Ela pode estar embaixo da queda d'água. O homem esfrega os olhos com as mãos e depois os fixam na outra extremidade do lago, onde colide uma grande quantidade de água. Parece haver ali uma sombra, uma silhueta confundida com a cachoeira. Ele só poderá tirar a dúvida caindo no lago e nadando até lá.
O desejo dele em nenhum momento diminui. A busca pela mulher só fizera seu sangue esquentar ainda mais, porque sabe que ela está por perto e o chama. O som da corredeira do outro lado começa a formar uma sinfonia junto com as batidas aceleradas de dentro dele.
Não há mais o que procurar com os olhos. Ele avança sobre a água, que mede na altura de sua cintura. Continua dando passos submersos em direção à queda. Sabe que ela está ali, recebendo em sua cabeça a água que escorre das pedras mais altas. O volume do canto aumenta. Ele tenta dar passos mais largos e rápidos, mas a sensação é a de que não está se aproximando do destino. Usa as mãos para afastar a água, que fica cada vez mais funda. Sente em sua virilha a pressão e o toque das criaturas ribeirinhas, como se estivesse recebendo uma massagem das sereias.
Será que ele está sendo afastado pela correnteza ou está muito lento? Não há correnteza. Continua.
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Corpos Místicos
Historical FictionNo ano de 1553, uma aldeia indígena ocupada por missionários jesuítas é atacada por mortos-vivos. Padre Manuel da Nóbrega e seu mais novo companheiro de missão, padre José de Anchieta, seguem numa expedição para o campo de Piratininga. No meio do ca...