Sissa e Tissy conversam com Aline

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(Sissa)
Fomos para a cozinha e Aline sentou-se com a mão no queixo e o olhar distante.

- O que está acontecendo com você, minha menina? - Minha mãe sentou-se a sua frente e passou Pedro pra ela. - Você não me parece feliz para uma recém-casada.

- Eu estou feliz! - Mamãe encarou Aline com incredulidade. - É sério, eu estou... Mas...

- Sempre tem um mas...

- Jorge está diferente! Eu não sei... Desde que o Pedro nasceu, parece que Jorge e eu não falamos mais a mesma língua. Tudo o que eu falo, causa incomodo no Jorge, ele não me elogia mais, me provoca por qualquer coisa... Ah, eu não sei... Hoje mesmo enquanto estávamos vindo, ele estava acima do limite de velocidade, eu reclamei, ele bufou e acelerou... Eu não sei o que está acontecendo com o meu casamento.

- E a intimidade de vocês.

- Bem! Nós estamos bem nesse quesito, mas ultimamente parece que a gente só se entende quando transa. Sabe, pequenas coisas que o Jorge faz me irrita.

- Casamento é assim, minha filha! As vezes nós queremos ver o outro pelas costas, queremos que ele suma por um tempo pra botar a nossa cabeça no lugar. Mas, a gente tem que aprender a viver com as diferenças, a tolerar e aceitar os outros com seus defeitos e qualidades. Só amor não basta, filha!

Aline suspirou e eu me sentei ao seu lado

- Eu não sei o que fazer! - Aline confessou. - Parece que a gente não fala mais a mesma língua.

- Converse com o seu marido, filha! Procure saber quais queixas ele tem contra você, faça as suas queixas a ele e veja no que vocês podem melhorar.

- Eu vou fazer isso! - Ela afirmou animada e colocou Pedro no peito pra mamar.

(Jorge)

Enquanto segurava a cerveja numa mão, Osvaldo e Bruno acendiam o carvão para por a carne para queimar, os dois pareciam atrapalhados, mas no fim acabaram se entendendo.

Bruno se colocou ao meu lado enquanto Osvaldo tomou a frente para por a brasa para queimar, tocamos nossas garrafinhas Long Neck e demos um generoso gole.

- O que está acontecendo com a Aline? - Bruno me perguntou tranquilo.

- Eu não sei... - Cocei a nuca e respirei dramático. - Reclama de tudo, nada parece estar bom, joga as coisas... Me tacou uma colher por que brigou com a Tissy... Ah cara... Não sei mais o que fazer... Se ando devagar, é por que estou devagar demais, se acelero pra andar, é por que acelerei demais e estou correndo... - Ah dias está com aquela cara de bunda pra mim e eu nem sei o que fiz de errado.

- Como tá a vida sexual de vocês? - Bruno erguei uma das sobrancelhas.

- Uma merda! - Disse com todas as letras. - Tudo tem que ser rápido e quando o Pedro resolve acordar, ela sai correndo... - Apontei para a entrada da sala. - Mas até aí... Beleza... Nenhum de nós dois esperava que um bebê surgiria assim tão drasticamente em nossas vidas...

- Cara... Isso é complicado... Mas acho que deveria ter mais paciência e tentar conversar.

- Bruno... É o que eu mais tenho feito... - O Olhei em suplica. - Eu saio do centro da cidade para ir em casa almoçar, por que não me atende o celular... E quando eu chego, sou recebido com colheradas de brigadeiro de panelas voadoras.

- Olha Jorge... Pega a Aline e vai passar um fim de semana no litoral com o Pedro... Vai fazer bem a vocês.

- Não dá! - O encarei torcendo a boca. - O Pedro está com uma reação alérgica... Bronco alguma coisa... não dá pra sair com ele agora, muito pequenininho ainda.

- Então o certo é aturar e tentar levar a relação de vocês numa boa.

- É... eu sei.

