Meu pai - Luís Guimarães Jr

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A Minhas Irmãs

Cai a floresta, majestosa e triste,
Sob as foices do tempo; - os monumentos
Ruem do inverno aos pavorosos ventos:
Chegou a tua vez, meu Pai! caíste.

Mas como o odor que a natureza calma
Deixa no largo bosque desfolhado,
Dentro em meu peito, nu e amargurado,
Deixaste-me, ao partir, toda a tua alma!

Ah! nesta terra mortuária e crua,
Meu Pai! a vida é um fumo: esvai-se e some,
Só a memória como a luz flutua;

Poupe-me a morte que hoje te consome,
Dê-me o Senhor virtude igual à tua,
Que eu talvez seja digno do teu nome.

1875

Luís Guimarães Jr. In. SONETOS E RIMAS.

*
Um dos meus preferidos do escritor.
Imagem: Charles Spencelayh

Belos Poemas.  Coletânea Where stories live. Discover now