Ding-dong.
Alguém está tocando a campainha.
Há algo no chão da varanda. É uma caixa. Um pedido de desculpas.
Mas era tarde demais para se desculpar.
Antes, contudo, Clara tinha uma vida. Era uma vida até boa, nem tão ruim, nem tão perfeita...
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Foi quando um barulho chamou a atenção dos dois adultos ali dentro e a porta do consultório se abriu. Túlio abriu um sorriso. Seria um dos últimos em muito tempo.
― Amores da minha vida. Como vocês estão? ― perguntou para o garotinho e para a garotinha que, sem ser convidados, haviam invadido o consultório.
― A gente tava com saudade, papai. ― disse o menino, avançando pelo lugar para dar um abraço caloroso no homem sentado em frente à mesa da doutora. Só desse jeito para Túlio voltar a rir depois da dor. A dor continuava lá, entretanto, cercando a todos. Mas eles eram uma família, afinal. Uma família que suportaria a dor, unida.
― Pedro, Magali! ― uma mulher irrompeu pela porta da sala, olhando as duas crianças sapecas ali dentro com uma expressão reprovadora. ― Eu disse pra vocês esperarem. O irmão de vocês está dodói.
Ainda que Thiago realmente estivesse dodói, Túlio não poderia não agradecer pela visita inesperada daqueles dois pestinhas.
― Tudo bem, querida. O Thiago está descansando. É só não falarmos muito alto que está tudo bem. ― estava tudo bem, afinal. Pelo menos, ainda. Thiago não era um monstro e nem nunca o seria. Viesse o que viesse, o homem sabia, aquela família iria enfrentar com todas as forças. O futuro ainda era incerto.
Abrindo um sorriso fraco, Túlio, então, apresentou as duas mulheres ali uma à outra.
― Doutora, essa é a minha esposa, Juliana. Querida, essa é a doutora Bruna, que vai ajudar o nosso filho... bem, por esse caminho difícil.
Rendendo-se ao clima não tão amistoso ali dentro, Juliana forçou o sorriso mais amigável que pôde inventar.
― Bom dia, doutora. ― disse, soltando um suspiro cansado. ― O que vai acontecer com o meu filho?
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