— Tá bom. — digo. — Mãe, para onde o Willian foi?

— Ele foi para Viena. — respondeu. — Os pais dele decidiram que era melhor. 

— É bem mais longe. — digo.

— Vocês dois podem se falar pela internet. — disse minha mãe.

— Mas não é a mesma coisa. — digo.

— Vocês terão que se esforçar. — disse minha mãe.

Eu não falei mais nada, só saí em direção ao lado de fora da casa. Eu fiquei observado pelo muro algumas crianças brincando na rua, eu poderia me juntar à elas, sempre fui muito boa em fazer amizades. Mas não, eu queria os meus amigos de volta. É difícil ter que se acostumar com as perdas da vida, mas eu precisava ser forte. 

Slender Man - O Conto [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora