Capítulo 4: A solidão de Gatsby e a paixão de Mr. Darcy

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Hermione achava extremamente elegante a forma como ela e Fleur mantiveram contato nos últimos dias. Os bilhetes escritos à mão, depositados nos armários, livros e até mesmo, bolsas, de cada uma tornavam a situação ainda mais romântica e, por que não, excitante? A situação era de risco, qualquer um poderia pegá-las naquela interação, mas não deixava de ser apaixonante a forma como Fleur preocupava-se em sempre responder cada uma de suas cartas... A morena sempre acreditara que, quando se apaixonasse, não faria o tipo de "romântica bucólica", mas Fleur estava revelando camadas de sua personalidade que ela nem imaginava que existissem.

Porém, desde o dia anterior, Hermione não obtivera uma resposta às suas cartas. O que acabara por causar uma mudança drástica em seu humor, as cartas de Fleur a ajudavam a enfrentar o dia, sempre que escutava uma piada de Draco ou Pansy a respeito de seus óculos (Hermione resolvera mantê-los, não somente pelo elogio de Fleur, mas também, pelo custo que a manutenção de suas lentes resultaria a seus pais) ou uma bronca de Madame Pince a respeito de sua lerdeza no trabalho, ela retirava a última carta de Fleur de dentro dos bolsos e logo, um sorriso apaixonado ocupava seu rosto.

Aquela situação, que se interpunha entre ela e Fleur, era confusa e inexplicável e poderia até não dar em nada, mas Hermione estava feliz por, pelo menos, conhecer aquela parte da líder de torcida.

Fleur, longe das pressões da popularidade, era uma menina sonhadora e cativante que tornava ainda mais difícil a tarefa de não se apaixonar. Os sonhos de Fleur incluíam viagens, estudos e coisas simples, como assistir a um pôr-do-sol em boa companhia ou caminhar às margens do Rio Tâmisa à noite... Hermione esperava viagens a Paris e, até mesmo, compras em Milão. Quando as cartas continuaram, a morena fez uma promessa de que não se apaixonaria ainda mais, mas até mesmo a sua razão parecera desistir e se render aos encantos de Fleur Delacour.

Falando em razão, Fleur era extremamente culta. Ela também gostava de Literatura Vitoriana, mas os clássicos franceses ainda eram seus preferidos. Quanto ao cinema, a líder de torcida amava o cinema europeu e, de certa forma, abominava a maioria dos filmes norte-americanos. E a música... Francesa e canadense em suma, algumas exceções para música italiana. Hermione foi surpreendida por se apaixonar, também, pela intelectualidade de Fleur.

Diante de todas essas facetas, Hermione perguntava-se porque ela se escondia atrás da fachada de menina popular se podia ser muito mais. A morena se perguntava, mas jamais manifestara em sua escrita. Não sabia da onde vinha a sensação, mas sentia que aquele assunto era delicado para Fleur.

No mais, Hermione escondia as cartas de todos, até mesmo de seus pais. Tinha um sentimento de possessão em relação ao que as duas tinham e não queria dividi-lo com ninguém. Por isso, seus amigos não entenderam seu isolamento naquele dia depois de vários outros em que ela passara com eles, rindo abertamente.

Fleur não respondera sua última carta enviada há dois dias. Portanto, Hermione preferira recolher-se às sombras da biblioteca e, naquele instante, encontrava-se empurrando seu carrinho pela seção de Literatura Americana Contemporânea. Aquela seção, em particular, lhe deixava um pouco depressiva. Hermione tinha um sério problema com a chamada "Geração Perdida" de Hemingway, Fitzgerald e demais integrantes do movimento.

Hermione separava os livros de acordo com os autores, aquela seção sempre fora uma das que mais tinham livros retirados e arrumá-la sempre era uma árdua tarefa. A morena acabara de colocar os livros de Ernest Hemingway de lado quando escutou um som oco e baixo. Hermione franziu a testa e ignorou o som, voltando-se a concentrar em seu trabalho.

Minutos depois, um pigarro interrompeu novamente seu trabalho. Hermione depositou um exemplar surrado de "O Grande Gatsby", as pesadas lágrimas da mulher da capa a distraíram por alguns segundos, e esperou mais alguma manifestação de seja lá quem a interrompia. Mais um pigarro e, a voz rouca e suave que não escutava há dias, cumprimentou:

You Belong With Me [FLEURMIONE]Where stories live. Discover now