Caminhantes • ABO

O que é isto?

Os dois grandes homens começaram a se aproximar perigosamente de Rafael que estava sem saber o que fazer no meio de tudo aquilo.

.

Estavam mais que assustando o ômega que se encolhia e não sabia para qual dos dois olhar, seu coração já saia da boca, não deveria ter saído do quarto como Leo 'mandou'. Até que o de orelha cortada segurou forte a cintura o forçando a colar em seu corpo cheio de cicatrizes enquanto o outro começou a abraça-lo por trás e foi apertando mais.

"O- O QUE?!" Rafa queria gritar e sair correndo, mas seu pavor era muito grande, suas orelhas estavam abaixadas e cauda entre as pernas. "NÃO P-POR FAVOR!"

"Ohh, que foi? Está com medo? Hã?" o de cauda ferida falou em seu ouvido e deu uma lambida igual Tuna tinha feito, isso despertou alguma coisa dentro de Rafa que o fez reagir, 'acordou para a realidade' e mordeu o braço do homem em sua frente que logo o soltou e gritou de dor, e aproveitando a brecha, mordeu o outro que o segurava por trás.

Com essa distração, se transformou em lobo, não podia esquecer sua flor que tanto se sacrificou para pegar e colocou em sua boca e logo em seguida saiu em disparada para algum corredor que encontrou pelo caminho.

Os dois homens ao se darem conta que Rafa tinha sumido, se transformaram e uivaram com raiva e começaram a correr sentindo o cheiro do pequeno lobinho castanho que corria desesperado para qualquer lugar que via na esperança de encontrar o seu quarto. De longe ouviu os uivos raivosos dos dois homens que por pouco não fizeram nada com ele.

Corria e corria desesperado com sua respiração a mil, quando olhou para trás viu os lobos o alcançando, o desespero era enorme, até que uma porta em sua frente abriu fazendo Rafael parar forçadamente quase batendo de cara na porta, olhou para cima e viu que era Leonardo o olhando com seus olhos vermelhos com ira, logo em seguida, os dois lobos maiores que perseguiam o lobinho pararam quase que em um baque ao ver o filho do rei alfa os encarando. Parecia a própria dona morte ali de pé os olhando.

Rafa ainda em forma de lobo estava apavorado com cauda entre as pernas e orelhas abaixadas e se enfiou entre as pernas de Leo parecendo um cachorrinho assustado, estava tremendo e olhando os dois outros lobos.

"O que está acontecendo aqui?" a 'Dona morte' em pessoa perguntou e começou a caminhar lentamente em direção aos lobos maiores, que começaram a recuar lentamente conforme Leo se aproximava.

O lobo cinzento de orelha cortada se transformou em humano e disse. "Esse lobo ai estava andando pelos corredores, senhor." tentou se explicar com base em uma 'mentira que não era mentira'.

O outro lobo marrom escuro se transformou em humano também e começou a recuar junto ao seu amigo. Os dois eram maiores que Leonardo, mas mesmo assim eles morriam de medo dele.

"Hmm" Se virou para encarar Rafa, que estava encolhido com apenas a cabeça aparecendo atrás da porta. "Vou acreditar nessa versão de vocês, agora sumam daqui, AGORA!" disse com ira em seu tom, assustando os dois marmanjos que fizeram reverência, deram meia volta e saíram quase que em uma corrida.

Após os dois lobos indesejados sumirem, o maior voltou sua atenção para o pequenino lobo castanho claro, que tremia com suas orelhas baixas e cauda entre suas pernas, estava tremendo de pavor, mas mesmo assim ele caminhou com raiva e pegou Rafael pelo couro do pescoço, fazendo igual uma mãe gata faz com seu filho, mas Leo fez com ferocidade e até tirou um choramingo do lobinho em sua mão. Começou a caminhar entre os corredores sem dirigir uma palavra até que chegou em seu quarto que a poucos desejava tanto achar. Entrou, trancou a porta e jogou o lobo que estava em sua mão na cama.

