06. canadense que não é o Justin Bieber e remediando tristeza com brigadeiro

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Aperto mais o travesseiro contra meu corpo sentindo cada entranha doer. Aquela dorzinha quando você dorme mais que o necessário junto com a raiva de ter se calado e, automaticamente, perdido um dos pontos mais altos do ano.

Eduardo tinha feito questão de perguntar mais uma vez e como minha boquinha ficou fechada ele simplesmente ordenou que eu fosse para o quarto. Meus pés são mais obedientes que meus lábios então eu me tranquei no cômodo desde cedo. Marta bateu na porta algumas vezes, mas eu disse que queria dormir e ela respeitou.

Eu adoro a forma como essa mulher respeita meu espaço. Ela poderia simplesmente ter pego alguma das suas chaves, aberto o quarto e me obrigado a encarar meus problemas e, principalmente, meu pai, mas ela preferiu permitir que eu tivesse meu tempo.

Não sabia que horas eram, mas já era noite e podia notar isso pela enorme janela que refletia um céu limpo e pelo quarto que estava escuro. Isso significa que eu perdi o almoço, lanche e provavelmente jantar. Parte me lamentando e parte dormindo para esquecer, nada que não fosse humanamente impossível. 

Antes que eu pegue meu celular jogado em um canto qualquer da cama o aparelho notifica mensagem.

"Você podia abrir seu Instagram pra mim?"

Clico no ícone da rede social indo até as solicitações, tinham várias, difícil saber quem poderia ser...mas o mais recente me chamou atenção.

"Nem vem, Shawn!"

"Não é o Shawn."

"Me mandando mensagens em inglês logo após solicitar pra me seguir no Instagram. Só pode ser o Justin Bieber."

Adicionando o fato de que o número não era no formato de nove dígitos típicos do Brasil.

"Os dois são canadenses né..."

"Alguém andou jogando meu nome no google "

"..."

Eu não ia mentir. Tinha pesquisado mesmo. Confirmei seu sobrenome depois do que Lucas falou e ainda acabei no youtube ouvindo algumas músicas.

"Salva meu contato"

"Quero saber como você conseguiu meu número. "

Uma confirmação pisca em minha tela, o número foi salvo como "Canadense".

"Você deixou seu celular no balcão hoje cedo, dei um toque pro meu e salvei."

Certamente, de bobo ele só tinha a cara.

"Que audácia."

"Abre a porta aqui."

"Na boa."

"Não."

"Tô chateada com a vida, vou prolongar minha estadia neste local escuro e apertado o quanto eu puder. "

O que era em partes verdades, tirando o fato de que o quarto era amplo e claro.

"Dramática você é viu..."

"Você não ia ensaiar pra amanhã não era?!"

Lembro que é exatamente a noite que ele faria um barulhinho básico na enorme sala de música do hotel.

"Trouxe comida, vai esfriar se você demorar muito."

Sorrio balançando a cabeça negativamente e corro até a porta dando de cara com Shawn sentado no corredor ao lado de um carrinho que, provavelmente, tinha meu jantar.

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