CAPÍTULO XXXVII

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  "Devias estar aqui rente aos meus lábios para dividir contigo esta amargura dos meus dias partidos um a um."

Eugénio de Andrade 

CINDY SIMMONS

∞ 

É, Cindy, parece que tudo tem saído dos eixos. Mortes. Desentendimentos. Passados. Saudades e ameaças, mas, sabe? Não me importo, era o necessário a se fazer. Precisava ir com eles, para poder salvá-la, e, olhar aquele lindo olhar pela última vez me deixou sem chão. Sim, se eu disser que não queria ela aqui ao meu lado agora estaria mentindo. No entanto, eu precisava que ela ficasse bem, livre dessa minha vida conturbada.

A parte mais triste foi quando deram a notícia a ela, que eu estava desaparecida, bom, era o necessário a se fazer, não queria colocá-la em risco. Ou a sua família, melhor, a incrível família Sahani. Ela não precisa sofrer como eu sofri, não queria que ela perdesse seus irmãos. Agora estou aqui me olhando num espelho de um banheiro qualquer numa estrada a caminho de casa.

Precisava disso, pois o meu medo de perdê-la é enorme. Já perdi tanta gente na minha vida, que achei melhor fugir e resolver isso tudo sozinha. Por mais que eu imagine como ela deve estar, eu prefiro seguir em frente. Fecho os meus olhos imaginando-a ao meu lado, é tão tentador tê-la aqui que me esqueço por um segundo de quem eu sou agora.

Bom, a Cindy está oficialmente desaparecida, o que imagino todos a minha procura. E, com o colar da minha mãe eu irei até a minha casa e descobrir o que há por trás disso, onde tudo começou e por um fim nisso tudo. Mas, eu preciso resolver meu problema antes de seguir em frente.

– Carter's! – digo, colocando meus óculos de sol e saindo do banheiro.

– Perdida, moça? – um babaca para ao meu lado achando que sou uma dessas garotas daqui.

– Não! – passo por ele abrindo a porta desse lugar que é chamado de bar.

Bom eu precisava ser discreta, então, como eu preciso descobrir o que meus pais inventaram, eu nada menos aluguei um Citroën na cor preta. Escolheria outro carro, mas, sei que não será necessário no momento. Olho ao redor e tudo me parece normal, ligo o carro assim que entro e o som começa a tocar a música dos Rolling Stones – Ride em on down.

Vamos lá, garota, pé na estrada, você está sozinha agora.

Eu estava na Pensilvânia, quase no meu destino: Nova York.

Ia descobrir tudo sobre o envolvimento dos Carter's com os meus pais e com a máfia e depois eu vou puni-los por cada um dos crimes que cometeram. Assim que acabar, vou entregar a maldita fórmula e ter certeza de que nunca mais serei perseguida.

Ainda me lembro de quando acordei no hospital, eu me lembro do tempo que estive em coma e da forma como Gabriela se sentia, eu me lembro das coisas que ela me dizia, e quando eu acordei, eu só queria conversar com ela, tocar seu rosto, ouvir suas cantadas baratas e talvez...

Mas, isso ficou pra trás. Estou indo embora e talvez um dia qualquer eu ligue para ela, sem dizer a ela que a amo e que ela precisa ser livre, seguir o horizonte. Droga! Porque eu preciso chorar? Gabriela estaria rindo, me chamando de chorona.

Merda. Bato contra o volante e me lembro de como foi sair do hospital.

Acordei de repente, meu corpo estava meio paralisado, não abri os olhos, senti o cheiro dela e o cheiro de hospital. Havia aparelhos em mim, e quando a dormência passou, eu sentia certa dor, meus antebraços estavam feridos, provavelmente de ficar deitada. O que me fez pensar em quanto tempo eu estava ali.

Além do horizonte - Romance Lésbico (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora