Capítulo 13: A constância e o refúgio

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Hermione passara os últimos dias do ano letivo dividida entre lidar com as conseqüências de suas decisões e distanciar-se o máximo de Fleur Delacour. De certa forma, esses seus dois objetivos estavam entrelaçados e ela, mesmo cheia de mágoa e até de arrependimento, conseguiu manter-se longe. Contudo, esse abismo que a separava da mais velha só era possível quando ela se prendia à razão e, também, enquanto não visse Fleur.

A líder de torcida tentou, nos primeiros dias depois da conversa da biblioteca - e do último beijo e do último poema dividido - até tentou conversar, porém, em algum momento nos dias subseqüentes, o celular de Hermione parou de tocar assim como as flores que recebera morreram de causas naturais. A morena também abandonou os óculos de grau e o livro de Elizabeth Bishop foi socado para o fundo de sua gaveta de meias. E Hermione só pisou, novamente, na Seção de Literatura Vitoriana quando a quantidade de livros a serem repostos era escandalosa demais para ser escondida de Madame Pince.

Resumidamente, a vida de Hermione Granger continuou trôpega e vacilante mesmo ser a presença apaixonante de Fleur Delacour.

As duas se perderam uma da outra, ainda assim, conseguiram se encontrar sozinhas em seus desamores. Não eram mais as mesmas e não seriam enquanto não se afastassem, de vez. Hermione estava, de certa forma, ansiosa e curiosa em relação a esse momento. Durante todo aquele tempo, acostumara-se a observava Fleur. E, o ano seguinte seria a primeira vez que entraria na Academia de Hogwarts sem procurar pelos olhos azuis cerúleos em cada canto dos corredores, das salas avançadas e do campo de futebol.

E por mais que, racionalmente, desejasse àquilo, emocionalmente, ela se encolhia e sentia o seu coração reclamar apertado em seu peito. Ao mesmo tempo em que a partida de Fleur significava o alívio, ela também denotava o fim. O fim derradeiro e cruel, a realidade se fazendo enxergar por entre as páginas de literatura que trocaram, as juras que proferiram e as citações literárias que dividiram.

O fim delas era real, diferente do fim das páginas de um belo romance literário.

Hermione sabia que quando chegasse ao fim, ela não poderia fazer como sempre fazia... Não poderia reler essas páginas porque elas a machucariam, não importasse o tempo passado. As páginas de seu romance com Fleur eram intensas como um clássico, curtas como algo contemporâneo, intensas como as páginas de um épico. Talvez, no futuro, as lágrimas se secassem, contudo, o sentimento ainda existiria.

A morena sabia que o peso de sua confiança pendera a balança do relacionamento para o término, entretanto, o sentimento não entregara tão fácil e, mesmo depois de sua escolha e da despedida, Hermione sentira o amor enlouquecendo-a com as possibilidades de um final feliz.

"Possibilidade".

Uma palavra que não exalava a certeza, assim como tantas outras que a mente de Hermione detestava. Palavras que ela procurava ignorar e que, agora, praticamente eram relembradas e analisadas por sua mente, sempre tão pragmática, em busca de outra coisa que ela não se lembrava de ter pensado até então.

"Esperança".

Hermione Granger era uma pessoa que se esforçava e alcançava os seus objetivos, porém, pela primeira vez, ela queria que a vida lhe surpreendesse. Ela queria que, de alguma forma, Fleur voltasse para ela... Quando fossem mais maduras, quando não existisse a Academia e as pessoas desprezíveis entre elas... Hermione queria que Fleur voltasse quando ela mesma soubesse o que fazer com esse sentimento.

Esse sentimento era algo que não mudara e, por isso, enlouquecia. Era uma das poucas verdades sobre si que não mudara com a passagem de Fleur pela sua vida... Era uma das coisas que Hermione sentia que ainda lhe pertencia e que, tão cedo, não seria esquecido.

You Belong With Me [FLEURMIONE]Where stories live. Discover now