103 como assim???

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Povs Camila

Fomos à delegacia, que estava pouco movimentada, e conversamos com o delegado. A Senhora Rosário não havia conseguido fazer um retrato falado da última pessoa em contato com a filha, por isso o caso havia sido arquivado. Depois de mostrarmos ao delegado a foto, ele disse ter reaberto as investigações, mas como era uma cidade do interior, teríamos que entender as limitações.

Sabia que iria ser difícil, mas não queria pensar em desistir... Não tinha viajado sei lá quantos quilômetros para nada!

Deixamos a senhora Rosário e o netinho, que estava radiante pelo passeio de carro, em casa com a promessa de que faríamos tudo para tentar encontrar a filha dela.

Ficamos perambulando pela cidade, olhando a redondeza, tomamos sorvete e finalmente senti que o clima entre nós havia voltado ao normal. Chegando ao hotel Lauren foi para meu quarto, para tentarmos ligar os pontos. Mas, na verdade, minhas intenções não era puramente ligar pontos. Queria ficar com ela mais um pouco, queria mais da companhia dela... Queria sentir o calor do olhar dela.

Laur - O que você acha que ele faz com as mulheres? – perguntou com um olhar preocupado, se sentando na cama.

Camz - Acho que ele as mata e enterra no quintal! – tentei fazer uma cara de psicopata, mas só consegui arrancar uma gargalhada de Lauren.

L - Estou falando sério, camz!

Camz - Não sei, laur... Tenho uma idéia do que pode ser, mas não tenho certeza. Acho que ele pode estar envolvido com algo do tipo tráfico ou imigração ilegal... Imagino que seja mais a segunda opção por causa das planilhas!

Laur - …, pode ser!!! Mas sei lá... Ele não ofereceria fama para elas se fosse imigração...

Camz - Ah, não sei... Acho que sim... Prometera fama em Hollywood, Limousines, homens lindos, sexo sem compromisso... – pisquei e sorri, me sentando na cabeceira da cama, virada para ela. anahí sorriu balançando a cabeça.

L - Como você está engraçadinha hoje, hein?

Camz - … porque você está sorrindo para mim... – quando percebi as palavras já haviam saído dos meus lábios. Não havia como negar, era o que eu queria dizer, mas não era o que eu deveria dizer.

Instantaneamente corei, mas mantive meus olhos fixos nos de lauren, que não desviaram por nenhum segundo, e tinham aquele brilho que eu aprendi a reconhecer.. Era o mesmo desejo que estava nos meus.

Laur - Bom, o dia foi cheio... Vou tomar um banho e dormir! Amanhã saímos que horas? – disse se levantando e caminhando em direção a porta.

“Como assim??? Ela praticamente me ignorou...” pensei desanimada e sem entender nada. “Mas... Affe... tudo bem que não era exatamente para eu ter dito aquilo, mas também não era pra ela agir assim, com essa indiferença.”

Girou a maçaneta abrindo a porta. Ficou parada me olhando, esperando a resposta para pergunta que eu ainda não tinha tido coragem de responder. Ela não havia me dado boa noite e ainda estava indo assim...

Respirei, balancei a cabeça lentamente, como quem processa as informações.

C - Às dez... … um bom horário pra ti?

L - Sim, sim! … sim! Então até amanhã. Boa noite.

Fechou a porta, me deixando com uma cara de boba e sem entender nada.

“Gente... nem boa noite direito ela me deu! O que eu fiz dessa vez?” Pensei enquanto me livrava das roupas e ia para o banho.

Não consegui dormir durante toda a noite pensando em uma pilha de coisas... Mas não tinha nada a ver com Ricardo ou com essa investigação... Estava pensando em Lauren.

Rolei toda a noite na cama, fritando pensamentos, levantando para beber água, ir ao banheiro, andar pelo quarto... Não havia televisão, o que dificultava ainda mais a minha libertação dos pensamentos e a minha entrega a terra dos sonhos.

Ouvia passos no corredor e meu coração ansiava para que fossem de Lauren... Mas não eram. E assim foi minha noite.

Às dez da manhã já estava de banho tomado, malas ajeitadas, papelada recolhida e quarto devidamente trancado. Olhei para porta ao lado... Completo silêncio. Bati, esmurrei e nada. “Será que ela ainda está dormindo? Mas ela nem tem sono pesado assim! Será que aconteceu alguma coisa?”

Resolvi descer. Pediria a mulher da recepção para ligar pra o quarto dela e tentar acordá-la. Depois, se não atendesse, eu iniciaria o processo de desespero e preocupação.

Chegando na entrada, encontrei Lauren sentada na poltrona, sorrindo largamente. Minha primeira reação foi soltar um suspiro de alivio. A segunda ficar irritada por ela estar tão feliz e eu não... E a terceira foi babar diante daquele sorriso que me fazia esquecer tudo.

Laur - Bom dia, dorminhoca! – Sorriu, beijando o canto da minha boca, novamente. Fazendo com que minhas pernas amolecessem e minha cabeça girasse.

“Que guria louca! Primeiro ela mal se despede, agora ela quase me beija? Ou será que eu que estou louca e querendo demais? Seja como for...” Colocamos as coisas no carro e fomos para Salinas.

C - Salina é a cidade da que fazem a cachaça?

Camz. - Acho que sim... Não costumo beber cachaça... – disse prestando atenção na estrada. Como não tinha dormido, meus olhos pareciam cheios de areia.

Laur - Ah, fala sério! Você já deve ter bebido alguma vez na vida... Com sal e limão! Todo mundo já.

Camz - Não, Lauren. Eu nunca bebi. Não gosto de coisas amargas ou que queimem minha garganta. – Respondi seca. Nem eu mesma sabia o porquê daquela rispidez toda. Não sabia se era pelo modo dela se despedir na noite passada ou se pelo modo como ela me cumprimentou pela manha... Ou se era por ter passado minha noite inteira revirando na cama, pensando nela.

Camz - Ihhh... Alguém está irritada... Não dormiu, é? – Sua voz parecia divertida. “Está se divertindo as minhas custas, é?” Lancei-lhe um olhar fuzilador e ela voltou o seu para estrada. – Quanto tempo daqui lá?

C - Três horas.

Meus olhos estavam realmente pesados. Estava lacrimejando muito e bocejando. Laur percebeu.

L - Ei, encosta...

C - Por quê? Precisa ir ao banheiro? No próximo posto eu encosto.

Laur - Não, Milla ... Você está morrendo de sono! Não posso deixar você dirigir assim. Encosta e me deixa dirigir. – Eu ia protestar, dizer que estava tudo bem, mas ela ergueu as sobrancelhas daquele jeito dominador e sério que me fez desistir de argumentar.

Parei no acostamento e trocamos de lugar. Liguei o som do carro baixinho e me ajeitei no banco. Rapidamente adormeci.

•Cᴀᴍʀᴇɴ• √ ᗩᗰOᑎᘜ ᑕᕼᗩᑎᑕᗴ Onde histórias criam vida. Descubra agora