Capítulo 11: As cinco flores - Parte I

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O som da sineta ecoava nos ouvidos de Hermione Granger.

Ela encontrava-se sentada em seu lugar, sozinha, na sala de sua última aula do dia - Química - suas mãos estavam firmemente fechadas em punho sobre o tampão de sua mesa e ela olhava ao seu redor, procurando respostas ao seu redor já que sua mente recusara-se a opinar porque aquele era, de fato, um assunto do coração.

E a natureza desse assunto, que tirara o sono de suas noites e a atenção de seus dias, era quase que completamente desconhecida para ela. Hermione nunca se sentira daquela forma, na verdade, jamais permitira que alguém a fizesse sentir-se como agora, ninguém penetrara tão fundo em sua superfície racional a ponto de alcançar o seu interior tímido e emocional... Era assustador ter o controle tão distante de si e era ainda mais amedrontador não conseguir mudar o que sentia.

Hermione era uma garota obstinada, do tipo que tinha o que queria e que corria atrás do que achava merecer, portanto, estava acostumada a seguir os seus instintos e a sua intuição, afinal, usava deles para sobreviver naquela academia. Porém, os seus sentimentos sempre foram deixados de lado, nos momentos em que a impulsividade era necessária, Hermione a colocava abaixo de sua razão.


E, a partir disso, sempre tomava a decisão certa.

Mas, tratando-se do que acontecera entre Fleur Delacour e ela mesma, Hermione não podia negar os seus sentimentos porque eram justamente eles que doutrinaram todo o percurso que ela percorrera para chegar ali, naquela mesa, dividida entre o que deveria fazer e o que queria fazer. O seu querer refletia o seu coração e o seu dever refletia a sua mente. Faces diferentes de uma mesma situação, porções diferentes dela mesma, cuja união representava tudo que tentava entender e sentia por Fleur.

Hermione sentia-se traída ao mesmo tempo em que sentia o gosto doce de Fleur em seus lábios. Sentia que deveria deixá-la ir para nunca mais voltar na mesma proporção em que podia amargar a ausência dela tão intensa naqueles poucos dias. A morena não sabia o que fazer, não era uma pessoa que se angustiava em dúvidas, mas, até mesmo isso, Fleur conseguira arrancar dela.

A única hipótese imediata e cabível naquele momento era a de que não mais poderia ficar naquela sala. Por isso, Hermione recolheu seus materiais e, finalmente, abandonou a sua mesa. Seus passos ecoavam nos corredores da academia, assim como o peso de sua mochila deixava seus ombros ainda mais encolhidos. Ela caminhou e seus pés a levaram para fora da academia, no alto da escadaria, ela viu-se dividida entre seguir em frente, diretamente para os portões ou descer alguns degraus pela lateral e aterrissar no campo, consequentemente, nas arquibancadas.

A morena surpreendeu-se quando seu corpo não parou mais do que alguns minutos e continuou a descer os degraus em direção ao portão. O seu coração poderia até apertar-se pela derrota, mas, tampouco lutara bravamente para se fazer ouvir. Por isso, ela acelerou os passos e desesperou-se para, enfim, chegar aos portões.

Naquele momento, aquela era a única saída para as suas dúvidas. Mais um dia em que evitava Fleur e procurava-se focar apenas no que se estendia a sua frente - o fim do semestre para ela e o fim do colegial para Fleur - aqueles dois finais poderiam sentenciar um verdadeiro adeus para elas e, essa despedida, poderia ser a melhor aposta do destino para as duas.

Hermione não queria arriscar se perder, novamente, em seus sentimentos. Não queria entregar muito de si a alguém que poderia debilitá-la sem, sequer, atingi-la fisicamente. A morena não queria ser tão dependente de alguém de novo, não queria ser ingênua como fora e não queria que os sentimentos nublassem sua razão. Hermione pensou com a cabeça, mas, encontrou o seu coração aos pés da escadaria, esperando-a como a encontrara há dias atrás.

You Belong With Me [FLEURMIONE]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora