Nada é para sempre...

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cap.20

Saio do hospital e vou para longe, mas sem rumo, apenas saio e começo a correr, vou virando em qualquer esquina que tem, não pode ser, ele mentiu para mim, mentiram para mim novamente, e eu...perdi o meu pai cara, parece até um pesadelo que não tem fim, por que isso não parece de verdade, as vezes pensamos que nunca vamos perder as pessoas que mais amamos na vida, achamos que elas vão permanecer para sempre, mas a vida não é um conto de fadas, nada é para sempre, e quando acontece, você fica sem chão.

Eu nunca, nunca imaginaria meu pai com isso...e principalmente o perdendo tão cedo. Ele devia se tratar, ele devia..ter me contado. Dou mais algumas voltas para chorar, sento em um banco de praça, e coloco a mão na cabeça e choro. Levanto a cabeça, e respiro fundo, sentindo o vento bater contra o meu rosto. Vejo uma criancinha correndo e o pai correndo atrás dela, ele a pega e abraça, abaixo a cabeça e deixo algumas lagrimas rolarem.

Chego em casa e abro a porta, a casa está escura, entro no quarto do meu pai e minha tia está deitada na cama dele, sinto um ódio mortal dela ter mentido, eu sei que ela sabia. Ela se assusta com a minha presença, e quando ela vai dizer algo a interrompo metendo a mão na cara, dela, ela arregala os olhos.

-SAIA DAQUI, MENTIROSA, VOCÊ MENTIU. –ela fica me olhando muito assustada de eu ter feito isso, não me arrependo nem em pensamento, eu sei que ela é minha tia, mas eu estou com muita raiva.

-ESTÁ LOUCA? Eu sei o quanto está sendo difícil, mas não pode sair por ai batendo em qualquer um. –ela grita de volta, sinto uma vontade de bater de novo, mas apenas respiro e a empurro com muita força para fora do quarto, e bato a porta com muita força.

Tento dormir um pouco mas não consigo, é impossível dormir sabendo que meu pai está... Ouço meu celular tocar, é o Léo, coloco no silencioso e não atendo, ele liga de novo, dessa vez atendo mas não digo nada, ele também não diz, e só fica nisso, um ouvindo a respiração do outro...Percebo que consegui cochilar, vou ver que horas é, e vejo que Léo não desligou a chamada...são 4:00hr am, ainda hoje vai ser o enterro do meu pai, fico acordada e já são 6:00 da manhã, Levanto da cama dele, e tomo um banho, fico alguns minutos de baixo do chuveiro, encostada na parede, chorando. Saio do banho, e coloco uma roupa preta, toda preta...Vou em direção ao quarto de Diana, e praticamente arrombo sua porta.

-Levanta. –só digo isso, ela levanta muito assustada, acho que ela não sabe ainda. Fomos direto para o centro resolver papeladas, tudo que tinha que resolver, o velório vai ser as 17:00. Paro o carro em uma pastelaria para ela comprar algo para ela comer. E agora, e Diana, como fica, meu Deus do céu, passo as mãos no meu cabelo em modo de tentar me acalmar, solto algumas lágrimas, e não consigo me segurar, começo a chorar muito.

Não posso devolver ela para o orfanato, sei que meu pai não se orgulharia disso. Sinto um olhar em mim, e percebo que ela já chegou.

-Faz tempo que você chegou?-pergunto.

-Sim...-ela diz.- Como papai está? –pergunta. Fico a olhando, olho para os lados, e por impulso abraço ela e começo a chorar. Conto tudo pra ela, e ela fica me olhando por um instante, e depois olha para baixo e começa a chorar. Abraço ela muito forte, e fico fazendo cafuné na sua cabeça.

-Está sendo muito difícil para mim também...-digo e ela fica escorada com a cabeça na porta. Fomos para a casa e vejo Léo lá fora na calçada, entramos abraçados e fomos para o meu quarto, assim que ele fecha a porta começo a chorar muito.

-Léoo. –digo e ele vem e me abraça, e ficamos assim por muito tempo.

-E Diana?-ele pergunta.

-Está muito mal, contei para ela agora pouco. –digo.

-Ele não tinha falado nada?- pergunta.

-Não...ele simplesmente disse para Diana que estava com uma anemia, e ela não me falou nada, mesmo não sendo anemia, deveria ter me contado. –digo.

-É....–ele diz e me abraça novamente, ele nem sabe o que me dizer, e eu nem sei o que dizer também

-E a guarda dela? Vai devolve-la? –pergunta.

-Não posso fazer isso. –digo e ficamos abraçados, ele fazendo cafuné na minha cabeça, e eu soltando muitas lagrimas.

-Sabe que pode contar comigo para o que precisar. Até se quiser adotar sua ''irmã'', eu sempre estarei aqui. –ele diz, e dou um sorriso.

Diana.

Chegamos em casa e fui direto para o meu quarto, eu sempre perco as pessoas que amo, elas nunca permanecem, sinto uma vontade de me jogar da janela, morrer, jogo os travesseiros da cama no chão, e minhas coisas do criado mudo, começo a choro muito, e Matheus entra no quarto assustado, ele vem ao meu encontro.

-Para Diana! –diz.

-Me deixa em paz. –digo e tento empurrar ele, mas ele me segura e me abraça, continuo tentando empurrar, mas desisto e começo chorar de novo, sentamos na cama ele ainda está me abraçando.

-Sinto muito. –diz, e não digo nada, me abraça de novo, e fica do meu lado me olhando.

-Vou ficar aqui até enterro do seu pai, depois tenho que ir ficar com a minha mãe. –ele diz.

-Tudo bem. –digo e deito na cama, ficando mais calma.

-Queria poder estar te apoiando nesse momento, mas preciso ir embora logo depois. –diz e me abraça, com uma cara de triste.

-Relaxa. – digo, e ele sai do quarto pois sabe que quero ficar sozinha, deito e tento dormir mas não dá. O tempo passa e me troco para ir para o velório coloco uma roupa toda preta. Chegamos lá, e está lotado, tem muitas pessoas aqui, assim que avistam Lizze correm para abraçá-la, e ela me apresenta como filha dele também, alguns me abraçam, outras não. Vou perto do caixão e fico parada, o observando. Lágrimas rolam no meu rosto, sinto um braço em mim, e não olho para o lado, sinto que é Lizze, nos abraçamos e começamos a chorar muito.

-Boa-tarde irmãos. –um cara moreno diz, deve ser da igreja que Richard ia... –Estamos aqui hoje, em um dia muito triste, nosso querido Richard, faleceu de uma doença muito trágica, infelizmente. Mas Deus promete a ressurreição, vamos ler um texto, por favor abram suas bíblias.

Deus promete que vamos ter a ressurreição, então não deixaremos de viver, por causa de uma decepção, a final, a vida é assim também, uns vão, uns ficam. Mas não é culpa de Deus.

-Amém. –todos dizem. E algumas pessoa vem e apanham o caixão, e o colocam no carrinho para o enterra-lo, começo a chorar, e Lizze me dá a mão e começa a chorar também. Seguimos pelo cemitério e chegamos ao lugar que vai enterrar. Eles colocam o caixão ali, e nesse momento eu começo a chorar muito, e não consigo segurar, e Lizze corre lá, como uma forma de não deixar enterrar ele, me assusto muito, Léo vai atrás dela e segura ela, começo a chorar, precisava tanto do Matheus, mas ele já foi.

Fico olhando as pessoas olhando assustadas para Lizze, olho ao meu redor e não consigo mais conter o meu desespero, Lizze vem ao meu encontro, e pega na minha mão, e saímos do cemitério, Léo nos deixa, pois sabe que precisamos de um tempo. Seja o que for, a vida é assim, como o irmão disse, uns vão e uns ficam, nada é para sempre. Minha vida nunca foi um conto de fadas, e parece que nunca vai ser, ao invés de acontecer algo ruim, para depois vir coisas boas, acontece algo de bom, para depois se bombardiar de coisas ruins. Os que eu achei que ficariam do meu lado para sempre, não estão mais aqui, e os que eu achei que me odiavam, pegou na minha mão e não soltou.


Querido ProfessorWhere stories live. Discover now