Conclusão

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"A FERA MORA AO LADO"

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"A FERA MORA AO LADO"

Carolina Leal, do Jornal O Vistoso, cidade de Campo Azul.

"A madrugada deste sábado (08/06/2013) foi cenário de filme de terror no subúrbio da cidade. A casa da família Costa foi invadida em horário quando todos ainda estavam dormindo. O invasor, entretanto, não se tratava de um ladrão; nem ser humano ele era. Para horror da família, um cão, da raça rottweiler, encontrou algum modo inexplicado de entrar dentro da casa e assustar todos os membros da família numa noite de puro terror.

Impressionados com o ocorrido, os vizinhos relatam terem ouvido barulhos estranhos e assustadores, como gritos e rosnados, da casa dos Costa, antes de acionar as autoridades. E não foi por menos: o único homem da casa, o senhor Francisco Amaral Costa, foi encontrado morto pelos bombeiros. Ele teve o corpo destruído pelas mandíbulas do animal, que engoliu parte do braço e do pescoço do homem. A mulher da casa, por sua vez, teve apenas leves ferimentos na barriga, enquanto a menina saiu ilesa, tendo ela ficado escondida no quarto durante todo o ataque.

A polícia ainda não consegue inferir direito o que realmente se passou durante aquela madrugada. O animal em questão, apelidado de Troy, além de ter conseguido fugir e invadir a residência de um de seus vizinhos, foi capaz de desaparecer pelas ruas do bairro. O dono, Olavo Pinheiro dos Santos (26), não soube explicar o ocorrido, embora tenha expressado dúvida acerca do que Troy seria ou não capaz de fazer.

Ao conversar com um especialista, chegamos à conclusão de que o caso é realmente digno de estranhamento. Segundo ele, não é comum um cachorro agir daquela forma. "Qualquer um pode atestar que é ridículo pensar em um cachorro que come gente", disse. "Mesmo que a força da mandíbula do animal seja potente, não acredito que ele fosse ser capaz de fugir da própria casa para atacar a família vizinha. Tem algo de muito estranho nesse meio."

Devastada, a vizinhança está em estado de alerta. Até a data desta publicação, o cão que atacou o lar dos Costa não foi encontrado. A polícia civil e a brigada municipal pedem cautela para quem morar no bairro da Amídala. Até que se resolva o caso ou até que encontrem o cachorro, os moradores da região são alertados para ficarem de prontidão constante. Não se sabe se esse filme de terror já chegou ao seu final, embora, para os Costa, que podem estar de mudança da cidade, fique a lembrança de que o horror sempre os acompanhará daqui para frente."


Despedaçada, Edna fechou o jornal e tornou a escondê-lo dentro da gaveta. A dor de cabeça não passava. Doía sem parar. Doía muito. Só não doía mais que a dor descomunal que ela sentira quando descobriu.

Clara voltou mais cedo para casa naquela madrugada. Voltou daquele jeito. Edna devia ter previsto... ela sabia, sabia! Mas devia ter feito algo. Achou que estava sendo invasiva demais na vida da filha, mas agora se arrependia profundamente de não ter sido mais rigorosa. Rigor tinha a sua importância; era um modo de prevenir o pior e guardar o segredo. Um segredo grande demais que sempre pedia para não ser ignorado.

É claro, as desculpas de Edna sempre foram sinceras, desde o princípio. Ela imaginava o que devia ser olhar o outro se horrorizar com a maldição da morte, embora esse horror jamais tivesse maior efeito nela. Devia ser saudade, ela presumia. Remorso, também. Contudo, tudo aquilo ainda se tratava daquela insaciável consciência de que a grande vítima da história não estava morta. Ela estava apenas dormindo, contudo. E, dentro dela, outro ser esperava a hora certa para despertar. Os olhos, porém, pareciam ser as únicas exceções em toda aquela história - afinal, foram eles os únicos a presenciarem a revelação de um segredo.

Um segredo condenado ao túmulo.

 Era isso o que transformava uma história de amor em uma história de horror.

 Era isso o que transformava uma história de amor em uma história de horror

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