CAPÍTULO CINCO

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5. A família Pieterson, planos previamente pensados e o questionário ciumento.


ISAIAH CAMERON

     Eu juro que odeio encontros de família.

     O meu ódio tem algumas restrições como a minha adorada avó que completou o septuagenário aniversário no passado sábado, mas, de resto, tudo podia ir arder no inferno a começar pelos meus primos e acabar nos meus tios irresponsáveis. Passo a explicar porquê: a festa de aniversário foi em minha casa e dado o calibre da aniversariante, a mesma trouxe os filhos, netos e bisnetos às costas porque não é todos os dias que se celebra a meta dos setenta. Neste evento, como o mais velho dos adolescentes, tive o cargo de tomar conta dos putos e dos mais crescidos desmiolados, que penso que nunca souberam o que é levar com um berro na cara. Para além de terem andado a correr pela casa sujeitos a darem cabeçadas às ombreiras das portas e eu que andasse a gastar o meu físico a correr atrás deles, aquando do momento de receberem o bolo, os diabretes começaram uma guerra de comida. Adivinhem quem levou com o bolo todo. Eu! E o que é que os meus tios fizeram? Absolutamente nada. Depois de lhes ter mandado à merda com linguagem adequada a crianças de oito anos, fui tomar banho como pessoa normal que sou e, para melhorar a tarde que estava totalmente tranquila, apanhei a minha prima de quinze anos a espreitar pela porta enquanto eu estava na banheira a ensaboar-me! Quem é que levou por tabela? O Isaiah porque mandou a rapariga encher-se de moscas aos altos berros.

     No entanto, eu amo a minha avó.

     Após conseguir sair da entrada onde se obtêm todas as fofocas da semana, dirigi-me de imediato para a sala onde ia ter Matemática com o polaco. Posso ter alguma dificuldade em perceber o que ele diz, porém consegui fazer todas as tarefas que ele propôs no domingo e sinto-me bem quanto a isso. Adentrei pela sala sombria e procurei pela única pessoa com quem eu me digno a conversar na minha turma, o Nicholas. Ele estava com um ar deplorável e se não fosse o pólo que ele envergava, eu poderia muito bem dizer que ele tinha vindo diretamente da cama. Sentei-me ao seu lado e olhei para ele, sentindo o fedor a suor noturno vindo dele e retirei o meu perfume de SOS dentro da mochila e borrifei-lhe na cara.

– FODA-SE! O QUE É QUE PENSAS QUE ESTÁS A FAZER!? – Questionou enquanto enxotava o cheirinho do meu frasco milagroso. Primeiramente, fiquei impressionado como o rapaz teve a audácia de me gritar porque ele é o senhor-contra-gritaria e, por último, eu devia mandar-lhe pedir-me desculpa por não aceitar o aroma dos deuses, no entanto, ele está rabugento e talvez, mas só talvez, o ia provocar mais.

– A tentar tirar esse fedor a doninha. – Ripostei, acabando por guardar o perfume na mochila. – Se me vou sentar aqui, tu tens que ter um cheiro minimamente decente. Mas, conta-me, já ouviste falar sobre o ato de tomar banho?

– Já, claro que já, mas aconteceu uma cena que eu não me orgulho nada ontem... – Ele acabou por confessar, enterrando a cara em ambas as suas mãos, o que implicou a abertura das asas humanas e vi-me obrigado a pegar no caderno e abaná-lo na direção das suas axilas. – Fui sair com o Dylan e bebemos demasiado. Quando cheguei a casa, os meus pais disseram que não me deixavam entrar naquele estado e fui obrigado a dormir no jardim.

     Gargalhei tão alto e com tanta vontade que deixei cair o caderno no chão e o resto das pessoas começaram a olhar na nossa direção. Os pais do Nick são icónicos no que toca a educá-lo. Eles para incentivarem o rapaz a lavar a louça que suja, foram capazes de acumular todas as peças que ele colocava na banca lá até que ele se fartasse e as fizesse serem úteis outra vez. A mesma técnica foi utilizada no que toca a roupa suja espalhada pelo chão do quarto. Houve uma vez que fui a casa dele e, no momento de entrar no quarto, reparei que a roupa fazia de chão da divisão e a mãe do Nicholas veio ter connosco e disse:

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