Os seios - Luís Delfino

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Nunca te vejo o peito arfar [de enleio,
Quando de amor ou de [prazer te ebrias,
Que não ouça lá dentro as [fugidias
Aves, baixo alternando [algum gorgeio.

Aves são, e são duas aves, [creio,
Que em ti mesma nasceram, [e em ti crias
Ao arrulhar de castas [melodias
No aroma quente e ebúrneo [do teu seio;

Têm de uns astros irmãos o [movimento,
Ou de dois lírios, que [balouça o vento,
O giro doce, o lânguido vai-[vem.

Oh! quem me dera ver no [próprio ninho
Se brancas são, como o mais [branco arminho,
Ou se asas, como as outras [pombas, têm..



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Imagem: Woman with a Parrot [detalhe],  1866, por Gustave Courbet.

Belos Poemas.  Coletânea Where stories live. Discover now