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Oi!

Como vai você?

Eu não sei o seu nome, nem de onde vem, o que anda fazendo, nem como você veio parar aqui. Mas, já que caiu de paraquedas e veio me presentear com sua visita, irei te contar uma história.

Ora, que falta de educação a minha! Chamo-me tempo.

Sim, isso mesmo: Tempo.

Ao decorrer da minha existência já escutei muitas coisas ao meu respeito. Dizem que sou o rei de tudo e que curo e saro as feridas. Uns não gostam de mim, outros acreditam fielmente que eu irei resolver todos os problemas do mundo. Mas aqui, nessa história, irei por em palavras o que 'eu' fiz de mais bonito.

Nessa vida já conheci muitas pessoas. Seja de etnias diferentes, de raças diferentes, mas nenhuma delas possuía almas tão intensas quanto às de duas pessoas que irei apresentar á vocês aqui.

E, antes de começar, só para não perder o costume...

Quanto tempo o tempo tem?

Dois de julho de dois mil e vinte e três

"Cadê a coisinha mais linda de dinda?" Ana Clara escuta sua melhor amiga desde que se entende por gente dizer. Solta um riso de canto de boca e afaga os ombros de Estrela, encorajando a pequena a ir até sua madrinha. Com dificuldade, a menina se aproxima de Bárbara, que agora era só amores e sorrisos para com a afilhada.

"Quem é essa estranha que tu trouxe contigo?" Bárbara brinca perguntando á Estrela sobre Ana que permanecia calada enquanto a pequena brincava com as mexas do cabelo da madrinha. A mulher passou a garotinha para o outro lado e puxou a melhor amiga pelas mãos, fazendo-a abraçar.

"Estava com saudade, Aninha." Diz, "de tu e dessa princesa."

Ana sorri.

"Eu também, Bá. Não é atoa que antes de ir pra casa da minha mãe eu vim falar contigo." Explica e Bárbara assente. "Vamos entrar? Precisamos conversar."

Logo ambas já estavam dentro da casa de Bárbara. Ana olhava sorrindo para sua filha que brincava com alguns legos enquanto Bárbara fazia chá para as duas.

Ana Clara Caetano Costa Dantas era uma mulher de vinte e nove anos. Sua filha, Estrela Caetano Dantas, era fruto de seu casamento com Mike Tulio. Os mesmos estavam casados há três anos e já namoravam há seis. Ana e Mike haviam se conhecido em um torneio da atlética da faculdade e desde então havia se tornado carne e unha. Mas, com a chegada de Estrela, as coisas pareciam ter congelado um pouco entre o casal.

"Cadê o Maicon?" Bárbara diz com desdém.

A melhor amiga da morena nunca havia engolido o garoto. Sempre custou a dizer que o achava sonso e sem graça, mas Ana sempre jugou ser apenas implicância – implicância essa que já duravam seis anos e alguns quebrados.

"Em São Paulo." Diz, dando de ombros. Bárbara pareceu estranhar o comportamento indiferente da amiga, pois a fitou atentamente.

"Ele não era o seu príncipe?" indaga frisando o tom de deboche, "o que aconteceu com aquele conto de fadas todo?"

"Eu e Mike estamos nos divorciando, Bá."

Silêncio.

Apesar de tudo, Bárbara sabia que Ana Clara o amava. Não como o amor da vida da morena, mas um amor que fora cultivado ao longo dos anos.

"Por quê?"

"Não está dando certo." Diz, "desde o nascimento da Estrela, parece que todos os esforços que fazemos – ou melhor, que eu faço, em prol do nosso casamento, não é valido."

Quanto Tempo o Tempo Tem?Where stories live. Discover now