Capítulo 9

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"- Eu sinto tanta falta dele, você não faz ideia. – Regina diz com os olhos marejados.

- Eu também, sis. – Zelena diz lacrimejante. – Mas o importante é que hoje estamos aqui, juntas, e com certeza isso deixaria ele muito feliz. Amanhã vamos levar algumas tulipas para ele, ok?

Regina balança a cabeça em sinal de aprovação, sem conseguir falar nenhuma palavra.

- Agora para de chorar! Precisamos ser fortes, nós vamos ser fortes, por ele! – Zelena dá um beijo na testa de Regina.

- Olha quem fala! – Regina sorri entre as lágrimas. – Obrigada por estar aqui, de verdade, Zel.

- Eu não poderia estar em outro lugar. – Zelena diz enxugando algumas lágrimas do rosto da irmã e as suas próprias. – Agora deita aqui, tô com saudade de dormir com você."

O sábado amanheceu cinzento e monótono, com aquela sensação de que algo faltava. Um aperto angustiante no peito faria parte da rotina das duas irmãs naquele dia. O por quê? Bem, a falta, a ausência, a saudade, a tristeza, os muros que caem diante dessas situações eram os culpados. É que quando você perde alguém, você inevitavelmente perde um pouquinho de si, mesmo que você não admita, todo mundo chega ao fim da vida sendo apenas um esboço da grande obra-prima que foi um dia, pois cada um que passa pela sua vida e vai embora apaga um pouco daquilo que você é naquele momento, depois disso você apenas se torna alguma outra coisa, às vezes boa, às vezes nem tanto assim.

O que Regina e Zelena sentiam naquela data é que quando elas se deixavam levar pela realidade e paravam para observar tudo ao redor, aqueles 10 anos pareciam 10 meses, ou 10 semanas, talvez 10 dias... Na verdade parecia que tempo nenhum havia se passado. Em cada canto que elas olhavam, cada pequenino detalhe faziam-nas lembrar da pessoa que ambas mais amavam na vida e de que talvez aquilo nunca fosse passar. Há quem diga que com o tempo você se esquece, se acostuma... O que eu acho? Besteira! Você simplesmente se obriga a aprender a conviver com a dor e aprende a usar invólucros diários, para ocasiões diversas. Mas a verdade é que por dentro nunca passa, só se intensifica. A cada dia que termina e outro que se inicia você só se pergunta mais e mais até quando você vai ser capaz de suportar, e em atitudes desesperadas você faz coisas para disfarçar aquilo que você realmente se tornou e procura motivos pra continuar.

O principal motivo de Zelena estava ali, deitada ao seu lado, dormindo serenamente.

A ruiva velou o sono da irmã mais nova por longos minutos até que decidiu sair da cama e fazer café para as duas. Com todo cuidado do mundo Zelena se levantou; não queria acordar Regina, pois enquanto a irmã dormisse não precisaria se preocupar com o peso de ser alguém.

Cerca de 1 hora depois ela entrou no quarto com uma bandeja preparada para duas pessoas. Fitou Regina atravessada na cama, com o corpo todo descoberto e o edredom inteiro em cima da cabeça e sorriu com a cena.

"Hora de voltar para a realidade, vamos lá..." – Zelena pensou.

Ela colocou a bandeja na mesinha ao lado e tirou o edredom da cabeça de Regina, dessa vez cobriu a morena por inteiro, então se sentou na beirada da cama:

- Bom dia, sweetheart! – Disse baixinho tirando o cabelo do rosto da irmã.

Regina respirou fundo e se espreguiçou, virando para olhar a ruiva.

- Bom dia, que horas são? – Regina disse com uma voz manhosa.

- Hora de você acordar e tomar café comigo. – Zelena apontou a bandeja na mesinha.

Regina arregalou os olhos e sorriu igual a uma criança quando enxerga os presentes debaixo da árvore na manhã de natal.

- Meu deus, você fez waffles! – A morena disse se sentando.

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