Gregório de Matos - Soneto

14 1 0
                                    

Ó tu do meu amor fiel [traslado
Mariposa, entre as chamas [consumida,
Pois se à força do ardor [perdes a vida,
A violência do fogo me há [prostrado.

Tu de amante o teu fim has [encontrado,
Essa flama girando [apetecida,
Eu girando uma penha [endurecida,
No fogo, que exalou, morro [abrasado

Ambos, de firmes, anelando [chamas
Tu a vida deixas, eu a morte [imploro,
Nas constâncias iguais, [iguais nas famas.

Mas, ai! que a diferença [entre nós choro;
Pois acabando tu ao fogo, [que amas,
Eu morro, sem chegar à Luz, [que adoro.


GREGORIO DE MAToS
(1633-1696)
Imagem: Józef Rapacki

Belos Poemas.  Coletânea Where stories live. Discover now