Nos calamos, logo Osvaldo se juntou a nós e fez um monte de perguntas para Bruno sobre o que fazia, onde trabalhava se era formado, Bruno respondeu com calma e entusiasmo, mas não revelou nada dos planos no momento, creio que faria isso mais para frente quando tudo estivesse explicado.

O churrasco foi bem animado, Aline melhorou o seu humor, Pedro tinha vários colos para nos deixar um pouco mais a vontade e sem stress, até fraldas as mulheres da casa quiseram trocar do pequeno, ate que chegou o entardecer e Bruno se levantou do sofá estendendo a mão para Ticiane.

- Sr. Osvaldo e Sra. Sissa... Eu e Ticiane nos amamos muito e... - Eles se olharam todos bobos, eu e Aline nos olhamos, parecia ver a gente naquele sofá da casa da praia, e Bruno continuou, se ajoelhando a frente de Ticiane, tirando a pequena caixinha de veludo azul claro. - Ticiane... Eu te amo e quero passar o resto da minha vida com você... Quer se casar comigo?

Os pais de Tissy abriram a boca num grande "O" e Ticiane sorriu. Aline buscou a minha mão e sorriu também, emocionada pelo momento.

- É claro que eu aceito, meu amor!

- Ei! - Seu Osvaldo quebrou o encanto daquele momento. - Vocês não acham que isso está indo rápido demais?

- Não senhor... Eu e a Ticiane já estamos morando juntos... E só faltava o pedido e queria fazer com a família reunida. - Bruno olhou para Ticiane. - E queria estar com quem é importante na vida da minha princesa.

Papai revirou os olhos e eu me perguntava se ele ia querer criar impedimento agora.

-Ticiane você está grávida? -meu pai perguntou bravo.

-Claro que não,pai!- eu ri

-E por que tanta pressa?

-Oras,Osvaldo! Pare de ser mala! A menina tem o direito de ser feliz e seguir em frente. Você não acha que a sua filha já se resguardou tempo demais?

-Tudo bem!- papai puxou nós dois pra um abraço e nos apertou- Bem vindo a família, Bruno!

- Obrigado Sogro... - Bruno estapeou as costas do meu pai. - Só tem mais uma coisa... - Bruno coçou a cabeça fazendo careta.

-O que é dessa vez?- papai o encarou desconfiando

- Dentro de um Mês eu e Tissy vamos nos casar oficialmente, mas só no civil, por que a gente não tem muito tempo. - Bruno me olhou dando de ombros.

- Como assim, "Não tem muito tempo" ? -Meu pai parecia cada vez mais intrigado.

- É... Que acabei de receber um comunicado que dentro de dois meses tomo meu posto de gerente de engenharia de telecomunicações da Google na Califórnia.

- CALIFÓRNIA! - Dessa vez foi minha mãe que se alterou- Vocês vão embora? Por isso querem casar tão depressa. E o seu emprego, Ticiane? - minha mãe quase atropelava as palavras.

- Gente, calma! É uma oportunidade que o Bruno não pode perder.

- Isso... E eu e Ticiane já conversamos sobre isso... tinha recusado justamente por causa dela... Mas desta vez, minha princesa me encorajou... e acabei de receber a confirmação... Para Ticiane ir, precisamos estar casados e a documentação enviada para ela permanecer comigo.

- Eu vou perder a minha princesinha. -papai disse mal-humorado e me abraçando pelo ombro- É mesmo isso o que você quer, filha?

- Sim, meu pai! - Eu respondi com um sorriso.

- Então que vocês sejam felizes, meu amor! - minha mãe se juntou ao nosso abraço e beijou minha testa. - Mas, não vai ser fácil assim se livrar da gente- minha mãe puxou Bruno para se unir a nós. - Vamos visitar vocês lá na Califórnia.

- Isso! - meu pai concordou feliz.

- Será um grande prazer e nada de sair correndo de nossa casa!

- Você vai enjoar da gente! -papai completou.

Todos nós rimos.

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