Soneto II- Vicente de Carvalho

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Eu cantarei de amor tão fortemente
Com tal celeuma e com tamanhos brados
Que afinal teus ouvidos, dominados,
Hão de à força escutar quanto eu sustente.

Quero que meu amor se te apresente
__ Não andrajo e mendigando agrados,
Mas tal come é: __ risonho e sem cuidados,
Muito de altivo, um tanto de insolente.

Nem ele mais a desejar de atreve
Do que merece: eu te amo, e o meu desejo
Apenas cobra um bem que se deve.

Calmo, e não gemo; avanço e não rastejo;
Eu vou de olhos enxutos e alma leve
À gargalhada conquista do teu beijo.

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( "Velho tema", in " Poemas e Canções" , pág. 34 , São Paulo, 1954)
Classificado para estudo como Poesia Parnasiana.

Belos Poemas.  Coletânea Where stories live. Discover now