Eu, com ela. Eu, com ele.

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Jaqueline aos vinte e seis anos chegou em minha vida quando completei dezoito. Ela era mais madura e despudorada, ensinou-me a ter mais atenção com os detalhes do sexo feminino e o sexo oral naquela mulher era diferente, pois eu podia provar sem pressa com a ponta da língua, a umidade, as elevações e reentrâncias de sua buceta. Por mim, perderia muito mais tempo olhando o interior dos lábios escuros, quando ela tinha seu orgasmo aos gemidos baixos, o clitóris apontando endurecido e seu orifício contraindo, piscando, até que seu corpo se acalmasse e os últimos arrepios percorressem a pele negra. O corpo inteiro se recuperava do êxtase e nesse momento, ela se tornava dócil e carente. 

Perdia-me na boca carnuda, nos olhos escuros, na voz dela e me apaixonei. Ela não.

O que eu era além de um garoto bonitinho de olhos castanhos claros? Para ela, apenas o garoto bonitinho de olhos castanhos claros, um pervertido, um moleque...  era um menino sedento daquilo que uma mulher poderia me dar. Eu tinha dezoito e ela aos vinte e seis, dissera-me que eu era muito novo para uma relação. Dispensou-me.

Que raiva, que ódio... que vontade de obrigar aquela fêmea a reconsiderar, ou fazê-la engolir suas palavras. Eu não entendia o que havia de tão errado comigo e nem me sentia tão menino. Queria que ela me permitisse comandar o sexo como eu bem entendesse. Ou melhor, queria ter plenos poderes sobre ela. Não lhe implorei e ela não me viu sofrer. Eu não queria ser assim, talvez.

Amargas sempre foram as sensações quando o NÃO era dito. Não poderia obrigar, mas podia acumular isso no meu subconsciente. 

Porque eu era assim? 

Culpa do passado? 

Eu ainda transito mentalmente por lá. Transito no quarto dos meus pais onde descobri revistas eróticas. Transito na fase onde comecei a sentir nojo do cheiro da minha pele. Minha mãe dava-me tantos banhos quanto fossem necessários para que eu ficasse limpo e apresentável. Transito pela fase do piolho, quando a mãe batia boca com as professoras, dizendo que as mães dos outros coleguinhas eram porcas e desatenciosas. Transito pela fase onde eu só dormia depois de me masturbar e para isso, precisava me certificar que o meu irmão estivesse dormindo. Transito lá pelos seis anos, onde provavelmente iniciou minha ira perante a frustração de ser contrariado. Eu sempre fui rancoroso. Até meus objetos pessoais causavam-me raiva quando não obedeciam o padrão de organização simétrico que eu ditava. Eu culpava dona L. por eu ser assim. Eu nunca venci isso. Somos compostos por tantas coisas...

Um dia essa conexão com o passado me faria surtar. 

Ainda não sabia que ele poderia ser uma importante fonte de cura para muitos dos meus pesadelos. 

Pior sempre foram os pesadelos diurnos, embora só hoje eu entenda que estar acordado e vivenciando um pesadelo é muito pior. Eu precisava interagir com o ser humano, mas eu odiava essa necessidade. Junto com essa necessidade, estava o compartilhar. Nunca aceitei bem isso.

Se Jaqueline foi a primeira mulher de minha vida, Jackson foi o primeiro macho. Foi em tom de brincadeira que ele me sugeriu. Confesso que senti vontade de dar um soco nele. Tudo o que ouvi foi outro gracejo com minha aparência e jeito ou trejeitos, leia-se como ficar melhor.

Eu sempre tive modos suaves. Era o cara delicado, isso dito no tom mais desdenhoso que pudessem. Sempre houve aquelas brincadeiras por parte de colegas, mas nunca houve de minha parte, a vontade de perder meu tempo para esclarecer o que eu era ou não de fato. 

Jackson foi alguém a quem já direcionei todos os meus pensamentos mais repletos de raiva. Ele fora meu colega desde o pré-escolar, embora já tenhamos estudado em turmas separadas da mesma série em turnos diferentes. Por último, eu fui para um colégio diferente afim de cursar o segundo grau técnico enquanto ele, eu não fazia a menor ideia. 

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