Capítulo 9 - A cruz é muito pesada

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Ela pode estar embaixo da queda d'água. O homem esfrega os olhos com as mãos e depois os fixam na outra extremidade do lago, onde colide uma grande quantidade de água. Parece haver ali uma sombra, uma silhueta confundida com a cachoeira. Ele só poderá tirar a dúvida caindo no lago e nadando até lá.
O desejo dele em nenhum momento diminui. A busca pela mulher só fizera seu sangue esquentar ainda mais, porque sabe que ela está por perto e o chama. O som da corredeira do outro lado começa a formar uma sinfonia junto com as batidas aceleradas de dentro dele.
Não há mais o que procurar com os olhos. Ele avança sobre a água, que mede na altura de sua cintura. Continua dando passos submersos em direção à queda. Sabe que ela está ali, recebendo em sua cabeça a água que escorre das pedras mais altas. O volume do canto aumenta. Ele tenta dar passos mais largos e rápidos, mas a sensação é a de que não está se aproximando do destino. Usa as mãos para afastar a água, que fica cada vez mais funda. Sente em sua virilha a pressão e o toque das criaturas ribeirinhas, como se estivesse recebendo uma massagem das sereias.
Será que ele está sendo afastado pela correnteza ou está muito lento? Não há correnteza. Continua.

Corpos MísticosWhere stories live. Discover now