ANA

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Mais um dia que termina ... Sinto-me cansada mas realizada.

Que falta de educação da minha parte, nem eu apresentei. Chamo-me Ana Catarina Valente, tenho 27 anos e terminei á 3 anos o meu mestrado de linguas. Podia dizer que tenho sorte, comecei logo numa editora como tradutora, mas não. Nasci numa familia de poucas posses e muita pouca sorte, os meus pais morreram quando eu tinha 5 anos e eu, fui para uma casa de acolhimento. Fui educada pelas funcionárias e pelos voluntários, sem ter ou ser nada. Era muito  fechada e as outras crianças faziam o que queriam comigo, tanto na casa como na escola, nunca tive amigos e sempre que podia refugiava-me na biblioteca da escola. Aqui aprendi a amar os livros, o cheiro dos livros, conheci o mundo atraves da escrita, vivi pelos olhos dos escritores. Aprendi como linguas obrigatórias da escola, inglês e francês, e no computador de escola aprendi alemão, espanhol e italiano. Quando terminei o ensino secundário (no quadro de honra) como melhores notas da escola, recebi uma bolsa de estudos e fiz linguas. Arranjei um emprego e aluguei um quarto. Consegui em 3 meses, um pequeno anexo, então com um quarto, kitchnet e casa de banho, e ainda aqui vivo. Apesar de receber bem e poder ter uma casa maior, não podia abandonar a D. Rita, a minha senhoria, ela é como uma mãe, é viuva e não tem filhos. Adoro os bolinhos de azeite que ela faz para nós, como suas historias da guerra colonial ... 

Depois de uma bela noite se sono acordo como 06:30 e como sempre, depois da minha higiene e do meu pequeno almoço vou para o Metro e sigo para o escritório. Ao chegar as 07:45 (adoro chegar cedo), recomeço no meu trabalho. Amo traduzir livros, principalmente porque eu sou uma das primeiras a ler novas publicações. Se me perguntarem qual o livro que mais amei traduzir e dizer que é uma trilogia. Não so pela historia como por complexidade do texto, Estes livros fazem-me a imaginação trabalhar como nunca. E. L. James, uma Dona de Casa com Filhos que escreve uma trilogia de livros eróticos, sobre um CEO sádico que conhece e se apaixona por uma mulher que quer como sua submissa. Até mim identifico com eles, ele por ser orfão e ela por ser virgem, tal como eu.

Ás 08:30 recebo uma chamada interna para o escritório do meu chefe.

O que será para o SR. Fonseca me quer a uma sexta feira, a esta hora da manhã. Espero que não haja problemas. Ouvi falar em reestruturação da empresa, que iria haver despedimentos e eu sou das mais novas na empresa. A minha cabeça já começa a fazer uma cena sobre o que ele quer falar comigo. Ao chegar na sua porta bato e aguardo a ordem para entrar.

- Posso SR. Fonseca?

- Entre Ana, e sente-se

- Pois não senhor, quer falar comigo?

- Sim Ana. Então, como está hoje? Algum trabalho pendente?

- Bem senhor, e o senhor? Terminei agora uma tradução do livro que estava comigo, ia agora enviar para edição para poder ser publicado.

- Ainda bem. Deve estar curiosa de porquê a chamei aqui por este não é empatar mais. Esta nossa conversa não pode sair deste gabinete. Como sabe estamos em reestruturação. A nossa editora foi adquirida por um grupo internacional sediado em Helsinquia, pertencente ao senhor Markus Lehto. Nós temos de enviar um nossos membros  em representação da nossa editora. Sera como um diretor que fará uma ponte entre a sede e filial, e eu gostaria de propor o seu nome para o cargo.

Agora estou chocada. Eu? Noutro pais a representar a editora? Mas eu sou só uma tradutora ...

-Eu sei o que está a pensar, mas eu acredito que a Ana é das pessoas aqui mais capazes de exercer essa função. Para além do enorme profissionalismo, de ser muito responsável é também uma pessoa que tem garra e é muito centrada no seu trabalho e nas suas responsabilidades. Este cargo é por 1 ano e pode ser estendido por mais tempo, terá um apartamento da empresa ao seu dispor por esse ano, para além de seu ordenado será muito superior. Acho que não arranjarei ninguém com melhores aptidões do que a Ana para este cargo, o que me diz? 

-Senhor Fonseca, estou muito surpreendida ... Eu sou apenas uma tradutora, com certeza haverá outras pessoas que tambem estarão capacitadas para o cargo. Eu sequer sai alguma vez de Portugal.

-Quero que pense Ana. Fale com a sua familia, e me dê uma resposta segunda. Está dispensada hoje do trabalho para poder pensar bem e falar com seus próprios conhecimentos sobre o assunto. Desejo-lhe um bom fim de semana. 

E assim ele me dispensou do escritório. Não me deixa falar mais nada. E aqui vou eu, a caminho de casa para pensar. 

Paixão em HelsinquiaOnde histórias criam vida. Descubra agora