Capítulo 2 - A carta

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(...) Diz que quer ser cristão e não comer carne humana, nem ter mais de uma mulher e outras coisas: somente que há de ir à guerra e os que cativar vendê-los e servir-se deles, porque estes desta terra sempre tem guerra com outros e assim andam todos em discórdia. Comem-se uns aos outros, digo os contrários. É gente que nenhum conhecimento tem de Deus, nem ídolos, fazem tudo quanto lhe dizem (...)

Nas dependências do Colégio dos Meninos de Jesus, Padre Manuel da Nóbrega redigia com decoro e sem jocosidade mais uma carta ao El Rei Dom João III. Ao final da redação, entregou o pergaminho para um dos irmãos que embarcaria na caravela de Mem de Sá. Naquele dia, o padre Nóbrega também se preparava para mais uma viagem. Há quatro meses, um membro da Companhia tinha apaziguado uma aldeia de tupinambás ao sul e precisava averiguar se estava tudo em ordem, de acordo com as Constituições. Sua expedição o aguardava para atravessar a mata.

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