CAPÍTULO CATORZE

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14. A confusão, o chat e o equívoco.



ISAIAH CAMERON

– Desculpa-me o termo, mas tu és muito estúpido! – Nicholas elogiou-me, no meio dos adolescentes sedentos pela imagem do autocarro ao fundo da rua. Olhei-lhe da forma mais fria que consegui, no entanto, ele fez-se de homem forte e prosseguiu o seu grande sermão enquanto eu tentava não ser enlatado, como se fosse um atum, pelas duas miúdas que estavam atrás de mim a cochichar. – Eu disse-te, expressamente, para a convidares para sair. Tu é que não ouviste as minhas indicações! Agora estás amuadinho porque não fizeste o que eu te disse. Os sonhos não nascem nas árvores!

– Bla, bla, bla! Já sei que errei, caramba. Para de me atirar isso à cara. – Pedi, em súplico, sabendo profundamente que tinha metido a pata na poça. Nunca fugir à vossa personalidade, um conselho de amigo. – Eu não pensei que ela ficasse tão agarrada... – Hesitei, trocando um olhar com ele, pensando na hipótese de omitir o que sentia, todavia, era o Nick que estava a dar-me na cabeça, ele não merecia. – ... A vocês.

– Oh! Estou a sentir uma pitada de ciúmes. São ciúmes? – Ele perguntou, aproximando-se demasiado da minha cara. – Ciuminhos? – Neste momento, o meu campo de visão eram somente os olhos castanhos esverdeados do rapaz com aquela voz igualada a uma criancinha irritante a ecoar-me pelos ouvidos.

– SAI DE CIMA DE MIM! – Pedi, expressamente, fazendo com que ele saltasse com o susto, porém não lhe pedi desculpa. O rapaz lá se recompôs assim como as duas miúdas que estavam atrás de mim, pois, graças ao meu pedido dirigido a Nicholas, elas decidiram fazer o mesmo. Encarei o lado oposto e respirei fundo, chateado comigo mesmo. Ciúmes... A onde isto chegou! – Eu não posso estar a sentir ciúmes. – Confessei, sincero. – Nick, isto não está certo.

– O quê? Gostares de alguém? – Questionou ele como se estivesse a constatar o óbvio. – Isaiah, primeiro fico feliz por parares de atirar areia para os teus próprios olhos.

– Eu não disse nada disso...

– Como queiras! – Disse irritado, num tom que exigisse que eu me calasse e o ouvisse. Entretanto, o autocarro decidiu aparecer, portanto, com muito custo e de forma lenta, fomos entrando um a um no transporte, a ansiar que existissem lugares de vago. Adivinhem quem ficou de pé. Eu não. O Nicholas sim. – Obrigado por seres solidário.

– O que foi? Eu vi o lugar primeiro. – Comentei, colocando a minha mala no meu colo. Ao meu lado estava uma velha com ar de rezingona. Só esperava que ela não saísse primeiro que eu porque, com aquela anca largueirona, ela de certeza que me esmaga se eu não levantar o meu lindo rabinho.

– Retomando a nossa conversa, qual é o teu problema? – Questionou, tentando-se segurar de alguma forma. Ele parecia estar a levar isto a sério, mas, honestamente, demasiado a peito até, o que me estava a deixar desconfortável. – Vais deixar que a primeira rapariga interessante de que tu gostas te escape?

– Interessante? – Repliquei com outra pergunta. – Tu nem a conheces. Nem eu, praticamente.

– Ela apenas parece, ok? – O rapaz tocou no botão que fazia com que o motorista fosse sinalizado que tinha que parar na próxima paragem, mas, mesmo assim, Nicholas não desprendeu o seu olhar em mim como se estivesse à espera que eu lhe respondesse alguma coisa, no entanto, eu não tinha nada de inteligente para lhe dizer no momento. Portanto, apenas me despedi dele e deixei-o ir à vida dele e continuei a minha, agora sozinho.

     Por incrível que pareça não tive que levar com o traseiro da mulher que me acompanhava na minha cara, acontecimento cujo fiquei muito agradecido. Neste momento, atravessava a passadeira para entrar no jardim modesto de minha casa e, quando olhei em direção do passeio da garagem, notei que a minha mãe já cá estava. Não era de todo a minha vontade, mas o que raio é que os adolescentes decidem? Porra nenhuma! Lá me obriguei a respirar fundo e não pensar em tudo o que tinha acontecido hoje, pegando na chave que estava no meu bolso de trás para abrir a porta da entrada. Limpei as minhas sapatilhas pretas no tapete com uma mensagem positiva e fechei-a atrás de mim, pousando o molho à beira do porta chaves vistoso da Dona Imma Cameron.

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