Jogou Rafa com tanto raiva na cama que ele até deu uma quicada na cama, fazendo a cama toda pular, e em meio disso ele se transformou novamente em humano, se sentou na cama, colocou seus joelhos perto da barriga e os abraçou, estava com seus olhos quase transbordando em lágrimas, nunca ficou tão assustando na vida.

O seu 'salvador' sentou em uma poltrona que tinha ali virada para o sofá, e com seus olhos brilhando em cor sangue fitou Rafael e logo em seguia perguntou:

"Por quê saiu?" seu tom era amedrontador.

Ficou quieto e desviou o olhar para a janela com seu coração a mil, acabou de sofrer um trauma.

"ME RESPONDA!" gritou assustando o menor encolhido na cama.

"E-Eu... Fui coletar uma flor..." deixou Leonardo confuso.

"Uma Flor?"

"Sim..." disse quase que num cochicho para si mesmo.

"Que flor?" Rafa tateou em suas roupas e não a encontrou, entrou em desespero e começou a tatear toda cama á procura da belíssima flor, até que a encontrou jogada no chão, quase se desmoronou em alivio. A pegou com delicadeza e mostrou ao futuro marido.

O maior o estava olhando atentamente, mas não para a flor, para Rafael, que segurava a belíssima flor com tanta delicadeza e suavidade, parecia que era de vidro. Por um instante ficou olhando somente para Rafa até que o mesmo o chamou.

"Esta flor!" estava brincando com a mesma.

"Eu mandei você não sair!" disse com tom de desaprovação para o castanho, que logo em seguida, se encolheu mais e deixando sua linda preciosidade em seu colo.

"Me sinto preso se me deixar tão limitado desse jeito." queria se explicar.

Essas palavras fizeram o de cabelos negros se calar por uns instantes perdido em pensamento e logo 'acordou para a vida' dizendo. "Mas aqui você não pode ficar andando por ai só porque quer, aqui é diferente da sua toquinha." disse com um tom de crueldade. "Aqui os lobos de verdade famintos por carne crua, e não por folhas." se levantou e começou a caminhar para Rafael, o assustando ainda mais do já estava. "Aqui, se eu não estiver perto, pode acontecer qualquer coisa com você, não poderei proteger-te."

Essas ultimas palavras foram estranhas para Rafael que encarou confuso os olhos vermelhos de seu marido.

"Esses caras poderia ter te estuprado, conheço muito bem eles, não são flores que podem ser cheiradas."

"E-Estuprar?" Ficou ainda mais confuso.

-
"Você não sabe o que é isso?" Rafa balançou que não com a cabeça bem inocentemente. "Pelo amor, você tem quanto anos? Dez?"

"Vinte..." desviou novamente o olhar.

"Você é realmente muito inocente." Leonardo encarou Rafael que não tirava os olhos da janela, estava todo encolhido com a flor em seu colo. Era uma bela imagem, nunca tinha visto uma tão bela em sua vida. Em meio a distração, mão percebeu que o menor estava o encarando.

"O que?" perguntou meio rude mas mesmo assim doce ao mesmo tempo.

"N-Nada." Desviou o olhar do menor e por incrível que pareça, em suas bochechas onde sempre foram brancas começaram a ficar com uma cor bem leve de rosa. "Enfim, Não saia daqui, e-eu... ainda preciso resolver umas coisas, eu volto mais de noite." quando se virou, sentiu uma pegada na manga da sua blusa negra, e quase que instantaneamente olhou para Rafa, que o olhou com seus grandes olhos verdes e pediu:

"Aqui tem livros?" deixando novamente Leo confuso.

"Livros?" ficou uns segundos pensativo. "Tem sim... eu posso lhe trazer mais tarde." o menor concordou com a cabeça.

"Ah e... Obrigado." estava de cabeça baixa entre os joelhos.

O maior se virou e saiu o mais rápido dali antes que sentisse de novo essa estranha sensação que sentiu. O que é isso? Não importa! Precisava terminar seu trabalho de hoje.