Além do horizonte - Romance Lésbico (Completo)

CAPÍTULO FINAL

"E pra minha poesia é o ponto final!" 

GABRIELA SAHANI

Há quem diga que o amor faz seu coração bater mais rápido. Então, porque o meu sempre parece querer parar quando a vejo? É errado que eu a deseje tão completamente, apesar de tudo? Compreensível que eu a ame, ainda que não deva fazer isso?

Aquele jeito de sorrir, ainda que odeie o que vê. Foi esse sorriso que eu vi no restaurante enquanto eu entrava na palhaçada dos meninos com a Kira. Em que planeta eu me ajoelharia para pedir alguém com que tive, sim, no passado, sexo esporádico e a quem eu não amo em namoro?

Apenas em um onde todo mundo a minha volta estava tentando fazer a Cindy sentir na pele como é perder alguém. Se eu concordava? Não. Mas, também não era ruim ver suas reações ao meu falso namoro.

Suas cartas, suas flores, estavam tudo guardado no sótão, nos meus pensamentos e em um lugar especial que apenas a Cindy Simons que eu amei sob as estrelas tem acesso. Essa Cindy sabe quem eu sou e como eu me sinto por ela. Por essa Cindy vale a pena lutar. Por suas demais facetas, não pretendo arriscar mais os meus sentimentos.

Vencer tinha sido bom, havia sido chamada para outros torneios regionais e maiores, eu estava fazendo do que tinha sido minha vida, um pedaço além de mim. Talvez fazer história, fazer algo de que as pessoas se lembrem.

E, claro, estava fácil. Não minto, adorei cada coisa que ela fez por mim. Mas, não eram desculpas o que eu precisava ouvir, não queria ouvir um "fiz o que foi melhor pra você". Ou ainda um "eu faria tudo de novo". "Me desculpa, Gabriela" simplesmente não era uma das minhas frases favoritas. Estava cansada e isso era um fato.

Quando Kira me convidou para ir à lanchonete, eu aceitei tranquilamente, imaginei que fosse mais um dos nossos momentos, afinal, tínhamos nos tornado boas amigas. Não ter sexo desde que Cindy voltou era uma coisa difícil. Honestamente, eu tentei. Kira e quaisquer garotas que eu quisesse ter, eu teria. Mas, eu meus olhos insistia em ver os dela em todos os outros olhos.

Foi dessa forma que eu acompanhei meu nervosismo ficar além do normal. Nem as ondas dispersavam a tensão que crescia em mim, nada o faria. E eu sabia disso. Então, quando vi a Cindy novamente, ela cresceu. Mas, quando a vi com Steven, eu sorri. Recebi com boas vindas o ódio que estava em mim.

Finalmente.

─ Cindy? ─ chamo, enquanto caminho até ela, sorrindo de canto de lábios. Era um sorriso irônico. Funcionou, pelo olhar dele. ─ Coincidência nos encontrarmos exatamente aqui. Nós três, na verdade.

─ Fica fora, Gabriela!

─ Às vezes, eu me esqueço de que você sabe meu nome agora ─ digo, passando a mão pelo pescoço. ─ Só que aí eu me lembro de que você ia me matar e que eu provavelmente te devo algumas coisas.

─ Gabriela, estávamos conversando ─ diz, batendo o pé na calçada. Chata.

─ Parecia que ele estava tentando seduzir você, senhorita Simmons.

─ Se for você não tem nada a ver com isso, Gabriela. Não tem que se meter ─ diz, me fazendo revirar os olhos. ─ Vá logo, Gabriela, sua namorada está esperando. Não preciso da sua ajuda.

─ Olha, Cindy, o que eu tenho pra resolver com ele não tem nada a ver com você. Não sei como é no seu país, mas, aqui, nós Sahani's resolvemos nossos problemas. Da forma que for.

─ E o que você quer de mim, Estrela? ─ Steven pergunta com sua voz melodiosa.

─ Jogue seu charme barato pra cima de outra ─ digo, tento rir, mas, é impossível, a raiva entra em ebulição e eu a deixo livre, disferindo um soco direto no nariz de Steven. Fuck it!