One

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Hinata

Foram apenas três palavras que mudaram tudo.

— Kageyama está namorando. — Noya-san soltou em conversa com Tanaka-san a poucos metros de mim.

Minha cabeça virou num instante e a bola que eu deveria defender acertou meu rosto.

— Hinata! Você está bem?— Asahi-san logo se preocupou.

— Estou bem. A culpa foi minha, não estava prestando atenção.— passei a mão no rosto e senti o líquido quente escorrendo.

— Hinata! Seu nariz está sangrando!— Sugawara-san correu até mim com uma toalha e os olhos cheios de medo.— Precisamos ir até a enfermaria!

— Eu estou bem, sério.— peguei a toalha de suas mãos e pressionei no local.— Não se preocupe, posso ir sozinho, continue treinando, vou para casa depois de qualquer jeito.

Saí da quadra com Tanaka gritando algo sobre como eu sou idiota e meus pensamentos fervilhando em confusão.

Hoje havia decidido praticar recepções com ajuda de Asahi-san já que Daichi-san estava ocupado com os assuntos do clube e decretou que o treino estava suspenso, não que isso impedisse nossas atividades, encontrei Sugawara-san abrindo o salão para pegar algo que havia esquecido então o convenci a me deixar praticar por dez minutos, que logo viraram trinta quando Tanaka apareceu nos acusando de traição e uma hora quando Noya — machucado por um pequeno acidente com a minha bicicleta um dia antes, por isso proibido de exercer seu papel de líbero por no mínimo uma semana, é uma longa história, basta saber que seu craque favorito o vinha vigiando desde então — veio arrastando Asahi junto.

Não vejo Kageyama desde ontem. Geralmente comemos juntos na hora do intervalo, foi um acordo silencioso que fizemos quando ele estava me ajudando a estudar para os exames, não que isso fosse uma obrigação ou qualquer coisa do tipo, só aconteceu de um dia em uma de nossas muitas discussões ele gritar que eu seria inútil para ele se continuasse a não me importar com notas e então fosse afastado do time por ser imbecil demais para passar em qualquer matéria. Gritei de volta que se ele procurava alguém inteligente, que pedisse para algum nerd do clube de xadrez jogar vôlei. Sem sentido, eu sei.

Depois disso lhe atirei a coisa mais próxima, meu obentô, e corri para o terraço. Me arrependi disso logo depois, afinal agora ficaria com fome. Kageyama apareceu algum tempo depois, naquela hora pensei que ele assinaria minha sentença de morte, mas a muito contragosto ele me pediu desculpas, me ofereceu comida e se dispôs a me ajudar. Claro que eu desconfiei disso, disse que não precisava de ajuda, mas ele só replicou com algo como "não é uma escolha sua". A gota d'água foi quando recusei a comida dizendo que estava envenenada, o moreno me fez engolir cada pedaço até não sobrar nada com um olhar assassino no rosto. Quando terminei, me avisou para estar naquele mesmo lugar no outro dia na mesma hora e munido de livros.

A partir daí começou uma rotina, cheia de discussões, insultos e brigas que geralmente terminava com os dois na enfermaria e que continuou até depois dos exames. Dois meses se passaram e eu estava mais próximo de Kageyama do nunca, o via todos os dias e até mesmo visitava sua casa em fins de semana para estudar ou treinar. Minhas notas subiram e nossa amizade cresceu, as brigas ainda eram recorrentes, várias vezes paramos de falar um com outro por dias, ainda assim nenhum de nós abria mão de ficar no terraço, ficavamos em silêncio comendo nossa comida e trocando olhares zangados. No fim um de nós sempre resmungava algo que irritava o outro e voltavamos a conversar.

As coisas com Kageyama sempre foram tempestuosas, mas para ser sincero eu o considerava meu melhor amigo, quando estávamos sozinhos falávamos sobre coisas fúteis e importantes, coisas que não contavamos para mais ninguém. Então sim, foi um choque para mim saber que ele estava namorando e não fez nenhuma menção de me contar.

Sensei (KageHina)Where stories live. Discover now