CAPÍTULO NOVE

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9. O Dr. Pieterson, a especulação de um alguém e a possível descoberta.


ISAIAH CAMERON

     O tão esperado, ou não, fim de semana tinha chegado e eu estava enfiado em casa do Nicholas. Antes de explicar qualquer outra situação, ainda estava impressionado pelo facto de conseguir ver o soalho do quarto do rapaz, visto que ele era apologista de ter uma camada de carpete vestuária, e até que se podia respirar aqui dentro. Nada de odores masculinos, porém havia ausência de ambientadores. Nos seus móveis não jaziam algum tipo de produto masculino cheiroso ou de cuidado de pele, nem na casa de banho, pois eu vi-me no direito de vasculhar os armários da família Pieterson, o que me levava a entender que o meu querido colega necessitava urgentemente de uma intervenção minha nesse sentido, apesar de que aquele momento constrangedor antes da aula em que ele parecia que tinha dormido no contentor do lixo – na realidade, foi no relvado do jardim – tinha sido um acontecimento exclusivo até então. Contudo, sejamos realistas, mais vale prevenir do que remediar, não estou certo?

     Claro que estou.

     Para além de verificar se Nick andava ou tinha consciência para se tratar vaidosamente, também tive a destreza de reparar o que é que ele tinha no quarto no âmbito de hobbies e decoração – não que fosse muito importante para mim, mas não tinha mais nada que fazer antes de passar para o momento de consultório com ele. Então, durante os longos momentos de investigação, reparei em vários livros pousados por cada canto da divisão e todos eles eram de ficção. Mas agora pensam vocês: ficção científica. Mas agora digo-vos eu: ficção adolescente. Pois é, o meu querido Nicholas é um sentimental com uma vida incrivelmente monótona e triste que precisa de se alimentar com histórias inventadas por quarentões. Não é que eu me tenha surpreendido, todavia, achei que ele precisasse de ler outro tipo de género. Um género mais cativante, mais macho. Aquele tipo de conteúdo que prende o leitor durante tanto tempo para que se sinta satisfeito no final. Claramente que estou a falar de livros policiais, mas é preciso ter cuidado com o tipo de enredo e escritor, pois podemos ter em mãos histórias da carochinha e sem entusiasmo nenhum. Pessoalmente, gosto de histórias que me façam pensar que sou a personagem principal e que, de qualquer maneira, tenho que conseguir livrar-me de um problema, ou resolver o grande enigma. Contudo, o Nicholas não pensa o mesmo que eu.

     Ainda na área da decoração da confusão que é o quarto do meu amigo, ele tinha muitas lembranças dos sítios que tinha ido com os pais. Na parede, ele tinha um quadro de cortiça pendurado para que colocasse as suas memórias fotográficas, onde se podia encontrar quando ele foi a África para o safari, Paris ver a torre Eiffel, Irlanda beber umas cervejas, Holanda para andar de bicicleta... Também possuía objetos decorativos como porta chaves e placas vintage a dizer BEM VINDO A dos locais respetivos.

     E, por fim, lá estava Nick com o seu cabelo meio encaracolado meio sem pentear, sentado na sua humilde cadeira da secretário enquanto eu permanecia deitado na sua cama bastante confortável, à espera que ele desse início à sessão. Nós fazíamos sempre isto quando algum de nós, maioritariamente eu, tinha algum problema a azucrinar a cabeça e, quando estamos a falar de mim, também só recorria a Nicholas nos momentos em que Kia não estava disponível.

– Então, qual foi o imprevisto da tua melhor amiga? – A voz normalmente baixa dele fez-se soar, levando-me a crer que a consulta tinha começado.

– Olha, se eu me rir a contar-te isto, tem que ficar apenas entre nós.

– Porque é que te haverias de rir?

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